Os candidatos que disputam a prefeitura de Fortaleza neste segundo turno das eleições municipais, André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT), enfrentaram-se nesta sexta-feira (25) no debate realizado pela Rede Globo e transmitido pela emissora afiliada no Ceará, a TV Verdes Mares. No último embate direto antes da votação, a polarização nacional entre o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi usada pelos candidatos numa tentativa de descredibilizar o oponente.
Enquanto Leitão apelou para a alta rejeição de Bolsonaro no estado cearense, Fernandes buscou se descolar do ex-presidente e usar o antipetismo para conquistar os indecisos. Durante todo o debate entre os candidatos a prefeito de Fortaleza, Leitão chamou Fernandes de “01 do Bolsonaro”, destacando diversas vezes ao eleitor que o adversário é apoiador do ex-presidente e relembrando falas anteriores dele.
O candidato do PL, por sua vez, rebateu a pecha e disse que o petista é o representante do “sistema”, por ser apoiado pelo atual governador Elmano de Freitas (PT) e pelo presidente da República. “Não sou 01 do Bolsonaro, sou o 01 do povo de Fortaleza. Foi assim no primeiro turno e será assim também no segundo turno. Já ele é o 02 do primeiro turno, e o 02 do Lula, do [ministro da Educação] Camilo Santana, do Elmano, do [ex-senador] Eunício Oliveira da Lava Jato e do [deputado federal José] Guimarães, do dinheiro na cueca”, disparou Fernandes.
Em resposta, Leitão afirmou que o presidente nacional do PL é Valdemar Costa Neto e disse que o partido doou mais de R$ 17 milhões para a campanha dele, alegando que Fernandes é quem seria o “candidato do sistema”. Em seguida, perguntou: “o que o senhor fez com R$ 17 milhões?”, ao que o candidato do PL respondeu dizendo que o adversário teria recebido mais de R$ 22 milhões para a campanha.
Bloco a bloco do debate em Fortaleza
No primeiro bloco do debate em Fortaleza, os candidatos discutiram sobre políticas para mulheres. Leitão acusou Fernandes de ser contra as mulheres e relembrou falas antigas dele, quando se manifestou contra a lei do feminicídio. O candidato do PL retrucou dizendo que "o PT é a favor de estupradores". O petista, então, chamou Fernandes de “mentiroso” e “dissimulado”, acrescentando que ele é o “rei das fake news”.
Leitão lembrou de ataque sofrido por apoiador de Fernandes, o vereador Inspetor Alberto (PL), que disse que ele deveria “preparar o seu caixão”. Em resposta, Fernandes disse que não podia ser culpado pelas atitudes de terceiros e pediu, então, a opinião do outro candidato sobre a suposta agressão de Luis Cláudio Lula da Silva, filho caçula do presidente Lula, contra a companheira. Leitão disse: “Não tenho compromisso com quem comete qualquer tipo de ilícito.”
No segundo bloco, Leitão apostou em críticas à atuação de Bolsonaro durante a pandemia de Covid-19 e questionou Fernandes sobre propostas para a área da saúde, perguntando se a secretária da pasta seria a “capitã cloroquina”, referindo-se à ex-secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro. Fernandes não respondeu.
O candidato do PL, então, falou sobre a violência na cidade e questionou sobre a posição de Leitão quando era o presidente Assembleia Legislativa do Ceará e não abriu a CPI do narcotráfico. O tema da criminalidade voltou a ser explorado no bloco seguinte, quando ele questionou se o petista iria armar a Guarda Municipal. Leitão disse que os setores que já estão armados continuarão trabalhando desta forma, mas que irá analisar se aumentará o efetivo da corporação com armas.
No terceiro bloco, a área da educação ganhou espaço. Fernandes perguntou se Leitão colocaria os filhos dele em escola pública, mas a questão ficou sem resposta. Ele também criticou a atuação de Leitão à frente da Assembleia Legislativa e citou a compra de um telão de LED de R$ 5 milhões. Questionado se teria vergonha desse gasto, Leitão disse que não, pois não teria feito nada fora da lei nem foi condenado. Em seguida, insinuou que o adversário é quem teria sido condenado. Fernandes, então, perguntou por qual crime, mas Leitão retrucou apenas um ''você sabe''.
Leitão acusou o candidato do PL de querer privatizar as escolas municipais. Ele negou, mas disse que pretende fazer parcerias com creches privadas para zerar a fila de espera - problema recorrente nos municípios que dominou as campanhas eleitorais em diversas capitais.
Os questionamentos sobre os aliados políticos permearam todo o debate. No último bloco, enquanto o petista continuou insistindo no apoio de Bolsonaro e de Costa Neto, ele também acusou Fernandes de estar unido com os políticos que implementaram a "taxa do lixo" na cidade, referindo-se a pedetistas como o ex-prefeito Roberto Cláudio. O candidato do PL usou a mesma estratégia e perguntou seguidamente qual papel Guimarães e Eunício teriam em uma eventual gestão de Leitão à frente da prefeitura. Os dois ignoraram as perguntas feitas pelo oponente.
Fernandes usou o tempo de considerações finais para falar de suas formações e da família, completando que está "contra os poderosos". Leitão, por sua vez, aproveitou para criticar o adversário. Mais uma vez o chamou de bolsonarista e relembrou falas antigas, dizendo que os projetos de cada um são antagônicos.
Quem são os candidatos à prefeitura de Fortaleza
Nascido em Iguatu, no interior do Ceará, André Fernandes iniciou a carreira política em 2018, sendo eleito deputado estadual com recorde de votos. Em 2022, foi eleito deputado federal, novamente com a maior votação do estado. Ele já foi filiado ao PSL, mas acompanhou o ex-presidente Jair Bolsonaro quando este mudou de partido durante o mandato.
Leitão, que está no terceiro mandato consecutivo como deputado estadual, foi secretário do Trabalho e Desenvolvimento Social do Ceará de 2011 a 2013, durante o governo de Cid Gomes. Servidor público, ele é popularmente reconhecido no estado por ter sido presidente do Ceará Sporting Club entre 2008 e 2015.
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