O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), disputará o segundo turno com o ex-ministro da Saúde na gestão Bolsonaro, Marcelo Queiroga (PL), em votação no dia 29 de outubro. O resultado diverge das pesquisas que apontavam a vitória de Lucena.
No resultado desse primeiro turno, conforme apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluída às 18h58, Cícero conquistou 49,16% (205.122 votos) e Queiroga teve 21,77% (90.840 votos). Na sequência dos votos, aparecem Ruy Carneiro (Pode) com 16,71% (69.712 (votos) e Luciano Cartaxo (PT) com 11,77% (49.110 votos).
Cícero tem apoio do governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), e Queiroga, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O candidato do presidente Lula, Luciano Cartaxo (PT), ficou em 4º lugar no pleito.
Lucena já havia sido prefeito de João Pessoa por mais dois mandatos (1997-2000 e 2001-2004). Foi eleito senador da Paraíba em 2006 e, em 2012, concorreu novamente à prefeitura da capital, mas perdeu. Nas eleições seguintes, em 2020, voltou a comandar o Executivo municipal de João Pessoa.
Na semana anterior ao pleito deste ano, a esposa do prefeito, Lauremilia Lucena, foi presa numa operação da Polícia Federal (PF) por suspeita de aliciamento violento de eleitores. Ela foi solta dois dias depois a pela Justiça da Paraíba.
Marcelo Queiroga foi ministro da Saúde no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e contou com o apoio da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro na reta final da campanha em João Pessoa. Ele apostou no cenário nacional para conquistar votos na disputa local.
Na campanha, Queiroga repetiu que teria a experiência necessária por ter administrado um orçamento do Ministério da Saúde. Também usou muito a sua promessa de "lutar contra o crime organizado", em contraposição a Lucena.
O que indicavam as pesquisas antes do primeiro turno em João Pessoa
A campanha eleitoral em João Pessoa (PB) foi marcada por certa tranquilidade para o atual gestor, que desde as primeiras pesquisas despontava em primeiro lugar com folga, enquanto os principais adversários disputavam acirradamente o segundo lugar. Faltando menos de duas semanas para o primeiro turno, o instituto Real Time Big Data divulgou uma pesquisa, no dia 25 de setembro, que indicava o candidato Cícero Lucena com 53% das intenções de voto na pesquisa estimulada, o que significaria vitória já no primeiro turno.
Ruy Carneiro (Podemos) e Luciano Cartaxo (PT) permaneceram empatados tecnicamente na maior parte da campanha, com Marcelo Queiroga (PL) se aproximando paulatinamente. No meio da campanha, os três adversários se uniram numa acusação contra Lucena, acusando-o de envolvimento com o crime organizado e pedindo a ida das Forças Armadas para garantir eleições seguras na capital paraibana.
Na véspera do primeiro turno (5 de outubro), outras duas pesquisas eleitorais mostraram como estava a intenção de voto do eleitor na capital. O levantamento da Quaest indicava Lucena com 55% dos votos válidos na pesquisa estimulada, contra 17% de Carneiro e 16% de Queiroga. Já na sondagem de votos feita pelo instituto AtlasIntel Lucena tinha 41,1%, Queiroga 21,4% e Carneiro 21%, também no cenário estimulado com votos válidos.
Aliciamento violento de eleitores
O pedido dos adversários de Lucena, durante a campanha, foi motivado pela deflagração, pela Polícia Federal, da operação Território Livre, no bairro São José, em João Pessoa. A investigação apurava crimes de aliciamento violento de eleitores e atuação de uma organização criminosa.
A primeira-dama do município, Lauremília Lucena, chegou a ser presa, no dia 28 de setembro, suspeita de envolvimento em um esquema com uma facção criminosa para influenciar as eleições municipais. De acordo com o que era investigado, ela teria supostamente feito acordo com criminosos em busca de apoio nos territórios em que eles têm controle. Ela foi solta no dia 1º de outubro, por determinação da juíza Maria de Fátima Lúcia Ramalho, da 64ª Zona Eleitoral/PB, que aplicou medidas cautelares.
Os desafios que o prefeito deverá enfrentar após o resultado das eleições em João Pessoa
João Pessoa ficou em 12º lugar entre as 27 capitais brasileiras no ranking das melhores cidades para se viver no país, elaborado pela Gazeta do Povo. Na lista geral, a capital paraibana ficou na 1.121ª posição entre os mais de 5,5 mil municípios.
Números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) mostram a cidade com o ensino fundamental com média abaixo da nacional. Entre os desafios que o prefeito precisará enfrentar, também está o combate à pobreza. De acordo com o Boletim Desigualdade nas Metrópoles, mais de 46% dos moradores da região da Grande João Pessoa encontram-se em situação de miséria.
Metodologia das pesquisas citadas:
- 1.000 entrevistados pela Real Time Big Data entre os dias 23 e 24 de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela 3 Poderes Mídia e Comunicação LTDA / 3 Poderes. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PB-07966/2024.
- 1.000 entrevistados pela Quaest entre os dias 4 e 5 de outubro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Televisão Cabo Branco Ltda/TV Cabo Branco. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PB-09810/2024.
- 1.595 entrevistados pela AtlasIntel entre os dias 29 de setembro e 4 de outubro de 2024. A pesquisa em João Pessoa foi contratada pela AtlasIntel. Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº PB-04892/2024.
Deixe sua opinião