Candidato a prefeito de Goiânia, Matheus Ribeiro (PSDB), 31 anos, é jornalista, empresário e presidente tucano na capital goiana, onde disputa pela primeira vez o comando da prefeitura. Em 2022, foi candidato a deputado federal e obteve 46.961 votos, eleito primeiro suplente do PSDB na Câmara dos Deputados.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Matheus Ribeiro apresentou propostas para enfrentar o problema da coleta do lixo em Goiânia, que teve interrupções dos serviços nos últimos anos, provocando o acúmulo de resíduos pela capital. Além disso, o candidato tucano defendeu as campanhas municipais para incentivo das vacinas e prometeu tarifa a R$ 1 no ônibus da capital para “formação de clientes” no transporte público, por conta da concorrência de outros meios considerados mais atrativos pela população.
Todos os candidatos à prefeitura de Goiânia foram convidados pela Gazeta do Povo para entrevista.
Confira a entrevista com o candidato Matheus Ribeiro
Candidato, em primeiro lugar, gostaria de saber qual a avaliação que o senhor faz de uma campanha tão acirrada e equilibrada em Goiânia e se é possível a sua candidatura surpreender e chegar no segundo turno?
Matheus Ribeiro: Pela minha avaliação, isso é algo que a gente observa nas pesquisas e vem ressoar principalmente nas ruas, fator fundamental para que a gente possa atribuir a credibilidade a todos os levantamentos que são feitos. Muitas vezes, o que a gente observa é que não há uma leitura desse tipo aqui na nossa cidade. Quais são as evidências que nós temos disso? Há uma pesquisa espontânea da Quaest* que mostra que cerca de 70% ainda não sabem em quem votar. Uma disputa que, pela primeira vez, desde 1985 não está polarizada entre dois candidatos. Desde a redemocratização, desde que os goianienses voltaram a votar, a eleição da capital sempre foi polarizada entre dois grupos.
Hoje, o que a gente tem, principalmente, depois da morte de líderes como o ex-prefeito Iris Rezende, o ex-prefeito Nion Albernaz, grandes nomes que governaram a cidade, como Darci Accorsi - pai da atual candidata Adriana Accorsi, a gente observa um cenário de pulverização das candidaturas e o nosso projeto é o que busca conversar com a juventude, falar de renovação e tem olhar para além das portas da prefeitura, para a cidade.
*Metodologia da pesquisa citada: 900 entrevistas entre os dias 31 de agosto e 2 de setembro. A pesquisa Quaest foi contratada pela TV Anhanguera. Margem de erro: 3 pontos percentuais Nível de confiança: 95%. Registro no TSE: GO-00762/2024.
Goiânia ficou conhecida nacionalmente pela crise no serviço do lixo. O senhor apresenta sete propostas para a questão da coleta do lixo. O que será feito de diferente para resolução deste problema?
Para resolver a questão dos resíduos, que popularmente a gente acha de lixo, gestão compartilhada é fundamental. A prefeitura deve fazer a sua parte, mas o cidadão é parte integrante desse eixo, assim como as entidades, a iniciativa privada e a sociedade civil organizada, que pode participar também por meio do terceiro setor. A grande proposta da nossa candidatura, que pode ser desdobrada em sete no plano de governo, traz uma grande meta: transformar Goiânia na primeira capital “lixo zero” do país. Um projeto de longo prazo com no mínimo 20 anos de investimentos, política pública séria, a partir de levantamento obtidos na academia, um plano de trabalho com a sociedade e envolvimento comunitário.
Uma visão dos resíduos como de fato devem ser tratados, consequência do nosso consumo e que precisam ter uma logística reversa, precisam retornar a serem matéria-prima e outros recursos, precisam ter outro destino que não o “jogar fora”. As mudanças climáticas que estamos vivendo na capital são reflexo disso, uma cidade com recorde negativo de umidade de 7%, recorde de temperatura, uma cidade que está perdendo a vegetação por conta da ausência de políticas públicas.
