Com o fim dos oitos anos de mandato do prefeito Marcelo Belinati (PP), a segunda maior cidade do Paraná terá candidatos apadrinhados pelos principais grupos políticos do estado na corrida eleitoral pela prefeitura de Londrina. Ao contrário da tendência de polarização em torno de dois nomes opostos, reflexo da disputa nacional entre direita e esquerda, o município do norte do Paraná, com cerca de 550 mil habitantes, deve ter uma eleição marcada pelo equilíbrio entre novatos na política, deputados estaduais e um ex-prefeito.
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Na avaliação da maioria dos pré-candidatos, a pesquisa eleitoral divulgada na quarta-feira (12) pelo instituto Paraná Pesquisas aponta para o cenário de equivalência de forças às vésperas do início da campanha oficial, em agosto, quando os nomes de candidatos e vices serão expostos com a propaganda eleitoral para o conhecimento da população com a consolidação das principais candidaturas para uma eventual disputa pela prefeitura no segundo turno.
Eleição em Londrina tem cenário de equivalência de forças. Quatro candidatos estão tecnicamente empatados.
Segundo o levantamento, o pré-candidato Tiago Amaral (PSD) tem uma pequena vantagem em relação aos demais concorrentes, com 21,9% das intenções de votos, seguido pelo ex-prefeito Barbosa Neto (PDT) com 16,8%. Filiada ao Progressistas para sucessão de Belinati, a ex-secretária de Educação Maria Tereza concorre pela primeira vez ao cargo e aparece com 15%.
Em seguida, o deputado estadual Tercílio Turini (MDB) e o ex-comandante da PM de Londrina Coronel Villa (PSDB) empatam com 13,5%. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Ou seja, quatros candidatos estão tecnicamente empatados.
Amaral passou a liderar a pesquisa de intenção de votos após receber o apoio oficial da aliança Ratinho-Bolsonaro. Deputado estadual da base do governador Ratinho Junior, presidente do PSD no Paraná, o parlamentar foi escolhido pelo grupo para encabeçar a chapa, que terá o candidato a vice indicado pelo PL.
Um dos principais articuladores do ex-presidente Jair Bolsonaro no Paraná, o deputado federal Filipe Barros (PL) liderava as últimas pesquisas, mas abriu mão do pleito para permanecer na liderança da oposição ao governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados. Em evento partidário, Barros confirmou apoio ao pré-candidato do PSD, Tiago Amaral.
“Sempre batemos na tecla que não haveria uma disputa entre Filipe e Tiago. Se somarmos os eleitores dos dois nomes nas outras pesquisas, isso mostra que ainda temos uma grande margem de crescimento pela frente. Pela identificação que temos e apoio de Ratinho e Bolsonaro, a tendência é que 80% desse eleitorado do Filipe venha, conforme a nossa campanha cresça e ganhe corpo”, afirmou Amaral.
Quem também aposta na transferência de votos é a candidata do Progressistas, Maria Tereza, apadrinhada pelo prefeito Marcelo Belinati, que foi reeleito no primeiro turno das eleições em 2020 e conta com aprovação de 68,4% dos londrinenses, segundo o instituto Paraná Pesquisas. “Isso é fruto do reconhecimento ao trabalho da atual administração que transformou Londrina, e uma esperança de que Londrina continue avançando. Vamos continuar trabalhando muito pelas pessoas, com seriedade e diálogo com toda a sociedade”, declarou em nota.
A pré-candidatura de Maria Tereza faz parte do projeto do partido liderado pelo secretário estadual e ex-ministro Ricardo Barros, que também articula a candidatura do ex-prefeito de Maringá Silvio Barros, irmão do cacique do Progressistas, além de manter a pré-candidatura da filha em Curitiba, a deputada estadual Maria Victoria, presidente estadual do PP no Paraná.
Ex-comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar de Londrina, Coronel Villa (PSDB) avalia o resultado da pesquisa da semana como positivo, mas aguarda o início oficial da campanha para que os nomes dos candidatos fiquem mais claros para a população. “Sou conhecido em minha cidade pelos bons resultados à frente da segurança pública. Mas ainda não sou conhecido por todos como pré-candidato a prefeito. Isso pode fazer toda a diferença no pleito”, comentou o tucano, que se considera um outsider na corrida eleitoral. “Sou o único que vem de fora da política e que, portanto, representa o novo”, completou.
No levantamento, os pré-candidatos Diego Garcia (Republicanos) e Isabel Diniz (PT) também pontuaram com 3,3% e 1,8%, respectivamente. Deputado federal, Garcia deve disputar o voto do eleitorado de direita e também aposta no início da campanha para subir nas pesquisas de intenção de votos.
