Às vésperas do primeiro turno das eleições de 2024, candidatos de diversas cidades têm apelado para o voto útil como estratégia para vencer o pleito ou conquistar uma vaga no segundo turno. Em São Paulo, por exemplo, o atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) se apresenta como uma opção de "voto útil" para que nem Guilherme Boulos (Psol) nem Pablo Marçal (PRTB) sejam eleitos.
Já em Porto Alegre, a candidata Juliana Brizola (PDT) tem se colocado como “voto útil” para evitar a reeleição de Sebastião Melo (MDB) - já que a pesquisa AtlasIntel divulgada em 30 de setembro aponta que ela seria a única candidata que derrotaria o atual prefeito em eventual segundo turno.
“O voto útil pode ser uma estratégia utilizada por alguns candidatos para tentar ofuscar outras candidaturas e até implodir candidaturas. Então, por exemplo, quando você ver que tem um candidato que vem em terceiro ou quarto lugar que está crescendo e pode tirar votos daqueles que estão acima. Muitas vezes os que estão acima podem usar desse discurso para fazer com que os outros não cresçam”, explica o professor de Administração Pública e pesquisador da área de Cultura Política da Udesc Daniel Moraes Pinheiro.
Do ponto de vista do eleitor, o voto útil “é direcionado para aqueles que têm alguma chance de vitória. Muita gente diz assim: 'Ah, até gosto de tal candidato, tal candidata, mas não vou jogar o voto fora'. E aí acaba escolhendo um outro porque disseram que tem mais chance de ganhar ou porque as pesquisas apontaram que determinado candidato pode ganhar, é a ideia de voto útil”, afirma o professor.
Voto útil útil exige cuidado, diz especialista
O voto útil pode acabar favorecendo candidatos clássicos que são eleitos de forma recorrente ou aqueles que têm apoio de uma grande figura - minando a possibilidade de renovação na política. “Precisamos tomar muito cuidado com esse conceito de voto útil, porque pode parecer uma coisa tranquila, mas é um comportamento culturalmente muito ruim”, alerta Pinheiro.
O conceito de voto útil é mais uma estratégia do eleitor e do candidato, não tem relação com os tipos de voto previstos na legislação eleitoral, como votos válidos, em branco ou nulo.
Os votos válidos são aqueles direcionados a determinado candidato ou partido. Já os votos nulos e os em branco não são considerados válidos. Ou seja, se o eleitor não quiser optar por algum dos postulantes a determinado cargo, ele pode invalidar seu voto.
O voto em branco ocorre quando o eleitor não quer votar em nenhum candidato e ao mesmo tempo deseja anular seu voto, clicando na tecla específica para votos em branco nas urnas eletrônicas. Já o voto nulo acontece quando o eleitor insere um número que não pertence a nenhum candidato ou partido político, podendo ser um erro intencional ou não.
*Metodologia: 1.191 entrevistados pela AtlasIntel entre os dias 24 e 29 de setembro de 2024. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº RS-07152/2024.
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