E aí a atual gestão tenta um título da ONU que não condiz com a realidade do cidadão, que chega a passar mal dentro de ônibus porque não tem ar condicionado. A nossa proposta é lançar uma grande meta que é transformar Goiânia na primeira capital “lixo zero” do país. Isso traz uma agenda. O primeiro passo é uma auditoria completa da Comurg, a Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia, empresa que existe desde 1970, alvo hoje de debate jurídico se é dependente ou não da prefeitura.
O fato é que a Comurg foi sendo transformada em um apêndice da prefeitura por conta dos comissionados, por conta do uso político dessas estruturas. Por muito tempo, fizeram da Comurg uma máquina de fazer favor, mas é uma empresa prestadora de serviços importantes que devem chegar na porta de cada cidadão. Então, fazer uma auditoria é um passo fundamental para que a gente reestruture a empresa e valorize os funcionários públicos que lá estão, como garis, coletores e jardineiros. Esse pessoal foi trocado há poucos meses em Goiânia por um consórcio está recebendo base meio bilhão de reais por um contrato que está sendo questionado no Superior Tribunal de Justiça, no Tribunal de Contas do Município, pois trocaram os trabalhadores por um caminhãozinho que passa uma vassourinha em um lado da rua. Trocaram por um serviço que não está sendo deficiente e Goiânia continua suja.
Vamos ter uma Procuradoria forte também para atuar em relação aos procedimentos judiciais e que já existem em relação a esse contrato. Essas são as duas primeiras medidas, mas a gente tem uma política de buscar mais eficiência. Hoje, a gente tem uma coleta de lixo ineficiente com as lixeiras individuais nas portas das casas. A gente substitui as lixeiras individuais pelos contêineres de quadra, específicos para cada tipo de material (orgânico, papel, plástico, vidro e metal) e já tem uma evolução impressionante para a instalação de usinas de reciclagem e cooperativas de trabalho que podem promover a ação pessoal de moradores em vulnerabilidade que precisam de acesso à possibilidade de mão de obra. Veja como é uma rede, a partir de uma grande meta que se desdobra em várias ações do nosso plano de governo.
Assim como outros candidatos no país, o senhor promete tarifa zero no transporte coletivo. Até onde isso realmente é possível para os cofres públicos, já que esse ponto sempre volta à pauta nas eleições?
Primeiro, existe a necessidade de buscar novas fontes de financiamento. Isso é fundamental para que a gente não sobrecarregue um cidadão que já tem um alto custo de impostos e nem onerar uma máquina pública que muitas vezes deixa de investir o necessário. À medida que nós representamos um projeto de renovação, a nossa visão em relação ao orçamento é diferenciada porque eu defendo que o orçamento da cidade seja realmente destinado àquilo que se propõe, a atender o cidadão e não a ser gasto com estruturas políticas.
A partir dessa visão, além de abordar a necessidade de no futuro ter a instauração de uma tarifa zero no transporte, a gente tem uma visão de formar novos clientes, porque em 10 anos enquanto jornalista, eu não conheci ninguém que chegasse em mim e falasse: “eu gosto do transporte coletivo, eu pego o ônibus todo dia e a qualidade é boa.” Eu ainda não encontrei essa pessoa.
Então, a gente precisa formar novos clientes, por isso a nossa proposta é colocar a passagem ao valor especial, promocional, de R$ 1 nos eixos BRT da nossa cidade: o eixo Anhanguera e o BRT norte-sul, que até o momento foi entregue pela metade pela atual gestão. O eixo BRT norte-sul era para sair do terminal Cruzeiro em Aparecida, passar pelo Isidória e chegar ao Recanto do Bosque. Só conseguiu fazer do Isidória ao Recanto do Bosque. O resto está travando o trânsito e concluir o BRT é fundamental para termos novos clientes no serviço de transporte coletivo. Qualquer empresa, qualquer serviço que você presta precisa ter clientes, quem consome e, hoje, o transporte coletivo está ruim, porque ninguém quer andar nele.
