Candidato do PL à prefeitura de Goiânia, Fred Rodrigues recebeu o apoio de Jair Bolsonaro após a retirada do nome do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) da disputa no município, ainda durante a pré-campanha. O parlamentar seguirá com o mandato no Congresso Nacional e apoia Rodrigues no pleito goianiense em articulação com ex-presidente da Rapública.
Alinhado com as pautas dos aliados, o candidato do PL - que teve o mandato de deputado estadual cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - defende que é o único candidato que representa a direita na cidade. Ele quer destravar a burocracia do Estado a partir de parcerias com o setor privado e promete rigor contra as drogas e contra as ideologias dentro das escolas municipais.
Além disso, Fred Rodrigues promete cortar as indicações políticas sem o devido conhecimento técnico para cada área na gestão municipal. Todos os candidatos à prefeitura de Goiânia foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.
Confira a entrevista de Fred Rodrigues à Gazeta do Povo:
Por que o candidato se considera o único concorrente de direita, apesar da candidatura de um empresário apoiado pelo Caiado e de um senador evangélico que também se diz conservador?
Fred Rodrigues: Nos últimos 10 anos, eu sempre tive posicionamentos muito alinhados com o conservadorismo. Eu venho da comunicação, já fui colunista e escritor, mais recentemente fazendo vídeos no YouTube e participando de debates. Nesse ano, logo no começo, tivemos uma pesquisa em Goiânia que mostrava que o presidente Bolsonaro tinha uma capacidade eleitoral muito forte. Em torno de 47% dos eleitores diziam que votariam num candidato indicado pelo ex-presidente e 70% afirmaram que poderiam votar. Então, é o cabo eleitoral mais forte aqui na região de Goiânia e, de repente, muitos desses outros candidatos começaram a aparecer como direita.
O senador Vanderlan (Cardoso, do PSD), apesar de ser evangélico, falta muito aos debates e é criticado por isso. O grupo evangélico é extremamente posicionado politicamente e o Vanderlan insiste em faltar aos debates. Além disso, quando o presidente Lula foi colocado na cadeira da Presidência, a primeira declaração que o senador Vanderlan fez foi que nunca tínhamos visto ele criticando o Lula, o que realmente é verdade. Isso acabou gerando um desconforto muito grande aqui, fora as votações com o Rodrigo Pacheco, aprovação do Flávio Dino, sempre voltando contra a direita, pensando mais em benefício próprio.
O candidato Sandro (Mabel, do União Brasil) é outro que já apoiou os governos petistas e teve brigas com Ronaldo Caiado, mas foi escolhido pelo governador para disputar as eleições. No entanto, eu acredito, muitas pessoas acreditam também, que o alinhamento do governador é até maior comigo do que com o Sandro. Mas por conta da conjuntura política não cabe ao governador me apoiar nesse momento. Em um segundo turno, o governador vai vir com a gente.
O alinhamento de Caiado é até maior comigo do que com o Sandro Mabel.
Fred Rodrigues, candidato do PL à prefeitura de Goiânia
No plano de governo, o candidato promete “simplificar processos para abertura de empresas e incentivar o empreendedorismo local” para facilitar a vida dos empresários. Como a gestão municipal pode contribuir para o crescimento econômico da capital e na geração de emprego e renda?
Fred Rodrigues: A cidade de Goiânia, como quase todas, tem uma máquina pública muito inchada, principalmente por não ter um viés conservador e liberal na administração. Temos uma prefeitura muito inchada com 25 secretarias, autarquias e companhias. Acredito que a gente não precisa disso tudo. Várias podem se unir e algumas a gente pode até encerrar as atividades, talvez, se a pasta não comprovar que está sendo útil.
Uma eu vou criar, que é a Secretaria do Empreendedorismo e da Parceria Público Privada para fomentar a participação do empresariado na economia com essa facilitação da retirada da burocracia, abrir um canal direto de comunicação com a prefeitura. Uma das grandes reclamações que eu encontrei nesta caminhada, pois eu fui o deputado estadual mais votado de Goiânia até ter sido cassado no final do ano pelo TSE.
Goiânia tem uma máquina pública inchada, principalmente por não ter um viés conservador e liberal na administração.
