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Daniel Coelho (PSD)
Daniel Coelho (PSD) é candidato à prefeitura do Recife| Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Em entrevista à Gazeta do Povo, o ex-secretário de Turismo e Lazer e candidato à prefeitura do Recife nas eleições de 2024 Daniel Coelho (PSD) fez duras críticas à gestão de João Henrique Campos (PSB), afirmando que a cidade enfrenta um colapso nas áreas de transporte público e habitação. Para o candidato, a ausência de investimentos municipais nessas áreas tem aprofundado a desigualdade social e prejudicado a mobilidade dos recifenses.

Daniel Coelho defende, caso eleito, prioridade para políticas habitacionais e a remodelação do sistema de transporte coletivo, além de equipar a Guarda Municipal para atuar no combate à criminalidade. Para ele, a gestão atual falha em oferecer soluções efetivas para problemas crônicos da cidade. Todos os candidatos à prefeitura do Recife foram convidados pela Gazeta do Povo para entrevista.

Confira a entrevista com o candidato Daniel Coelho

De acordo com o levantamento mais recente do Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), Recife se destacou em segundo lugar no Mapa da Desigualdade entre as Capitais Brasileiras, sendo superada apenas por Porto Velho (RO). O que fazer para tirar a cidade dessa situação?

A gente não ostentava esses índices sociais em governos anteriores, mas houve uma deterioração da desigualdade e aumento da miséria. Uma das principais causas é a ausência de política habitacional. O déficit habitacional atinge mais de 200 mil pessoas e os investimentos decresceram. Na gestão do prefeito João Paulo, 4,5 mil casas foram construídas; João da Costa fez um pouco mais de 3 mil, Geraldo Julio fez 1,9 mil, e o atual prefeito fez apenas 1,2 mil. Além disso, de um orçamento de R$ 140 milhões, apenas R$ 13 milhões foram investidos na habitação.

Recife foi a única capital do Brasil que não teve debate entre os candidatos até agora, o que dificulta o julgamento da população.

Daniel Coelho, candidato do PSD à prefeitura de Recife

Um levantamento feito pela Defesa Civil mostrou que Recife tem 206 mil pessoas vivendo em 21 áreas de alto risco, como inundações e deslizamentos. Se eleito prefeito, o que pretende fazer para enfrentar essa situação, especialmente durante o inverno?

Houve um histórico de investimentos decrescentes nas áreas de morros. No último ano de Geraldo Julio, foi investido R$ 1,6 milhão em geomantas; já o atual prefeito reduziu esse valor pela metade - R$ 800 mil. Só após o desastre de 2022, quando muitas vidas e casas foram perdidas, a prefeitura começou a agir. Hoje, temos R$ 320 milhões no orçamento, mas apenas R$ 50 milhões foram executados. Precisamos priorizar as áreas de maior risco, que são classificadas de nível 1 a 4, começando pelo nível 4, e evitar obras de visibilidade nas entradas de bairros e terminais de ônibus.

O Anuário da Segurança Pública de 2023 coloca Recife em 10° lugar no ranking de roubo e furto de celulares e em 9° lugar em mortes violentas. Como a prefeitura pode ajudar a reduzir esses índices?

Embora segurança pública seja, em grande parte, responsabilidade do governo estadual e federal, as prefeituras precisam assumir um papel mais ativo. O atual governo investiu em equipamentos como o Compaz, mas sem resolver problemas básicos como saúde, moradia e urbanização, o que não reduziu a violência. Além disso, Recife é a única capital do Nordeste que ainda não armou sua Guarda Municipal. Estamos com menos de 1,7 mil guardas municipais, e muitos estão migrando para outras carreiras. Nossa proposta é fortalecer a Guarda Municipal e integrá-la com as demais forças de segurança, como as polícias Militar e Civil.

Segundo a Traffic Index 2023, Recife tem o segundo pior trânsito do Brasil, com os moradores gastando em média 116 horas por ano no trânsito. Quais soluções você propõe para melhorar a mobilidade?

Recife adotou um modelo diferente das demais capitais; o município não investe no transporte público. Em 66 cidades, Recife é a segunda pior em investimentos. Não há prioridade para o transporte público. Proponho destinar R$ 150 milhões para remodelar o sistema de transporte coletivo e priorizar a eficiência do sistema de ônibus, que hoje é de baixa qualidade e extremamente demorado.

Recife é a única capital do Brasil que não faz qualquer aporte no sistema de transporte público.

Daniel Coelho, candidato do PSD à prefeitura de Recife

O metrô do Recife está entre os principais temas de mobilidade, e a governadora Raquel Lyra defendeu a privatização. Qual sua opinião sobre isso?

Não me envolvo diretamente nesse debate, pois o metrô é uma questão federal e está em processo de estadualização. Minha prioridade é o sistema de ônibus, que atende a maior parte da população e está completamente abandonado. Recife é a única capital do Brasil que não faz qualquer aporte no sistema de transporte público.

Recentes pesquisas eleitorais* mostram o atual prefeito, João Campos, liderando com uma folga considerável (pelo Datafolha, João Campos tem 76% das intenções de voto). O que faltou para a oposição se destacar?

Há uma vantagem grande para o prefeito, em parte porque ele teve uma comunicação muito eficaz. No entanto, essa comunicação descolou a imagem do prefeito dos problemas da cidade, como pobreza, trânsito e saúde. A campanha deve ter o papel de expor essa realidade. Além disso, é importante destacar que o Recife foi a única capital do Brasil que não teve debate entre os candidatos até agora, o que dificulta o julgamento da população.

Acha que duas candidaturas de oposição dividiram o voto?

Não vejo problema em termos várias candidaturas, pois cada uma representa um campo político com visões diferentes. A unidade de oposição não faz sentido, já que temos projetos distintos, tanto em âmbito local quanto nacional.

*Metodologia da pesquisa citada: 910 entrevistados pelo Datafolha entre os dias 17 e 18 de setembro de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Folha de S. Paulo e pela Rede Globo. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PE-02953/2024.

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