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Em entrevista à Gazeta do Povo, Técio Teles (Novo) apresentou suas propostas para a prefeitura de Recife (PE).
Em entrevista à Gazeta do Povo, Tecio Teles (Novo) apresentou propostas para a prefeitura de Recife (PE).| Foto: Francisco Lima/Divulgação campanha Técio Teles

Técio Teles, de 34 anos de idade, é o candidato do partido Novo à prefeitura de Recife (PE). Advogado de formação, tem histórico no Exército Brasileiro, onde foi oficial por oito anos. Na administração pública, Teles foi secretário municipal em Belo Jardim (PE), coordenador-geral e diretor de planejamento no Ministério da Educação, na gestão do então ministro Mendonça Filho. Sua última passagem pela gestão pública foi como chefe de gabinete da vice-governadora do estado de Pernambuco, Priscila Kraus.

O candidato se define como "o único representante da direita lúcida" na disputa pela prefeitura de Recife. Na entrevista à Gazeta do Povo, Técio Teles apresentou propostas de parcerias público-privadas como base de seu plano de governo para diversas áreas, como saúde, educação e assistência social.

Todos os candidatos à prefeitura de Recife foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.

Confira a entrevista com o candidato Técio Teles

Quem é o Técio Teles que está concorrendo à Prefeitura do Recife?

Agradeço a oportunidade da Gazeta em nos ouvir para que a gente possa apresentar as nossas propostas, aquilo que a gente acredita que é o melhor caminho para a cidade do Recife. Eu sou Técio Teles, pernambucano, 34 anos de idade, sou casado, pai de uma mocinha de sete anos, e estou nessa, digamos, empreitada por acreditar que o Recife precisa, de fato, de uma mudança na política da nossa cidade.

Recife vem, ao longo dos últimos 24 anos, sendo administrado pelo mesmo grupo político da esquerda, do PT e do PSB. Diante dessa realidade do nosso município, eu coloquei o meu nome à disposição. Além dessa minha identidade do ponto de vista pessoal, profissionalmente trago 16 anos de experiência, seja no serviço público, seja na iniciativa privada.

Somos uma direita lúcida, capaz de se posicionar do ponto de vista ideológico sem entrar na polarização com radicalismos que acabam não construindo.

Técio Teles, candidato do Novo à prefeitura de Recife

Fui oficial do Exército durante oito anos, fui secretário municipal de Planejamento de um município chamado Belo Jardim, de aproximadamente 100 mil habitantes aqui em Pernambuco. Em seguida ocupei o cargo de coordenador geral e diretor de planejamento no Ministério da Educação, na gestão do então ministro Mendonça Filho. Saindo do ministério, depois de dois anos e meio, fui para a iniciativa privada, enquanto advogado, e foi quando tive a oportunidade de estar ali, perto do Partido Novo.

Conheci o Novo em 2019 e em 2020 fui candidato a vereador em Recife. Naquela eleição, o nosso partido não montou uma chapa que pudesse eleger ninguém. Eu fiquei entre os mais votados do partido, mas o partido não fez o coeficiente eleitoral necessário. Passou as eleições, fui tocar minha vida na iniciativa privada. E o último cargo que eu ocupei foi de chefe de gabinete da vice-governadora do estado de Pernambuco Priscila Kraus, ficando até dezembro do ano passado quando, dentro de uma conjuntura partidária e pessoal, a gente entendeu que o nosso nome faria sentido para a cidade do Recife enquanto candidato a prefeito.

Pudemos fortalecer, além do nosso nome, o partido, que em Pernambuco conta com quase 200 candidatos em todas as regiões do estado, para vereador e prefeitos. Em 2020 eram 13 candidatos. E a gente vem com a chapa completa, uma candidatura posicionada no campo da direita, liberal na economia, mas eu tenho dito que é uma direita lúcida, capaz de dialogar, de se posicionar do ponto de vista ideológico, mas sem entrar num quesito de polarização, onde a gente fica tendo radicalismos que acabam não construindo. A gente vem apresentando o diagnóstico daquilo que não está bom na cidade do Recife, apresentando propostas e soluções.

Dentro do seu plano de governo, a segurança pública é o primeiro dos temas elencados. E o senhor cita aumento nos índices de homicídios, crimes contra o patrimônio, casos de violência contra a mulher. Como pretende contribuir a partir da prefeitura com ações de segurança pública?

Não só no Recife, mas no Brasil, a gente tem um aumento da criminalidade, do crime organizado, de crimes violentos contra o patrimônio. É uma realidade assustadora no nosso país. Diagnosticado isso, eu entendo que uma cidade com 1,5 milhão de habitantes, como é o Recife, não pode ficar de fora do debate e apenas terceirizar as soluções, dizendo que a responsabilidade é culpa do governo do estado.