Na avaliação dele, a saída de Filipe Barros não garante o apoio do eleitor conservador ao nome do pré-candidato do PSD-PL, Tiago Amaral. “Eu sou o único com perfil e histórico de trabalho nessa linha conservadora, dos valores da família. O único que em três mandatos consecutivos, não mudei meu posicionamento no Congresso”, declarou o deputado federal.
Em nota, a pré-candidata petista respondeu que encara com "naturalidade" o resultados da pesquisa. "Ainda é alto o índice de pessoas que não sabem de nossa pré-candidatura como é alto também o número de eleitores indecisos. A campanha começa somente em agosto, mas na pré-campanha estamos percorrendo todas as regiões e sentindo que é grande a esperança por mudanças", disse Isabel Diniz.
Metodologia: O Paraná Pesquisas entrevistou pessoalmente 800 pessoas, entre os dias 6 e 11 de junho de 2024. Confiança: 95%. Margem de erro: 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. Registro no TSE nº PR-23.600/2019.
Pré-candidato projeta segundo turno na eleição a prefeito em Londrina
O deputado estadual Tercílio Turini, pré-candidato pelo MDB, avalia que o cenário da eleição de 2024 em Londrina será diferente dos últimos pleitos liderados pelo prefeito Marcelo Belinati, reeleito no primeiro turno em 2020. “Seguramente, nós teremos uma eleição em dois turnos com vários pré-candidatos no páreo. Isso é importante para cidades com mais de 200 mil eleitores, como é o caso de Londrina. É praticamente uma nova eleição com aprofundamento do debate dos principais temas do município”, analisa.
Questionado sobre as coligações políticas, Turini respondeu que as legendas devem formalizar as alianças e os nomes dos vices entre o dia 20 de julho e 5 de agosto, período das convenções partidárias, mas adiantou que pode ter Jairo Tamura (União Brasil) na chapa. O vereador também é pré-candidato a prefeito de Londrina e não teve o nome incluído no último levantamento do instituto Paraná Pesquisas.
“Nós já temos um compromisso do PSB e do PMB. Nós continuamos trabalhando com o União Brasil, que tem o pré-candidato Jairo Tamura, que a gente respeita pela liderança em Londrina. Estamos em conversas com ele e com a direção estadual do União Brasil para uma coligação com indicação do vice”, disse Turini.
Ex-prefeito cassado ataca instituto de pesquisa e alega perseguição política
O ex-prefeito de Londrina Barbosa Neto (PDT) criticou o resultado do levantamento e atacou o instituto Paraná Pesquisas. “É muito simples fazer essas manobras de dados como o Paraná Pesquisas está acostumado a fazer. Então, é uma pesquisa mentirosa. O instituto errou muito no último pleito presidencial e em vários estados do Brasil”, critica.
O levantamento também aponta que Barbosa Neto tem rejeição de 49,6% do eleitorado em Londrina. O ex-prefeito teve o mandato cassado pela Câmara dos Vereadores em 2012, mas alega perseguição de adversários políticos e diz que provou a inocência em mais de 20 processos na Justiça.
“Eles armaram contra mim e existe um processo apenas que estou em grau de recurso. Não fui condenado em nenhum deles. Os adversários sabem que eu represento uma ameaça”, rebateu Barbosa, que se intitula “candidato freelancer” sem apoio dos governos municipal, estadual e federal com “aliança apenas com o povo” sem coligações com o “centrão, PT ou com extrema direita raivosa”.
Em nota após a publicação da matéria, o PDT Londrina afirmou que o ex-prefeito Barbosa Neto teve a inocência comprovada pela Justiça. No caso da cassação pela Câmara Municipal em 2012, segundo o partido, o processo transitou em julgado em favor do ex-prefeito. Além disso, o PDT alega que a declaração feita por Barbosa Neto à Gazeta do Povo “não se trata de ataque do pré-candidato ao instituto de pesquisa e sim de constatação fática e desconfiança visto que o instituto é contratado por adversários políticos.”
“Também a perseguição política está comprovada pelos 21 processos a que Barbosa respondeu e foi inocentado. A matéria ao dar destaque à cassação e dizer que ele atacou o instituto o publicado deixa margem de desequilíbrio de interpretação entre os pré-candidatos. Fato que a nosso ver pode ser considerado campanha negativa contra Barbosa”, contesta a nota assinada pelo presidente do PDT Londrina, Ricardo Moura.
Matéria atualizada após nota do PDT Londrina.
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