Falsidade ideológica, compra de votos, Polícia Federal e poucas propostas. Após a última semana de campanha a prefeito de Goiânia, marcada pela troca de acusações e pedidos de investigações por suspeita de crimes, Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (União Brasil) participaram do debate da TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo, na noite desta sexta-feira (25). Foi o último encontro entre os candidatos antes da votação de domingo (27), no segundo turno das eleições municipais 2024.
A campanha do empresário apoiado pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) denunciou Rodrigues por falsidade ideológica pelo registro de candidatura, em que informa à Justiça Eleitoral que é bacharel em direito. No entanto, em nota, a PUC confirmou que o candidato do PL não colou grau na instituição e não houve a expedição de diploma.
De acordo com a universidade, Rodrigues não cumpriu 200 horas de atividades complementares obrigatórias e o cadastro do ex-aluno foi desativado há 10 anos. O candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alega que houve um “erro no registro” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A coligação de Mabel protocolou a denúncia contra o adversário para investigação da Polícia Federal. A Assembleia Legislativa do Goiás (Alego) também vai apurar a nomeação de Rodrigues para um cargo que exigia o curso superior.
"O senhor roubou dentro da Assembleia Legislativa e foi parar na polícia. A bolsa política que você queria de R$ 21 mil para colocar 40 assessores. Você assinou um atestado dizendo que era formado pela PUC em 2010”, atacou o candidato do União Brasil.
Último debate tem acusação de troca de votos por benefício social em Goiânia
Por sua vez, a campanha do PL acionou a Justiça Eleitoral contra Caiado e Mabel por uso da máquina pública para compra de votos em troca de cestas básicas, o que pode configurar abuso de poder político. Na liminar, a juíza eleitoral Maria Umbelina Zorzetti afirma que Caiado faz uso do cargo e da autoridade para interferir no resultado das eleições em Goiânia.
Durante o debate, Rodrigues afirmou que recebeu relatos de pessoas que precisavam de cestas básicas ou cadeiras de roda e foram instruídas a votar no candidato do governador do estado no momento de retirada do benefício do programa Goiás Social. "A própria juíza determinou a investigação e isso gera inelegibilidade", alertou.
Na réplica, Mabel acusou Rodrigues de pedir a suspensão do programa de assistência social. O candidato do PL rebateu e disse que solicitou apenas que não fosse pedido votos durante o atendimento da população. "O que eles fizeram? Eles cancelaram o programa e isso levantou uma grande suspeita. A gente nunca pediu para cancelar. Ao contrário, falamos para o pai ou a mãe de família que precisa, receber o benefício, fingir e ouvir o pedido de voto. Mas pode ficar tranquilo que na nossa administração ninguém será usado como moeda de troca política."
Rodrigues também acusou Mabel de instalar um equipamento de R$ 15 mil na casa dele durante a presidência da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg). “Ele fala que eu não tenho diploma, mas ele é um PhD com envolvimento em escândalos. Ele tenta nos atacar e falar de um suposto crime, mas as pessoas da Fieg afirmam que ele instalou um sistema de televisão na casa dele e retirou a nota pela Fieg”, retrucou o candidato do PL, que lembrou que Mabel é um dos candidatos mais ricos do Brasil com um patrimônio acima de R$ 300 milhões.
O empresário rebateu a crítica e alegou que o equipamento novo foi instalado na Fieg, mas o aparelho usado foi levado para residência própria durante a pandemia para as conferências. "Você vai ser preso, cinco anos de punição [por falsidade ideológica]. Depois foi lá, mudou o registro e disse que se enganou. Ele dizia que era formado para mostrar que tem condições de mandar na cidade", provocou.
Operação da PF contra aliado de Fred Rodrigues é citada por empresário
Além disso, Mabel lembrou do caso do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), um dos principais aliados de Rodrigues, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal, na manhã desta sexta, por suspeita de desvio de recursos da cota parlamentar. Pelas redes sociais, Gayer afirmou que o objetivo do cumprimento do mandado de busca e apreensão a dois dias da votação no segundo turno é atingir a candidatura de Rodrigues.
“Ele é de um grupo político diferente, que faz maracutaia. Está aí a Polícia Federal nas casas deles. Assessor com dinheiro. O diabo é pai da mentira e quem mente rouba. Esse é o grupo político que ele [Rodrigues] está montando", disse Mabel, sem citar o nome de Gayer.
O debate em Goiânia foi dividido em quatro blocos e considerações finais. Nos blocos de temas livres, os candidatos administravam o tempo de 10 minutos durante o embate com o adversário. O formato possibilitava que os candidatos deixassem o púlpito com movimentação pelo estúdio.
No blocos temáticos, os candidatos a prefeito de Goiânia também tiveram o banco de tempo com 10 minutos para gastar na discussão de cada tema selecionado pela organização do debate. A mediação foi feita pelo apresentador Luciano Cabral.
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