Adriano Silva (Novo), empresário com formação em gestão pública, foi reeleito com 78% dos votos na terceira maior cidade do Sul do país| Foto: Divulgação/Partido Novo Joinville
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Reeleito no primeiro turno, Adriano Silva (Novo-SC) é o prefeito com a maior aprovação do eleitorado nas urnas entre as grandes cidades do Sul do Brasil. O prefeito de Joinville (SC) venceu a eleição municipal com 78,69% dos votos válidos e representa o perfil de uma nova geração de prefeitos com experiência empresarial e formação em gestão pública.

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Formado em administração de empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com especialização em marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Silva foi candidato pela primeira vez nas eleições municipais de 2020 e venceu a corrida pela prefeitura da terceira maior cidade da Região Sul do país no segundo turno daquele ano.

Em entrevista à Gazeta do Povo, o prefeito de Joinville lembra que ocupou as funções de gerente, diretor e presidente na empresa da família, Catarinense Pharma, e que passou pela formação especializada em gestão pública como aluno do Renova BR, grupo que formou mais 170 lideranças políticas no país.  

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“É fundamental que haja uma preparação técnica, que passa por entender como funcionam os aspectos legais e práticos da gestão. Somente assim é possível liderar uma cidade do tamanho de Joinville, que é a maior cidade de Santa Catarina, tendo uma gestão bem avaliada”, afirma Silva, que antes de entrar na política foi vice-presidente da Associação Empresarial de Joinville (Acij).  

Principal polo industrial de Santa Catarina, Joinville tem uma população estimada em mais de 650 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e está na 54ª posição no ranking das 100 melhores cidades do país feito pela Gazeta do Povo, com a nota 6,9, à frente das capitais Goiânia, São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Florianópolis. O resultado é uma média de dados coletados em diferentes áreas, como educação, segurança pública, economia, infraestrutura, emprego, cultura e saúde.     

Com 46 anos, Silva possui o perfil dos novos gestores ou candidatos a prefeitos, de acordo com o estudo da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que aponta que 59% dos políticos que disputam o cargo nas eleições deste ano possuem ensino superior. Nas eleições dos anos 2000, o primeiro pleito municipal com possibilidade de reeleição, o percentual de candidatos com curso superior era de 40%. Além disso, 30% dos candidatos no pleito de 2024 afirmam que são empresários ou prefeitos no item de preenchimento sobre a atividade profissional.

“O que tem sido observado é, em geral, um aumento de escolarização dos candidatos. Os prefeitos estão cada vez mais cientes das grandes responsabilidades que a administração de uma prefeitura exige e acredito que a população também tenha cada vez mais esse olhar”, avalia o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. Segundo ele, a idade média dos prefeitos reeleitos no primeiro turno é de 50 anos.

Reeleição de prefeitos bate recorde com 81% no primeiro turno

Entre as capitais do Sul do Brasil, apenas Florianópolis teve a reeleição do prefeito Topázio Neto (PSD-SC) no primeiro turno das eleições de 2024, que atingiu o recorde de 81% de candidatos reeleitos para gestão dos municípios no país, conforme a CNM. O prefeito da capital catarinense é formado em administração e foi empresário no ramo de telecomunicações antes de entrar na política em 2020, como vice-prefeito na chapa Gean Loureiro (União Brasil), que renunciou ao cargo.

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O empreendedor assumiu a prefeitura, ficou conhecido pelo forte engajamento nas redes sociais e conseguiu a reeleição com 58,49% dos votos. “Segundo dados do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], a cada dez candidatos à reeleição em 2024, oito foram reeleitos. Esse resultado pode indicar que a população, de maneira geral, avalia positivamente os gestores locais, dando-lhes a oportunidade de continuarem os planos de governo por mais quatro anos, apesar de todas as dificuldades enfrentadas na ponta. As políticas públicas executadas, nesse sentido, podem ter sido um fator decisivo para o eleitor”, aponta o presidente da CNM.  

