Eleitores foram às urnas em todo o Brasil para o primeiro turno, neste domingo (6).| Foto: Infografia/Gazeta do Povo
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David Almeida (Avante) vai disputar o segundo turno das eleições municipais em Manaus contra Capitão Alberto Neto (PL). O cenário é resultado da apuração das urnas na capital do Amazonas, neste domingo (6).

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Com 100% das urnas apuradas, David Almeida teve 32,16% dos votos válidos (354.596 votos), e Capitão Alberto Neto registrou 24,94% dos votos válidos (275.063 votos).

David Almeida é manauara e começou a carreira política há 20 anos, quando foi candidato a vereador em 2004. Deputado estadual por três mandatos consecutivos – com direito a passagem pela presidência da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas – Almeida assumiu interinamente o governo do estado em 2017. Ele tentou se manter no cargo em 2018, mas foi derrotado. Em 2020 se elegeu prefeito no segundo turno.

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Capitão Alberto Neto é de Fortaleza (CE). Ele, que é policial militar de formação e ex-sargento controlador de voo da Aeronáutica, contou com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha. Deputado federal eleito em 2018, Alberto Neto garantiu mais um mandato na Câmara Federal em 2022.

Campanha foi marcada por CPIs contra o prefeito e candidato à reeleição

Durante a campanha, David Almeida sofreu diversos ataques por parte dos adversários, principalmente por suspeitas de corrupção na gestão. O prefeito é alvo de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) abertas na Câmara Municipal de Manaus. A primeira delas, do início de 2024, investiga o suposto envolvimento de aliados de Almeida em um esquema de pagamentos ilegais a blogueiros e influenciadores digitais.

A segunda, instaurada em setembro, tem como foco contratos firmados entre a administração municipal e empresas ligadas à sogra, ao genro e à noiva do prefeito. Uma das empresas teria fechado contratos emergenciais – e, portanto, sem licitação – de fornecimento de veículos à prefeitura de Manaus. O prefeito nega as irregularidades e diz que a instalação das CPIs tem motivação política.

Após o resultado das eleições em Manaus, segurança pública será ponto de preocupação à gestão

Problemas na área da segurança pública são um nó para a próxima gestão municipal ajudar a desatar após o resultado das eleições em Manaus. A capital do Amazonas ficou com uma das notas mais baixas neste quesito no ranking elaborado pela Gazeta do Povo sobre as melhores cidades para se viver no Brasil. Em uma escala que vai de 0 a 10, sendo 10 o melhor cenário possível, Manaus ficou com uma nota abaixo de 2 em relação ao número de homicídios cometidos no município.

O índice é corroborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O estudo “Cartografia das Violências na Região Amazônica” identificou uma “intensa presença de facções do crime organizado e de disputas entre elas pelas rotas nacionais e transnacionais de drogas que cruzam a região”.

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De acordo com o fórum, há, no Amazonas, uma atuação solidificada de facções criminosas como o Comando Vermelho e o PCC. Segundo o estudo, os grupos atuam na região do Rio Solimões, uma das principais vias de transporte de droga no norte do Brasil. “Além disso”, segue o FBSP, “há grupos de piratas que interceptam a droga pelos rios na região de Coari, a ‘Família do Coari’, deixando ainda mais complexos os conflitos entre facções nesse estado que se constitui a grande porta de entrada da cocaína em território brasileiro”.

Para TSE, influência do crime organizado nas eleições "não pode ser subestimada"

No último dia 30, uma operação da Polícia Federal (PF) abordou uma aeronave que partiria do Aeroclube do Amazonas com destino à cidade de Jutaí (AM). Durante a ação, policiais federais localizaram uma sacola e uma caixa de papelão contendo dinheiro em espécie dentro de um avião fretado. O responsável pela aeronave foi encaminhado à PF para prestar declarações. A suspeita da Polícia Federal é de que o dinheiro seria utilizado na prática de crimes eleitorais.

A presença do crime organizado na região foi notada pela presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. Para ela, o crime organizado brasileiro tenta influenciar nas eleições e que para enfrentar esse quadro, são necessárias medidas e ações precisas do Poder Judiciário.

Amazonas concentrou a maioria dos pedidos para envio de forças federais como forma de garantir segurança nas eleições 2024.

Para a ministra, o “crime quer formular leis” e ela defende que a “Justiça deve dar respostas imediatas”. Cármen Lúcia destacou que a tentativa de influência e de infiltração de grupos criminosos nas eleições é “bastante grave” e que “não pode ser subestimada”.

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No fim de setembro, o TSE autorizou o envio da Força Federal a vários estados como uma forma de garantir a segurança nas eleições. Dos pouco mais de 50 pedidos de envio das forças, quase 40 deles foram registrados no estado do Amazonas. “Política não é violência, é a superação da violência. Violência praticada no ambiente da política desrespeita não apenas o agredido, senão ofende toda a sociedade e a democracia”, declarou a presidente do TSE.