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Ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, Marcelo Queiroga conta com 11% das intenções de voto à prefeitura de João Pessoa
Ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, Marcelo Queiroga conta com 11% das intenções de voto à prefeitura de João Pessoa| Foto: Cassio Murilo/Campanha de Marcelo Queiroga

Ex-ministro da Saúde no governo de Jair Bolsonaro, Marcelo Queiroga (PL) concorre à prefeitura de João Pessoa e tem apostado no apoio do ex-presidente e na alta votação que ele conquistou em 2022 na capital paraibana.

No segundo turno de 2022, Lula venceu em João Pessoa, mas por uma margem muito pequena. A menor margem do país, aliás. O petista conquistou 229.251 (50,1%) dos votos, contra 228.326 (49,9%) do candidato do PL – uma diferença de apenas 925. Entre as capitais do Nordeste, só Maceió deu mais votos a Bolsonaro do que João Pessoa. 

Dois anos depois, os números de Queiroga, no entanto, não são tão positivos. Na última pesquisa Quaest, divulgada nesta terça-feira (17) pelo portal de notícias G1, o atual prefeito da cidade, Cícero Lucena (PP), lidera com folga: tem 49% da intenção de votos do eleitorado na pesquisa estimulada, enquanto o ex-ministro de Bolsonaro aparece empatado com o candidato do PT, Luciano Cartaxo, ambos com 11%. À frente dos dois está o candidato Ruy Carneiro (Podemos), com 14%.

Os dados mostram que uma parte dos eleitores de Bolsonaro em 2022 está tendendo a não votar no candidato dele para a prefeitura da cidade. Para Queiroga, pode haver erro nas pesquisas. ”Não há dúvida de que os eleitores que votaram no presidente Bolsonaro vão optar por nossa candidatura. Se as pesquisas eleitorais ainda não apontaram esse fato, isso se deve a questões metodológicas”, disse o candidato à reportagem da Gazeta do Povo.

“Em 2022, os candidatos mais votados [na cidade] são do nosso espectro politico, inclusive, Sérgio Queiroz, candidato mais votado ao Senado na região metropolitana de João Pessoa. Estou confiante na nossa participação no segundo turno das eleições. Não temos dúvida”, continuou.

Queiroga também atribui a preferência atual do eleitorado à dificuldade de fazer campanha política, com suposta perseguição de facções criminosas a candidatos da oposição. Na última semana, a Polícia Federal deflagrou a operação Território Livre,  que apura crimes de aliciamento violento de eleitores e a atuação de uma organização criminosa.

Os candidatos de PT e Podemos à prefeitura de João Pessoa, além do próprio Queiroga, se uniram para protocolar no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) um pedido de envio de tropas federais até o término do processo eleitoral, para garantir a segurança do pleito. Eles acusaram Cícero Lucena de estar envolvido. O prefeito nega as acusações.

“Durante o processo eleitoral houve restrição de acesso e ameaças em algumas comunidades da cidade. No âmbito da operação Território Livre a própria vereadora que é investigada, em sua rede social, diz que teve seu acesso restrito ao bairro São José, pois seria área de outro vereador, e somente conseguiu entrar no bairro quando acompanhou a campanha majoritária do prefeito, candidato a reeleição, Cícero Lucena”, diz Queiroga.

A desembargadora Agamenilde Dias, presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB), no entanto, afirmou que a Corte não viu necessidade para a convocação das Forças Armadas durante a campanha eleitoral. Ela nega que o TRE-PB tenha descartado o pedido, e explica que a responsabilidade de demandar o pedido de tropas federais cabe aos magistrados. “A narrativa política não me importa, me importa tratar institucionalmente o que diz a legislação”, disse à imprensa na ultima segunda-feira (16).

Ela informou que os juízes eleitorais de João Pessoa, em decisão conjunta, não identificaram fatos que colocassem em risco a segurança das eleições de outubro e que, por este motivo, eles negaram pedido das três coligações para aprovação de tropas federais na cidade.

“Ainda que possa haver situação de criminalidade em comunidades de João Pessoa, não há relatos de fatos ocorridos nos locais com ameaças diretas ou indiretas com intuito de obstruir o pleito ou colocar em risco a segurança dos políticos, agentes públicos e eleitores”, diz trecho da decisão.

A estratégia de Queiroga

Uma das estratégias de Queiroga na disputa é a de apostar no cenário nacional para conquistar votos na disputa local. Na campanha, o candidato se apresenta como o 50º ministro da Saúde do Brasil e usa imagens de Bolsonaro. Em seu perfil na rede social Instagram, ele fixou um vídeo em que aparece ao lado do ex-presidente com a legenda: “um voto com a assinatura do mito: Bolsonaro apoia Queiroga”.

No dia 7 de setembro, Queiroga participou do ato na Avenida Paulista, em São Paulo, ao lado de Bolsonaro. Também conta com a promessa da ex-primeira-dama, Michelle, de ir a João Pessoa ainda no primeiro turno para reforçar o apoio da família Bolsonaro a ele.

O que explica as intenções de voto à prefeitura de João Pessoa

Priscila Lapa, analista política ouvida pela Gazeta do Povo, afirma que o cenário nacional tem influência nas eleições municipais, mas que o contexto local também conta muito. “Eu acredito que o lulismo e o bolsonarismo ainda são panos de fundo importantes para orientar a visão de mundo dos eleitores brasileiros. De maneira geral, as pessoas buscam essa referência na hora de escolher seus candidatos e essa escolha ainda orienta o debate político de maneira geral. Porém, a eleição municipal tem um fator de elementos locais, que nem sempre conseguem ser suplantados. É a eleição de avaliação de resultados de uma forma mais próxima”, diz.

Para ela, o pleito municipal é uma ”eleição de mudança ou de continuidade” e, por isso, existe um certo pragmatismo do eleitor ao escolher seu candidato. “Essa identificação com o lulismo ou o bolsonarismo pode se refletir em uma rejeição a determinados temas, por exemplo. Um candidato que tem boa avaliação e tende a ser reeleito pode se complicar se abordar certas questões que são caras a um determinado segmento do eleitorado. Assim, ele tende a focar nas entregas, realizações, mais do que no grande debate que embala lulismo x bolsonarismo”.

Metodologia da pesquisa Quaest: 852 entrevistados pela Quaest entre os dias 14 e 16 de setembro de 2024 em João Pessoa. A pesquisa foi contratada pela Televisão Cabo Branco Ltda/TV Cabo Branco. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PB-09810/2024.

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