Ora, a gente tem um universo de 1.750 guardas municipais que poderiam estar contribuindo em conjunto com a Polícia Militar para a segurança pública na cidade do Recife. Infelizmente, hoje, esses servidores não utilizam arma de fogo, eles não fazem parte da solução. Então, de maneira objetiva, a gente entende que deve haver um treinamento adequado. A gente propõe criar uma academia da Guarda Municipal, para que a gente possa preparar esses homens e mulheres para participar do enfrentamento da violência na cidade do Recife. Ter nos vários pontos de grande fluxo da cidade do Recife uma viatura da Guarda Municipal com giroflex ligado, dois guardas municipais armados, protegendo sim o patrimônio, que é uma das responsabilidades, mas protegendo também as pessoas.

A partir do momento que você coloca a viatura, você já afasta aquele crime de menor potencial ofensivo, como roubo, furto, porque o Estado se faz presente. E você acaba liberando as polícias para combater os crimes de maior potencial ofensivo. Além disso, a gente entende que videomonitoramento, por meio de câmeras de reconhecimento facial, maior investimento em iluminação pública na cidade, são medidas que a prefeitura pode e deve adotar no sentido de contribuir no enfrentamento à violência.

O armamento da Guarda Municipal é uma questão muito antiga e o senhor propõe essa revisão. Isso pode refletir num aumento no efetivo? De onde que vem o recurso?

Recife é a única Guarda Municipal entre as capitais do país inteiro que não é armada. Então, a gente está na contramão disso quando a gente vê exemplos como a Guarda Municipal de São Paulo, que está armada há mais de 38 anos. Hoje a Senasp, que é a Secretaria Nacional de Segurança Pública, vinculada ao Ministério da Justiça, detém dotações específicas no sentido de fortalecer as guardas municipais.

Além disso, do ponto de vista de viabilizar recursos por meio dessas parcerias, a gente precisa fazer um reajuste no orçamento da cidade do Recife. Nos últimos quatro anos Recife gastou quase R$ 300 milhões em publicidade. A gente saiu de um orçamento de R$ 12 milhões em 2020 para quase R$ 100 milhões no ano passado de publicidade.

Técio Teles projeta aumentar efetivo da Guarda Municipal em 30% no período de quatro anos.

A gente tem, além de publicidade, investimento de mais de R$ 70 milhões em calçada. Ora, isso tudo é importante, mas será que tem tudo isso para publicidade numa cidade onde tem gente morando em palafita, um nível de pobreza - a segunda capital mais desigual do país e está entre as 10 capitais mais violentas? Dinheiro de onde tirar a gente tem e a nossa perspectiva é que aumente o efetivo em 30% ao longo dos quatro anos.

No seu plano, o senhor cita um ranking mundial que coloca Recife como a segunda capital mais congestionada do país, que perde mais tempo em congestionamento do que a própria cidade de São Paulo. Os recifenses ficam mais de 110 horas, em média, por ano no trânsito. O que a prefeitura pode fazer para desatar esse nó?

A prefeitura do Recife vem sendo inerte nesses últimos 24 anos. A última grande obra de infraestrutura que nossa cidade teve foi a construção da chamada Via Mangue, que é uma via estruturante que conecta bairros da zona sul. Essa obra foi planejada ainda no final da década de 1990 e executada ao longo desses últimos anos.

Teve recentemente também em Recife a "Veneza brasileira", a "cidade das pontes". Passou 12 anos para entregar uma ponte de 360 metros de comprimento. Quando a gente faz o paralelo, a ponte Rio-Niterói no Rio de Janeiro levou cinco anos na década de 1970. E a gente aqui, com toda essa tecnologia, passou 12 anos para entregar uma única ponte na cidade do Recife, em que todo o contorno viário no entorno não foi concluído.

Então a gente tem algumas frentes que precisa encarar. A primeira delas é a falta de investimento e eficiência em obras viárias. Por mais que a gente entenda que não é só isso que vai resolver o problema, o Recife precisa avançar nisso. É uma capital complexa, com quase 500 anos, e não existem soluções simples para problemas complexos, mas tem que se iniciar. A gente precisa repensar obras de infraestrutura.

A gente passou 12 anos para entregar uma ponte de 360 metros em que todo o contorno viário não foi concluído.

Técio Teles, candidato do Novo à prefeitura de Recife

Além disso, vamos discutir com o Consórcio Grande Recife o transporte público. Só por meio do transporte público de massa é que a gente consegue ter um trânsito com maior fluidez. Sob responsabilidade do governo do estado, o consórcio é o responsável pelo transporte público da região metropolitana - Recife é um dos 14 municípios que a compõem. A capital tem 1,5 milhão de habitantes e a região metropolitana 4 milhões de habitantes, entre as maiores do país. E o cidadão hoje é metropolitano. Ele mora em Olinda, trabalha no Recife; ele mora em Jaboatão dos Guararapes, trabalha em Olinda. Então, o transporte público precisa ser pensado com eficiência. E hoje o que a gente tem é uma terceirização também dessa responsabilidade pela atual gestão.

Ou seja, não há o subsídio do ponto de vista adequado e nem a participação. O gestor atual não se mete e diz que o transporte público é com o consórcio Grande Recife e a responsabilidade é do governo do estado. Mas as pessoas moram no município, então a gente precisa sentar com independente quem seja o governador, colocar o problema na mesa e fazer com que as soluções apareçam, com maior investimento em transporte público. E a gente precisa provocar o que o mundo vem promovendo, transporte com VLT (veículo leve sobre trilhos), transporte que funciona.