Fred Rodrigues, candidato do PL à prefeitura de Goiânia
Todos me falavam isso, que a cidade está muito burocrática, dificuldade para conseguir licença e vistoria. Uma falta de entendimento com secretários e não há essa boa vontade de trabalhar com quem está produzindo e gerando riqueza na cidade. O político não gera riqueza. Então, a gente precisa facilitar essa comunicação com o empresário, trazendo essas pessoas da sociedade com excelentes ideias para a administração, justamente porque eles estão desiludidos com a política. Eles acham que a política é algo sujo, inacessível e, de certa forma, eles estão certos. Nós vamos abrir as portas da comunicação e trazer os empresários que conhecem vários setores da cidade, melhor que qualquer político para dentro da nossa administração.
Quais os serviços públicos podem ser repassados para a gestão privada?
Um compromisso nosso, que acredito que seja melhor que qualquer proposta, até porque viabiliza a construção e execução de todas as outras propostas e nenhum candidato teve coragem de copiar a nossa proposta, inclusive desafiei a todos nos debates: não colocar cargos de indicação política no primeiro e no segundo escalão.
A gente só teria pessoas técnicas, com base obviamente no quesito técnico, no currículo e no histórico de trabalho pela cidade ou pela área que está sendo indicada. Isso vai ser imprescindível. Na questão do empresariado, acho que seria mais de uma forma de se posicionar de uma forma não burocrática e direta dentro da prefeitura.
É claro que você precisa alinhar o que pode ser feito e esse é um assunto delicado porque, nesse momento, Goiânia está vivendo uma crise do lixo. Não é uma crise que começou com o prefeito atual - vem desde a gestão petista em 2014, quando nós ficamos 40 dias sem coleta de lixo. A nossa companhia, que é a Comurg, está totalmente sucateada, com denúncias de corrupção e coleta seletiva paralisada. Outro dia, o aterro teve que ser fechado porque não tinha mais combustível para funcionar os compactadores. Antes de falar na privatização da companhia, a gente precisa, sem dúvida, ver quantos recursos foram investidos sem obter o resultado esperado.
A partir daí, a gente pode trabalhar caso a caso. A nossa Secretaria do Empreendedorismo e da Parceria Público Privada não é exatamente para que o empresariado venha assumir funções básicas da prefeitura. Não é para a prefeitura se eximir das suas funções. O objetivo é aumentar a participação, o empreendedorismo e fazer com que Goiânia, que já é vista como uma cidade empreendedora, tenha um foco maior no empresário e na facilitação para geração de emprego e renda.
Na Educação, o candidato promete “dedicação aos valores morais e éticos, à afeição aos valores patrióticos e cívicos e à garantia da retirada de conteúdos ideologicamente enviesados”? Como pretende cumprir a promessa de militarização das escolas?
Quando eu era deputado estadual, eu votei a favor das escolas cívico-militares em Goiás no projeto do governador Ronaldo Caiado, que estava ampliando as unidades. Eu votei a favor, pois sempre fui um ferrenho defensor da qualidade de ensino e da educação tendo como princípio básico a excelência, e não a ideologização.
A gente sabe que a ideologização, hoje, é muito difícil de retirar. O mais correto seria permitir que uma ideologia seja combatida com a outra. Mas hoje o que se vê é o discurso único. Enquanto deputado estadual, também voltei pela inclusão no currículo estadual de ensino da educação moral e cívica, que a gente tratou como ética e cidadania para ficar mais palatável para aprovação. Na verdade é a educação moral e cívica que, sem dúvida, sempre traz bons resultados e bons frutos por onde ela foi aplicada.
A nossa base de ensino trabalha com três princípios: valorização do profissional, a construção da infraestrutura e a qualidade do ensino em si. A qualidade de ensino passa pelo que a gente está falando do quesito de dificultar, ao menos, a interceptação ideológica do aluno, quando antes mesmo de o aluno ter a capacidade de escolher ou discutir com o professor, ele é interceptado para o convencimento de que existe um discurso único.
A gente sabe que a ideologização, hoje, é muito difícil de retirar. O mais correto seria permitir que uma ideologia seja combatida com a outra. Mas hoje o que se vê é o discurso único.
Fred Rodrigues, candidato do PL à prefeitura de Goiânia
Vamos trabalhar na conscientização do professor de que não será tolerado nada fora da grade curricular de ensino e que quebre as tradições da língua portuguesa. Grande parte dos professores já concorda com a gente na tomada dessa posição. Eu já tinha uma experiência de trabalho com a Secretaria Estadual de Educação e pretendo trazer isso para o nível municipal, claro, sem esquecer do déficit em torno de 12 mil vagas de creches e da educação do 1º ao 5º ano.
Qual o planejamento para zerar filas por vagas nas CMEIs e o que é o “voucher creche"?