Não tem ar condicionado, não tem investimento, não tem estrutura. Ou seja, baixar a tarifa no BRT é formar clientes para um sistema que já tem melhores condições. Veja que os ônibus do BRT já têm ar condicionado, existem ônibus elétricos e nós já calculamos o impacto financeiro: para o BRT norte-sul, o impacto é de cerca de R$ 20 milhões por ano e para o eixo Anhanguera mais R$ 102 milhões, já que o volume é de 70 mil passageiros por dia. Uma previsão de impacto financeiro que pode ser custeada a partir de novas fontes de receita, como a criação do aplicativo municipal de mobilidade que a gente batizou de Roda Fácil, que atende a uma proposta dos motoristas de aplicativo, dos motociclistas que trabalham como entregadores e de todos os profissionais que geram renda hoje por meio dessas ferramentas. A principal é uma tarifa mais justa, pois as plataformas como Uber e 99 consomem até 40% do valor das viagens.
A prefeitura de Goiânia vai criar um aplicativo municipal de mobilidade, que é uma ferramenta que permite uma tarifa mais justa para o cidadão, cria um cadastro de segurança em relação aos profissionais que estão no transporte por aplicativo e pode trazer vantagens como, inclusive, a integração do serviço com transporte coletivo e a geração de receita para custear esse valor promocional. O nosso aplicativo municipal vai custear esse investimento no transporte coletivo.
Goiânia também tem problemas de filas de espera e superlotação em hospitais públicos. O senhor acredita que a telemedicina para orientação de pacientes crônicos ou com dificuldade em atendimento presencial pode resolver essa questão?
A possibilidade de trazer celeridade às situações de baixa complexidade é uma grande vantagem. Quando se fala de saúde pública, a gente observa que os profissionais da saúde vêm sendo desrespeitados, há muito tempo, na cidade de Goiânia. Nessa gestão, mais especificamente, com a terceirização dos contratos médicos, com desarticulação do Samu, que inclusive deixou de receber verbas do governo federal, rodando com três ambulâncias para uma cidade de 1,4 milhão de habitantes. Eu estive com funcionários do Samu que foram desligados por se posicionarem contra essa situação, tudo isso pra justificar a terceirização do serviço, assim como foi feito na questão do lixo na cidade.
Nossa proposta para a saúde pública de Goiânia começa com a criação de uma mesa de diálogo com toda a categoria, com os profissionais e com as entidades representativas, primeiro para escolha do secretário da Saúde, que é um passo fundamental. Mais do que isso, para que a gente consiga um vínculo de credibilidade com os servidores. Se não tiver médico, enfermeira, auxiliar, recepcionista e cozinheira não tem saúde pública e é isso que a atual gestão esquece ao desrespeitar tanto essas pessoas.
A gente também precisa de um redesenho da estratégia do programa Saúde da Família porque, hoje, a gente não tem agentes comunitários de saúde suficientes e a rede básica de livre demanda falha muito. A pessoa chega na UBS e não consegue acessar o sistema. E tem mais, o que mostra um desconhecimento das nossas autoridades em relação à vida das pessoas. Das dezenas e dezenas de UBSs que nós temos em Goiânia, são mais de 80, só três funcionam até 22h. O trabalhador que pega duas horas de transporte coletivo e chega em casa depois do trabalho, não pega a UBS aberta. Então, precisa criar um contraturno no programa Saúde da Família.
Na terceira etapa do nosso projeto - lembrando que quando a gente está falando de saúde pública, as nossas propostas se encaixam, perfeitamente, nos quatro anos de mandato - eu trago um exemplo de Santo André (SP), que é o Poupatempo da Saúde do prefeito Paulo Serra do meu partido, o PSDB, que tem um centro médico com 38 especialidades, corpo clínico de 150 médicos e que resolveu o problema do fantasma da regulação, que existe em Goiânia. O objetivo é atender aquela pessoa que precisa de um atendimento com especialista, necessidade de um exame, pequena cirurgia, uma atenção especial para aquele caso, que às vezes é crônico, o tratamento de reabilitação (fisioterapia), o atendimento multiprofissional, ao invés de espalhar isso pela rede pública de serviço. Ele tem que andar demais, vai num lugar, vai no outro, espera um prazo, espera outro. Com o Poupatempo da Saúde, ele pegou o mesmo modelo que o PSDB implantou como o Vapt-Vupt e atribuiu isso ao serviço de saúde, criando um Centro de Especialidades. Aqui nós vamos batizar de “Vapt-Vupt da Saúde”.