Em Porto Alegre, o prefeito gaúcho Sebastião Melo (MDB-RS) ficou próximo da reeleição em primeiro turno, tendo obtido 49,72% dos votos válidos. Ele disputará o segundo turno com Maria do Rosário. Em Curitiba, o prefeito Rafael Greca (PSD) lançou o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) como sucessor para dar continuidade à gestão, com o apoio do governador Ratinho Junior, presidente do PSD no Paraná. 

Pimentel tem a jornalista Cristina Graeml (PMB-PR) como adversária no segundo turno. Curitiba possui um dos melhores indicadores entre as capitais do país, com a nota de 6,75, de acordo com o ranking da Gazeta do Povo, atrás de Goiânia (6,85) e de São Paulo (6,80).

Ex-dependente de drogas, empresário é reeleito com 73% dos votos 

O candidato à reeleição Rodrigo Manga (Republicanos-SP) venceu o pleito municipal com 73,75% dos votos válidos em Sorocaba, um dos principais centros econômicos do interior paulista, com uma população de aproximadamente 740 mil habitantes. A cidade está entre as 20 melhores do país, conforme o ranking da Gazeta do Povo, com a nota 7,17, com destaques nas áreas de educação e infraestrutura.

Responsável pelo setor de comunicação no ramo de automóveis, o empresário foi usuário de drogas e compartilha publicamente que se recuperou com auxílio da fé após perder bens, negócios e a família, conforme relata em um livro sobre o período. Manga se tornou missionário e iniciou um projeto para recuperação de dependentes químicos em uma igreja evangélica.  

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Em 2012, ele foi eleito pela primeira vez vereador de Sorocaba. Oito anos depois, Manga foi eleito prefeito da mesma cidade e, com 44 anos, venceu a nova eleição para o segundo mandato. Correligionário do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito sorocabano também é aliado do ex-candidato a prefeito paulistano Pablo Marçal (PRTB) e convidou o empresário a assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico no novo governo.

Reeleição de prefeito nas urnas contradiz baixos indicadores

O prefeito de Macapá, Dr. Furlan (MDB-AP), obteve 85% de votos válidos no primeiro turno, o maior índice de aprovação do eleitorado entre as capitais brasileiras com reeleição neste ano. No entanto, os indicadores do ranking da Gazeta do Povo revelam que a capital do Amapá possui problemas básicos na infraestrutura.

Segundo os dados coletados, a taxa de cobertura de vias públicas com pavimentação e meio-fio na área urbana é de quase 20% e ainda apresenta o menor índice de esgoto ligado à rede pública entre todas as capitais do país. A nota para infraestrutura é de 3,8 na cidade com aproximadamente 450 mil habitantes.

Cientista político e diretor-geral do Ranking dos Políticos, Juan Carlos Arruda analisa que, tradicionalmente, o eleitorado brasileiro privilegia nas urnas a continuidade dos grupos políticos, no entanto, a destinação de emendas parlamentares e o uso do fundo eleitoral também são fatores que acabam influenciando numa vitória junto ao eleitorado.

“Temos parlamentares ajudando a engrossar as contas públicas, fazendo com que os prefeitos tenham mais caixa para maiores entregas nas suas localidades. Temos ainda o fundo eleitoral que privilegia os mandatários que estão no poder, além da tradição no seio da política de nomes já conhecidos. É muito mais fácil o eleitor votar em quem ele conhece”, avalia Arruda.

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O presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, pontuaque a eleição foi marcada por uma menor concorrência em relação aos números de candidatos ao pleito de 2020. “Tivemos mais de 200 municípios, por exemplo, que tiveram um único candidato. Essa redução mostra que os desafios pertinentes ao cargo têm também afastado as pessoas da busca por esse cargo”, disse Ziulkoski.

Segundo ele, outra possibilidade é o eleitorado ter optado pela continuidade da gestão municipal com expectativa de melhores resultados em um segundo mandato do que a hipótese de troca de comando. “Os atuais gestores enfrentam uma das maiores crises financeiras dos últimos tempos, com um processo de deterioração das contas municipais no período pós-pandemia, com a desaceleração das receitas e o aumento generalizado das despesas públicas. A população pode ter dado um voto de confiança aos gestores, na expectativa de que a próxima gestão possa apresentar melhores resultados”, respondeu o presidente da CNM.