“Estrategista de campanhas”, Manuela D’Ávila encara fracasso de clientes nas eleições

A ex-deputada federal Manuela D’Ávila, que deixou a carreira política de lado e decidiu investir numa empresa de consultoria de comunicação para candidatos, viu apenas dois - dos sete clientes no total - conseguirem se eleger no pleito municipal deste ano. No total, a D'Ávila & Schaidhauer Consultoria em Comunicação Ltda. recebeu o montante de R$ 1,03 milhão na campanha de 2024. Os dados foram declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ela prestou serviço para três candidatos a prefeito: Guilherme Boulos (Psol), em São Paulo; Natália Bonavides (PT), em Natal (RN); e Taliria Petrone (Psol), em Niterói (RJ). Boulos e Bonavides chegaram ao segundo turno, mas foram derrotados no último domingo (27).

O candidato que pagou mais caro para a empresa da ex-deputada foi Boulos: R$ 470 mil. O serviço prestado foi de coordenar a estratégia, a produção de conteúdo e a administração de redes sociais da campanha, de acordo com nota da assessoria de imprensa enviada à Folha de S. Paulo.

Bonavides e Petrone pagaram, respectivamente, R$ 300 mil e R$ 160 mil. Elas declararam a despesa apenas como "serviços próprios prestados por terceiros", sem especificar qual tipo de trabalho foi feito pela consultoria.

Quatro candidatos a vereador também contrataram a consultoria de D’Ávila: Abgail Pereira, Luciane Pereira, Erick Dênil e Giovani Culau, todos do PCdoB de Porto Alegre. Os dois últimos foram eleitos. Veja abaixo qual quantia foi paga por cada um e qual serviço foi prestado:

• Abgail Pereira (PCdoB): R$ 86,2 mil - serviços prestados por terceiros
• Giovani Culau (PCdoB): R$ 11,2mil - produção de programas de rádio, televisão ou vídeo
• Luciane Pereira (PCdoB): R$ 8 mil - produção de programas de rádio, televisão ou vídeo
• Erick Dênil (PCdoB): R$ 1,6 mil - produção de programas de rádio, televisão ou vídeo

Manuela D’Ávila deixa PCdoB

A ex-deputada anunciou a saída do PCdoB, partido ao qual estava filiada há 23 anos, no último dia 22 de outubro, durante participação de evento organizado pelo portal ICL. "Depois de [quase] 25 anos num único partido, eu não sou uma mulher sem partido por opção, eu sou por falta de opção, por falta de condições de qual caminho seguir", disse.

Após ser derrotada nas eleições de 2018 como vice de Fernando Haddad (PT) na disputa pela Presidência da República, D’Ávila fracassou novamente na busca por um cargo majoritário em 2020, então na prefeitura de Porto Alegre (RS). À época, a gaúcha anunciou que não concorreria mais a nenhum cargo eletivo por tempo indeterminado.

A Gazeta do Povo buscou contato com D’Ávila, sem sucesso. O espaço continua aberto para eventuais manifestações.