A nossa proposta para a saúde pública de Goiânia é estruturada a partir dessas três etapas e, dentro dessa estratégia do Saúde da Família, a gente defende a criação de um centro de telemedicina, que é uma alternativa fundamental para chegar ao cidadão que tem limitação de horário ou em situações de baixa complexidade.
O candidato é um dos únicos que fala do desenvolvimento de campanhas para incentivo à vacinação. Qual o motivo de incluir essa ação no plano de governo? O senhor é a favor da obrigatoriedade das vacinas?
O que me motivou tem sido a necessidade de lembrar do óbvio neste processo eleitoral. Muitas vezes, aqueles que têm um real compromisso com a renovação precisam ficar lembrando, o tempo todo, o que é óbvio: roubar não pode, mentir é feio, tem que respeitar o cidadão, poder público é para servir - e não os poderosos e que vacinas salvam vidas. Ponto final. É triste ver muitas pessoas perdidas pela desinformação, eu sou jornalista e sei o prejuízo que “fake news”, que as mentiras deliberadas e as más intenções de quem só articula projeto de poder tem trazido para a vida das pessoas. Eu acho que o cidadão - e eu defendo a liberdade do cidadão - sempre acaba fazendo só o que ele quer. Essa coisa de proíbe daqui, obriga dali, nunca é o que realmente motiva e conscientiza as pessoas.
Eu sou um cara do debate. Eu sou um cara da palavra, eu sou a favor de trabalhar a percepção daquilo que os fatos nos mostram e os fatos nos mostram que vacinas salvam vidas. Portanto, trabalhar com campanha de vacinação me parece algo justo e necessário para que a prefeitura construa uma saúde pública relevante, que não só trate doenças, mas também que gere conscientização e prevenção.
Aqueles que têm um real compromisso com a renovação precisam ficar lembrando o tempo todo o que é óbvio: roubar não pode, mentir é feio, tem que respeitar o cidadão, poder público é para servir e vacinas salvam vidas.
Matheus Ribeiro, candidato do PSDB à prefeitura de Goiânia
O seu plano de governo incentiva projetos de cultivo de alimentos sem o uso de agrotóxicos no cinturão verde de Goiânia. A região é muito conhecida pelo agronegócio, que faz uso dos defensivos na produção de maneira controlada. Essa ação é possível sem se chocar com o setor da agroindústria? E quem seriam os fornecedores dos programas para promover a alimentação escolar saudável, evitando alimentos industrializados e proibindo os ultraprocessados?
Isso é uma questão simples. Respeito o agro, inclusive, pelo que representa para o PIB do nosso país, que teve um desempenho mais impactante no ano passado, mas ainda hoje o nosso crescimento industrial está intimamente ligado ao crescimento do agro. Reconheço, valorizo e abomino essa visão de quem trata um setor tão importante da nossa economia com tamanho preconceito. Existem pontos a serem melhorados, como existem em todos os setores econômicos da nossa sociedade. É por isso que, muitas vezes, não se estabelece um diálogo, baseado na falta de conhecimento e na ignorância.
