A eleição de 2024 para a prefeitura de Goiânia promete ser uma das mais disputadas e imprevisíveis entre as capitais brasileiras. É o que aponta a mais recente pesquisa da Quaest, divulgada em 3 de setembro, com três candidatos empatados tecnicamente na liderança a pouco mais de um mês para a votação do primeiro turno, em 6 de outubro.
Segundo o levantamento, a deputada federal Adriana Accorsi (PT) tem 22% das intenções de voto no cenário estimulado, quando os nomes dos candidatos são apresentados aos entrevistados previamente, para escolha. O senador Vanderlan Cardoso (PSD) aparece com 19%, enquanto Sandro Mabel (União Brasil) tem os mesmos 19% — os três estão empatados dentro da margem de erro de 3 pontos percentuais.
O cenário na capital goiana ficou particularmente embolado após a entrada do ex-deputado federal Sandro Mabel na disputa. Fora da política há mais de 10 anos, o ex-deputado federal e ex-deputado estadual - e o candidato a prefeito mais rico do Brasil - retornou ao embate com o apoio do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que conta com uma alta taxa de aprovação — segundo a Quaest, 78% avaliam a gestão dele como positiva.
A presença de Mabel mexeu principalmente com o desempenho das candidaturas alinhadas à direita. No período da pré-campanha, Vanderlan Cardoso despontava como a opção mais competitiva nesse espectro, ainda mais pelo desempenho na eleição de 2020, quando chegou ao segundo turno contra Maguito Vilela (MDB), mas acabou perdendo com 47,4% dos votos. O prefeito eleito morreu em 2021 e assumiu Rogério Cruz (Solidariedade), que concorre neste ano, mas que até agora não conseguiu herdar os votos de Maguito — na pesquisa da Quaest, o atual mandatário soma 4% da preferência e tem uma avaliação de governo negativa de 57%.
Candidato de Bolsonaro no segundo pelotão
O aliado de Caiado também tem atrapalhado os planos do ex-presidente Jair Bolsonaro, que lançou o ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL) ao cargo de prefeito de Goiânia. O plano inicial era colocar o deputado federal Gustavo Gayer (PL) na disputa, mas Bolsonaro preferiu seguir contando com ele em Brasília — Gayer é uma das principais vozes da direita na Câmara dos Deputados — e também já pensando na influência dele nas eleições de 2026.
O candidato do ex-presidente, porém, não conseguiu se aproximar do trio na liderança. Na pesquisa da Quaest, ele aparece com 9% das intenções de voto, abrindo o segundo pelotão, que ainda tem Matheus Ribeiro (PSDB) com 6% e Rogério Cruz com seus 4% — Professor Pantaleão (UP) fecha a lista com 2%.
Bolsonaro não entrou de cara na campanha, mas tem mandado alguns recados para tentar alavancar a candidatura do PL na capital goiana. “Tem muito candidato oportunista em Goiânia falando que é candidato da direita, mas tô com um cara aqui que vai falar para vocês quem é o candidato da direita”, declarou Bolsonaro em vídeo publicado nas redes sociais de Fred Rodrigues.
A dificuldade de tracionar a campanha encontra explicações no levantamento da Quaest, afinal o voto natural do eleitor de Bolsonaro não está fluindo para o candidato dele. Pelos dados, de quem declarou ter votado em Bolsonaro em 2022, 21% disse que pretende votar em Vanderlan Cardoso e 24% em Sandro Mabel. Já Fred Rodrigues ficou com 17% entre os votantes do ex-presidente.
Candidata do PT tenta se descolar da rejeição de Lula
Enquanto a direita se divide, a deputada federal Adriana Accorsi leva praticamente todo o espólio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se coloca como uma possibilidade real de ir ao segundo turno. Pela pesquisa da Quaest, de quem votou em Lula em 2022, 47% declararam que pretendem votar nela em 6 de outubro.
Ao mesmo tempo, a rejeição ao presidente coloca dúvidas sobre até onde a candidatura de Adriana Accorsi pode ir, especialmente em um eventual segundo turno contra um candidato de direita. No levantamento, 43% dos entrevistados avaliaram o governo de Lula como negativo, não necessariamente uma surpresa, vide o desempenho dele no segundo turno do pleito de 2022 — o presidente ficou com 36,05% dos votos válidos, contra os 63,95% de Bolsonaro.
43% dos eleitores de Goiânia avaliam governo Lula como negativo.
Essa rejeição tem feito a candidata se descolar de Lula e do PT ao evitar, por exemplo, o uso de roupas vermelhas e até mesmo o tradicional número 13 do partido. No jingle de campanha, ela pede para que o eleitor “digite um, digite três”. Na última sexta-feira (6), Lula esteve em Goiânia e se reuniu com Accorsi, mas sem nenhum ato público que pudesse afetar a campanha. Por enquanto, a candidata tem apostado na atuação dela como ex-delegada da Polícia Civil e na herança política do pai Darci Accorsi, que foi prefeito de Goiânia entre 1993 e 1996, e faleceu em 2014.
Metodologia da pesquisa citada: 900 entrevistados pela Quaest entre os dias 31 de agosto a 2 de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Televisão Anhanguera S/A. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº GO-00762/2024.
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