A questão das vagas é muito difícil, pois como te falei temos um déficit de 12 mil, mas hoje em dia nós temos uma falta de transparência muito grande na questão dos dados municipais. Então é um número estimado. O que a gente tem é um número de vagas ociosas na rede privada, que é em torno de 13 mil a 15 mil. Tinham passado pra gente 10 mil vagas ociosas, antigamente, mas depois que a gente foi atrás para fazer o levantamento e mostrar o nosso interesse no projeto do voucher, descobrimos que número é de 13 mil a 15 mil vagas ociosas na rede privada. Isso seria mais que suficiente para suprir as vagas deficitárias da rede pública, o que pode ser feito através de uma parceria público-privada para que o aluno seja matriculado em uma escola ou numa creche particular, de preferência próxima da sua casa, sem nenhuma distinção, sem privilégios, para facilitar mesmo para o pai e para mãe, que é o intuito de uma creche.
A prefeitura gastaria em torno de R$ 1,2 mil a R$ 1,8 mil (aluno/mês), ou seja, haveria inclusive uma economia de recurso, o que realmente só não é feito por falta de boa vontade de gestores ou porque alguém está ganhando com esse atraso na educação e com as dificuldades impostas aos pais. Do ponto de vista logístico e legal não há nenhum impedimento, o que a Constituição prevê é somente que o estado não pode terceirizar completamente. Dentro do nosso próprio projeto, a gente fala que com as vagas sendo preenchidas através do vale-creche ou do vale-escola, o nome é o de menos, o importante é acontecer, pois a prefeitura ganha o tempo para terminar a construção dos CMEIs que estão parados. Todo mundo sai ganhando, principalmente o pai e a mãe de família, que é a preocupação principal de uma prefeitura de direita.
Como vai funcionar a Ronda Ostensiva Municipal Aérea com uso de drones?
Fred Rodrigues: De uns anos para cá, o custo com a operação dos drones diminuiu bastante, agora fica muito acessível para a gente poder incorporar de vez na segurança pública municipal. A gente já consegue estabelecer um programa dessa vigilância. A GCM de Goiânia é muito preparada e treinada, não digo equipada, por homens e mulheres muito competentes. A Polícia Militar em Goiás já faz um excelente trabalho, até porque o governador Ronaldo Caiado teve coragem de implementar aqui a cartilha que eu acho que o Bolsonaro escreveu, mostrou como se faz a segurança pública de qualidade. Não facilita para bandido, valoriza o profissional e, sempre que possível, deixa o cidadão exercer seu direito de legítima defesa eficaz, através do porte de armas.
Em Goiás, temos uma segurança pública muito boa e na cidade de Goiânia também. A maioria dos crimes que acontecem está relacionado ao tráfico de drogas ou ao problema dos moradores de rua que, infelizmente, está começando a proliferar na nossa cidade.
Então, ronda não tem muito segredo. Subimos os drones e controlamos no centro de intervenção, mas fora isso, nós queremos colocar mais câmeras inteligentes na cidade, mas sem tornar um estado policialesco. Não tem essa necessidade, mas ao mesmo tempo a gente precisa de segurança, principalmente em áreas de grande comércio como a região da 44, que é conhecida nacionalmente como o segundo polo de confecção do país.
Infelizmente, há uma ocupação desordenada por parte dos ambulantes, moradores de rua e usuários de drogas na parte da madrugada. A gente tem toda a logística para trabalhar e é possível de fazer. Vamos trabalhar em parceria com o estado de Goiás, pois tenho certeza que o governador Ronaldo tem os mesmos princípios que defendeu a vida toda para trabalhar com a gente para garantir que Goiânia seja a cidade mais segura do Brasil.
Ainda dentro da segurança pública, o que são as Unidades Pacificadoras que pretende implantar? Elas seguem o modelo das implantadas pelo governo Temer e pelo secretário Beltrame durante a intervenção federal no Rio?
O programa de governo é sempre um norte, mas a cidade muda todos os dias, todos os meses e o correto seria você reescrever todo mês e provavelmente é isso que a gente vai fazer. As unidades pacificadoras serão para melhorar a interação com a sociedade, pra que não fique dependente apenas de uma viatura da GCM, que a gente sabe que acaba até pelo efetivo reduzido, que poderia ser maior, demora para circular pela cidade. Então seria mais um sistema de integração com a sociedade. Não estou familiarizado com o projeto do Beltrame, não sei se era assim que funcionava, mas o nosso será voltado para integração da sociedade, para dar tranquilidade, pra manter a paz que a gente vai conquistar do que para fazer um confronto direto e ostensivo contra o crime. Graças a Deus, aqui em Goiânia, a gente não tem essa situação.