Enfim, a gente especificou a questão da não utilização de defensivos agrícolas nesse Cinturão Verde por uma visão de sustentabilidade e da utilização desses alimentos. Isso faz parte de uma proposta para a criação de um fundo municipal de alimentação, primeiramente, para garantir a merenda escolar para as crianças mesmo no período de férias. Um dos principais motivadores para as crianças continuarem na escola é fundamentalmente é a merenda. Por isso que você não pode servir só leite com bolacha para essas crianças. Precisa ter arroz, feijão, beterraba, chuchu e cenoura. Precisa ensinar a fazer doce de leite, farofa de ovo, comida de verdade que sustenta com alto valor nutritivo. Isso faz parte, inclusive, do compromisso que eu assinei junto ao Tribunal de Justiça e ao Tribunal de Contas do Município, que é o pacto pela primeira infância. Reconhecer que é nessa fase da vida que ocorre o desenvolvimento de fatores importantes para a construção de um novo cidadão.
O fundo municipal de alimentação vem atender a isso e, com o mapeamento dos vazios urbanos, nós vamos instalar um programa de hortas comunitárias e de hortas coletivas financiadas. Uma reedição da proposta do Banco do Povo, que foi instalado pelo PSDB aqui em Goiás e que agora tem uma cara mais de fintech, por meio de um aplicativo municipal de microcrédito, previsto no nosso plano de governo.
A cidade vive hoje um investimento público mal planejado, uso político da máquina para criação de “fazendinhas” do poder e a completa usurpação da coisa pública.
Matheus Ribeiro, candidato do PSDB à prefeitura de Goiânia
Essas medidas - e aqui citei a questão do polo de logística reversa, a criação de cooperativas de reciclagem de coleta, agora estamos falando do fundo de alimentação que é custeado pelo aplicativo de microcrédito - são soluções que já foram testadas e implementadas pelo meu partido e que retroalimentam o orçamento municipal. Isso é investir os R$ 10 bilhões de arrecadação que Goiânia tem todos os anos na sua gente e na nossa cidade. Com iniciativas como essa, a gente consegue virar a chave do momento que a cidade vive hoje, que é do investimento público mal planejado, do uso político da máquina para criação de “fazendinhas” do poder e pela completa usurpação da coisa pública. A administração está vendendo áreas públicas, fazendo empréstimos, está depenando a prefeitura com cabide de empregos. A gente quer virar essa chave e sustentar a bandeira da renovação.
O candidato propõe a criação de mecanismos para acompanhar a escolarização de crianças e adolescentes vítimas de violência, evitando a revitimização. O município é responsável pela educação básica até 5º ano do fundamental. Como abordar esse tema delicado com crianças e adolescentes no ensino? O senhor é a favor da educação sexual nas escolas?
Quando se usa "ensino da educação sexual" pode haver muita confusão sobre o que isso realmente significa. É fundamental a gente reforçar o papel dos conselhos tutelares que são formados pela comunidade, ou seja, são expressões da vontade popular. Eles são representantes de uma mesma comunidade, mesmo bairro, uma mesma área da cidade, que têm o papel de dar máxima atenção às crianças e adolescentes. Hoje nós temos um baixo número de conselhos tutelares, nós temos um aproveitamento desses espaços para práticas políticas, portanto, precisa haver uma conscientização maior sobre a importância dos conselhos e investimento da prefeitura para ampliar e valorizar esse trabalho, de modo a cuidar das nossas crianças e adolescentes que, muitas vezes, são vítimas de violência sexual.
O trabalho a ser desenvolvido nas unidades educacionais do município precisa estar intimamente ligado à comunidade e ao Conselho Tutelar. É triste se deparar com situações que revelam um drama familiar, uma criança que é vítima de violência, as vezes nem só a violência sexual, mas o espancamento, uma agressão, uma criança que vai com uniforme sujo a semana inteira, fica doente e não toma remédio. Então, reforçar os conselhos tutelares com a participação da prefeitura, o fomento à participação das comunidades nas escolas e levar a conscientização a respeito do que envolve a dignidade dessa criança são fundamentais nesse processo. A gente deve preservar a dignidade, o papel da família e o papel da escola, cada um tem o seu papel e eles não podem ser misturados.
Na segurança pública, o candidato fala em monitorar a frequência escolar, visitando as residências de alunos faltosos. A GMC ficaria responsável por isso? Como seria feito esse acompanhamento?
