Os diferentes cenários apontados pelas pesquisas eleitorais em São Paulo

Divulgadas nesta segunda-feira (23), as pesquisas eleitorais dos institutos AtlasIntel e Real Time Big Data apontam para os cenários mais recentes - e distintos - da preferência do eleitor sobre o voto a prefeito de São Paulo nas eleições de 2024.

Enquanto a Real Big Data - pesquisa contratada pela 3 Poderes Mídia e Comunicação e encomendada pela Record TV - coloca o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na liderança do levantamento estimulado, com 27% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Guilherme Boulos (Psol) com 24% e Pablo Marçal, 21%, a AtlasIntel aponta que Boulos estaria na frente com 28,3% das intenções de votos do paulistano no primeiro turno. Nunes e Marçal aparecem empatados com 20,9%.

No segundo turno, as pesquisas Real Big Data e AtlasIntel também apresentam cenários distintos com vitórias de candidatos diferentes. A metodologia empregada por cada instituto de pesquisa é diferente.

A Real Time Big Data usa o que é considerada a metodologia tradicional: entrevistou 1,5 mil eleitores entre sexta-feira (20) e sábado (21), sendo 54% mulheres e 46% homens. A formação de 48,2% dos pesquisados é de “ensino médio completo”. Por outro lado, a AtlasIntel informa que “os entrevistados são recrutados organicamente durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo” e que o método contempla “diversas fontes de viés e lida com a possível super ou sub-representação de grupos demográficos.”

De acordo com o instituto, “as amostras da AtlasIntel são pós-estratificadas usando um algoritmo interativo em um conjunto mínimo de variáveis de destino: sexo, faixa etária, nível educacional, nível de renda, região e comportamento eleitoral anterior. As amostras resultantes do processo de pós-estratificação se assemelham ao perfil da população adulta do Brasil, inclusive da população que possui um acesso mais limitado à tecnologia”.

Foram 2.218 respondentes à pesquisa Real Time Big Data entre a última terça-feira (17) e este domingo (22). A amostragem tem 54,5% de mulheres e 43,8% de eleitores com ensino superior, o que representa uma diferença no nível de escolaridade dos entrevistados, além da metodologia de coleta dos dados de cada instituto.

Nas duas pesquisas eleitorais de São Paulo, a candidata Tabata Amaral (PSB) assumiu a quarta colocação na disputa com José Luiz Datena (PSDB), candidato que ainda apresenta o maior índice de rejeição entre os concorrentes, conforme a Real Big Data. Depois de agredir Pablo Marçal com uma cadeirada durante o debate da TV Cultura, o índice de rejeição de Datena atingiu a marca de 57% na pesquisa, seis pontos percentuais acima de Boulos e Marçal, que aparecem com 51%.

Segundo turno é obstáculo para Marçal, apontam levantamentos

Na pesquisa divulgada pela Record TV, o prefeito Ricardo Nunes vence a disputa pela prefeitura de São Paulo nos dois cenários simulados. Segundo o levantamento, o candidato à reeleição bateria Boulos com 47% dos votos válidos contra 35% da preferência do eleitorado no candidato de esquerda, que tem o apoio do presidente Lula (PT).

Nunes também venceria o empresário Pablo Marçal por 44% a 32%, conforme a pesquisa. Na simulação de segundo turno entre Boulos e Marçal, os candidatos ficam empatados tecnicamente com 40% e 38%, respectivamente, dentro da margem de erro de três pontos percentuais.

A AtlasIntel também aponta para a dificuldade de Marçal no segundo turno, apesar da mudança de cenário com vitórias apertadas de Boulos. No levantamento, o candidato do Psol bate o prefeito de São Paulo em números totais, mas dentro da margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. Boulos teve 41,7% da preferência dos eleitores, enquanto Nunes somou 39,5% das respostas enviadas pela internet. Boulos também venceria Marçal por uma diferença de 5,9 pontos.

O empresário ainda perderia as eleições, de acordo com a pesquisa, para Tabata e Nunes no segundo turno, sendo que a diferença para o prefeito de São Paulo é de quase 20 pontos percentuais, no placar de 47,5% contra 28%. A candidata do PSB também vence a simulação contra Nunes e fica empatada tecnicamente com Boulos, com ligeira vantagem de 1,7 em favor da deputada federal: 33,2% para Tabata contra 31,5% para o psolista.

A aprovação da gestão Nunes à frente da prefeitura de São Paulo é outro ponto de divergência nas duas pesquisas publicadas nesta segunda-feira. Enquanto a Real Big Data aponta para 54% de aprovação pelos paulistanos, a avaliação positiva do prefeito cai para 27%, de acordo com a AtlasIntel.

Metodologia das pesquisas citadas:

• 1.500 entrevistados pelo Real Time Big Data entre os dias 20 e 21 de setembro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pela 3 Poderes Mídia e Comunicação. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-00265/2024.

• 2.200 entrevistados pela AtlasIntel entre os dias 17 e 22 de setembro de 2024. A pesquisa para a prefeitura de São Paulo foi contratada pela própria AtlasIntel Tecnologia de Dados Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-03546/2024.

Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais  

A Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população.

Métodos de entrevistas, composição e número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar no resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.

Pesquisas publicadas nas últimas eleições, por exemplo, apontaram discrepâncias relevantes em relação ao resultado apresentado na urna. Feitos esses apontamentos, a Gazeta do Povo considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.