E como será a política de tolerância zero contra drogas e os trabalhos rigorosos com esporte nessa área?
Fred Rodrigues: A gente viu essa manifestação do Supremo, que considerei muito errado e uma intromissão muito indevida do STF no Legislativo, quando eles determinaram que 40 gramas de maconha estaria liberado o consumo. Basicamente o que o traficante vai fazer é quebrar porções de 40 gramas de maconha e fazer a distribuição. Não precisa ser muito inteligente para perceber que é isso que vai acontecer, o tráfico não vai parar. Aliás, o tráfico vai aumentar, porque vai aumentar o número de clientes em potencial. O que a gente fez aqui em Goiânia, inclusive apresentando um projeto de lei no fim do meu mandato antes de ser cassado em âmbito estadual, é criar uma multa de R$ 420. Criei na verdade, e no caso de reincidência, R$ 1.420 por pessoa que for pega com entorpecentes em parques e áreas públicas da cidade.
Essa previsão legal já existe para cigarros e em algumas cidades para bebidas, mas a gente vai aplicar isso justamente para as drogas. O município, por não legislar na esfera penal, fica muito limitado no número de ações que pode tomar, mas acredito que a multa seja uma ação direta e objetiva, talvez até mais eficaz do que esperar passar uma lei federal, que a gente sabe que demora muito.
Obviamente, também vamos trabalhar na conscientização. Em Goiânia, houve o caso do prefeito atual distribuir verba para a Marcha da Maconha no ano passado. Depois pegou mal e ele voltou atrás. Então isso é uma coisa impensável aqui. A gente vai respeitar a liberdade constitucional de expressão, que eles não respeitam quando é a direita, mas a gente vai respeitar para eles. A prefeitura sempre vai se posicionar contra, pois Goiânia será a cidade da família. Sem dúvida, nenhuma família quer o filho entrando para as drogas.
Segundo o plano de governo, “flanelinhas não terão vez”. A atividade deve passar por regulamentação em Goiânia ou o objetivo é acabar com essa prática informal, por meio da fiscalização?
Fred Rodrigues: O grande problema que acontece aqui em Goiânia é a questão da intimidação. Não tem problema nenhum em ser um trabalho voluntário e não há intuito de regulamentar, o que coloca a pessoa dentro da burocracia. O problema é a questão da intimidação: quando você não paga, o cara quer arranhar seu carro ou ameaça você ao lado da esposa. E isso acontece muito, então a gente vai tocar muito nesse sentido: conscientização e vigilância. Se você quiser pagar como se diz, no livre mercado, o cara está oferecendo um serviço, ninguém tem nada a ver com isso, então excelente. Agora, a questão da intimidação, a gente vai cair em cima porque, realmente, não podemos ser coniventes.
Não tenho vocação para ser refém da esquerda, com certeza, também não temos vocação pra ser refém de intimidadores. Até houve tentativa de regulamentação; não funciona, acaba virando uma disputa por pontos entre eles. A gente pode pensar em algo com atuação diretamente da prefeitura, mas prefiro que o serviço se desenvolvesse voluntariamente. Para isso não pode ter intimidação dos, digamos, “clientes”, que é cidadão que está tentando sair para se divertir, trabalhar ou fazer outra coisa e não pode ser intimidado para poder parar num espaço público. Então, a gente vai focar, primeiramente, nesse problema e, se persistir, ver uma possibilidade de regulamentação.
Parcerias com Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Forças Armadas para compartilhamento de médicos com instituições no SUS e adotar gestão compartilhada na área de saúde com as chamadas Organizações Sociais (OSs) e Organizações da Sociedade Civil (OSCs): como essas medidas e quais outras podem ser tomadas para melhorar o atendimento médico no serviço público e diminuir a superlotação de hospitais?
Fred Rodrigues: Quem conhece Goiânia sabe que pior não tem como ficar. Os bombeiros já têm uma gestão muito forte, já têm experiência, logística e o conhecimento técnico da área. Isso vai ao encontro do que a gente defende para a cidade na nossa administração de trazer pessoas boas para a política, estou falando justamente disso. Não só de empresários extremamente bem sucedidos, mas também quem tem experiência e currículo em diversas áreas. Por exemplo, o Corpo de Bombeiros tem o programa “Asas da Saúde” e a gente quer implementar um consórcio com outras cidades, até porque boa parte dos deslocamentos do “Asas da Saúde”, que é um transporte aéreo de vítima de urgência e emergência, é para Goiânia. Então, a cidade acaba arcando muito e não há repasse.