Mandar a Guarda atrás do aluno faltoso seria aproveitar mal os nossos guardas municipais, eu acho que não é para isso. É um papel realmente ligado à comunidade escolar, aos conselhos tutelares e comunitários, pois se trata da educação das nossas crianças, não é uma questão de segurança. Já o papel da Guarda Civil Metropolitana é, sobretudo, comunitário. A Guarda tem que estar inerente aos serviços que são oferecidos pela prefeitura e assegurar também a integridade, não apenas do patrimônio, mas a do equilíbrio das relações. Por exemplo, a Guarda muitas vezes tem a presença tido como ostensiva e é importante que seja assim, principalmente em áreas que necessitam de uma atenção especial da segurança pública por outras circunstâncias.
Mas ter a Guarda Civil integrada aos nossos parques, principalmente, na retomada de um dos um dos nossos projetos para a cidade de Goiânia, envolve a criação de bases comunitárias da Guarda Civil. São centros de esporte, lazer e abastecimento que foram construídos pelo PSDB na gestão Albernaz de 1996 a 2000 em três bairros. Basicamente são galpões com uma boa estrutura de banheiros, palco, espaços multiuso para quadras modulares para realização de feiras, eventos comunitários, que podem receber uma base da Guarda Civil e ser um ponto de apoio para motoristas de aplicativo, que precisam de um banheiro público para terem a dignidade do seu trabalho ou uma sala para tomada para recarregar o celular.
Essa estrutura multiuso vai permitir com que a gente tenha a presença da Guarda Civil Metropolitana atuando de forma colaborativa com a comunidade, até para implementação de um programa de parceria, com atribuição da Guarda que é o novo programa de segurança comunitária com o compartilhamento de informações e estratégias de envolvimento do cidadão em relação ao cotidiano da cidade. Até porque o papel da Polícia Militar é pegar o ladrão. Da Guarda Civil também, mas principalmente aquele cara que joga entulho onde não devia, queima o lote baldio prejudicando a umidade do nosso ar. É cuidar daquilo inerente ao serviço da prefeitura e tem muito serviço para fazer na nossa Guarda Civil.
O candidato fala em acordo com os moradores em áreas de risco para remoção a locais dignos. E até criar, se for o caso, moradias dignas para os removidos. Normalmente, as invasões são judicializadas e a retomada das áreas públicas ou privadas ocorre com a reintegração de posse. Acredita que esse problema pode ser resolvido da forma proposta, sem uso de ações na Justiça ou uso da força policial?
Aqui em Goiânia não é o fator principal o processo de reintegração de posse, pois muitas delas são áreas públicas que não têm o devido andamento legal. A gente precisa resolver essa situação que tem o seguinte entrave: se o processo caminha pela divergência, essas áreas não recebem o devido tratamento de urbanização, ou seja, as pessoas continuam correndo perigo. E mais que isso, a prefeitura se torna incapaz de construir uma solução e se acomoda no imbróglio jurídico. Há duas situações: existem áreas ocupadas e áreas de risco. Em imóveis que estão em áreas de risco, o entrave é que a prefeitura quer tirar o cara do Jardim América e jogar lá do outro lado da cidade, a 20 quilômetros do local que ele mora há 30 anos.
Não há uma paridade na negociação de modo a fazer com que a coisa avance. Construir soluções que passem por esse tratamento é a nossa primeira proposta para um acordo com as pessoas que, hoje, vivem em área de risco e onde a prefeitura se limitou a colocar uma placa dizendo: "área sujeita a alagamento". É criar também o ambiente de diálogo para que a gente faça a transferência de moradia dessas pessoas para regiões em um raio de até 5 quilômetros.
Com Marina Silva isolada, agenda ambiental de Lula patina antes da COP-30
Paraná e São Paulo lançam alternativas ao Plano Safra para financiamento do agronegócio
De Silveira a presos do 8/1: sete omissões da pasta de Direitos Humanos de Lula
Dino vira peça-chave para o governo em menos de um ano no STF
Deixe sua opinião