Não tem problema nenhum, a gente entende que a capital é o centro médico do estado, pelo menos um centro de referência médica. Mas, por um valor muito pequeno anual, inclusive já conversei com o comandante do Corpo de Bombeiros, todos os municípios poderiam ficar cobertos e o atendimento continuar sendo feito em Goiânia.
A questão da saúde a gente expande porque Goiânia tem uma logística muito fraca, o almoxarifado não tem conexão com os Cais [Centro de Atenção Integrado à Saúde], as unidades de saúde das regiões, entre os bairros. Então o diretor do Cais não sabe o que que tem no almoxarifado e o diretor do almoxarifado não sabe o que precisa nos Cais. Muitas vezes, a pessoa chega para dar uma injeção no filho e tem que sair para comprar a seringa, para comprar a agulha. Por um milagre, se tiver uma agulha, pode ser diferente, que só serve para adulto. Nós não temos clínicos gerais para preencher as guias do SUS que são necessárias para que a cidade receba o ressarcimento pelo serviço prestado.
A cidade de Goiânia faz o atendimento completo, tem todo o gasto com o paciente e não recebe, infelizmente, porque a guia não foi preenchida. Nosso secretário de Saúde, que é considerado um grande gestor - hoje em dia está na moda essa palavra - veio aqui era para ser um excelente gestor, cuidou da Saúde em São Paulo, onde teoricamente resolveu a fila das cirurgias eletivas e dos exames laboratoriais. Chegou aqui e foi convidado para sair pelo Tribunal de Contas. Então, não é só uma questão de gestão, mas também de compromisso com a cidade e com a saúde, infelizmente isso está faltando.
Não falta dinheiro, mas dedicação e compromisso. Enquanto a prefeitura tiver com esse grupo ou outro que entrar e adotar a mesma estratégia de loteamento de cargos, com pessoas que não entendem nada da área, a gente vai continuar sofrendo com isso. Por isso, como falei no começo, a proposta mais importante é se comprometer a dar uma “limpa” na prefeitura e acabar com as indicações políticas. Ou pelo menos com os privilégios políticos e o pertencimento daquela indicação. Não é nada contra indicação política, mas aquele cargo não pode pertencer ao partido político. Se cometer um erro, entra outro no lugar. Enquanto isso não for resolvido, não adianta falar em nenhuma proposta, pois o epicentro de Goiânia é a ingerência política na prefeitura.
Outro problema nas grandes cidades é a presença de muitas pessoas em situação de rua. Qual será a sua política neste sentido?
Obviamente é uma questão social. Não é algo tão simples como pegar aquelas pessoas e colocar todo mundo no ônibus para levar a outro lugar. O que a gente tem notado aqui em Goiânia é que se agravou bastante ao ponto dos nossos pontos turísticos fossem tomados por moradores de rua, inclusive organizados. Em um ponto da cidade estão morando dentro de uma tubulação, inclusive com fiação elétrica. Nesse sentido, eles estão até mais organizados do que a prefeitura atual. Ou você tem o controle do estado, o controle da cidade, ou isso vai continuar proliferando, o que se tornou evidente de aproximadamente quatro anos para cá.
O ginásio de Campinas ao lado da matriz está totalmente tomado. Debaixo da marquise, há moradores de rua e muitos imigrantes da Venezuela, que estão sofrendo com a ditadura socialista e acabam chegando até aqui. Como eles não encontram oportunidade em um primeiro momento, acabam ficando muito tempo ociosos e passam a consumir drogas, em uma bola de neve que descamba para o crime. Então, o que a gente tem que fazer é revitalizar esses locais, dar sentido e vida a esses lugares. O ginásio de Campinas, por exemplo, está abandonado, um dos pontos mais tradicionais de Goiânia.
Quando você faz isso e aumenta, a médio prazo com empreendedorismo, cursos técnicos e incentivos para quem realmente gera emprego, a gente vai conseguir tirar esse pessoal da rua e ao mesmo tempo produzir uma cidade viva o suficiente para que esse pessoal não se sinta à vontade pra ocupar esse lugar. Uma parte da ocupação ocorre porque a cidade não tá produzindo, porque a cidade naquela região estava abandonada. Eles não vão ocupar, por exemplo, a porta de um shopping center ou a porta da prefeitura.
Deixe sua opinião