Falando nisso, há registros no site da prefeitura de que era para o VLT estar em funcionamento no segundo semestre de 2012, após os primeiros testes. Isso vai ser tirado do papel?

Recife teve algumas obras que foram preparadas para a Copa do Mundo em 2014 - e sequer ficaram prontas. Eu fiz algumas críticas e quando eu coloquei a questão do grupo político atual é porque é o mesmo grupo que administrava o governo do estado e a prefeitura do Recife, que é do partido do atual gestor, o PSB.

Obras como o BRT da Avenida Caxangá, uma das maiores aqui da nossa cidade, não foram concluídas e era para ficar pronta antes de 2014. Está lá, uma obra abandonada, no meio da nossa cidade. Aí quando você faz alguma crítica, volta para aquela fala: “Ah, isso não é comigo, é com o governo do estado”. Mas o atual prefeito era chefe de gabinete do antigo governador, em 2020. Antes de ser eleito prefeito, ele era chefe de gabinete e deputado federal. Ora, por que não resolveu? Então a gente precisa encarar esse problema.

Pode ter certeza de que no primeiro dia [se eleito] a gente vai estar na porta do governo do estado, e seja de quem for a responsabilidade pela Secretaria de Infraestrutura, nós vamos colocar nossa equipe para solucionar esse problema. Quem não pode ser penalizado é o povo, são as pessoas mais humildes que precisam usar o transporte público, que precisam acordar 4h, 5h da manhã para pegar ônibus, metrô. Todo dia o metrô quebra. “Ah, não, o metrô é responsabilidade do governo federal”. Ora, ninguém tem responsabilidade, então a gente precisa resolver isso.

Em relação ao desemprego, dados da PNAD mostram que Pernambuco foi o estado que teve o maior índice de desemprego no Brasil agora no segundo trimestre, se repete em relação ao primeiro trimestre. É uma realidade que se reflete em Recife. Como a administração municipal pode colaborar para reduzir esse índice de desemprego?

Recife é a terceira capital do país com o maior número de pessoas empregadas, é quase 12% de taxa de desemprego, segundo o Caged. Então, você trouxe uma informação muito importante, se reflete sim no Recife. Quando a gente vai para jovens até 24 anos, essa taxa é quase 17% de desemprego, ou seja, assustador.

Quando a gente vai para um comparativo local com Fortaleza, com Salvador, Recife fecha o segundo quadrimestre agora de 2023 em terceiro lugar na geração de emprego. O saldo positivo de Salvador é mais de 20 mil empregos, Fortaleza mais de 18, 15 mil, enquanto o Recife fecha com saldo de aproximadamente 10 mil empregos. Além de nós termos a terceira capital com o maior número de pessoas desempregadas, a gente não tem uma capacidade de resposta e de enfrentamento a isso. O desemprego é uma realidade, e isso tem um agravante em outras áreas, porque quando não tem salário, não tem dinheiro, não tem o que levar para casa, afeta tudo na vida do cidadão. Você tem que ter um meio de sobreviver.

E quando a gente olha para nossa cidade, não tem uma política pública clara que fomente isso. Nos últimos 12 anos de gestões do PSB, Recife aumentou em 1,8% a taxa de desemprego. Em nenhum momento o desemprego diminuiu. A gente propõe um Estado mais enxuto, mais eficiente, políticas públicas em que a gente possa ter um direcionamento do uso do recurso.

Recife é uma capital inchada, ou seja, um orçamento de quase R$ 8 bilhões e sem ter uma capacidade de resposta para isso. A gente defende de imediato a ampliação da lei de liberdade econômica, cujo objetivo é simplificar a abertura de novos negócios. É a facilitação de abertura de novos negócios, onde você inclui atividades de baixo risco e aquelas atividades para existirem, aquele tipo de negócio para ser aberto, com uma série de facilitadores. Ele não precisa de alvará, de licença. Tendo colocado um ativo como atividade de baixo risco, o pequeno empreendedor já abre [o negócio] mais tranquilo, sem precisar de taxa de bombeiro e outros requisitos.

E isso, infelizmente, é uma política muito da esquerda, que defende um Estado maior, um Estado que se mete em tudo e torna a máquina pública ineficiente. Então, de cara, nós vamos ampliar de 430 para mil as atividades de baixo risco na cidade do Recife. Vamos criar também um ambiente de ouvidoria, para acolher e incentivar o empreendedorismo. É só através do empreendedorismo, da geração de emprego, da capacitação profissional que a gente consegue mudar a realidade da vida das pessoas. Diferente disso, a gente fica refém de políticas assistencialistas o tempo inteiro.

Muita gente pergunta: “ah Técio, mas você é do partido Novo, que defende empresário e empreendedor, não defende o trabalhador”. Empreendedor, empresário também é trabalhador. E o trabalhador precisa sim ser protegido. Mas se não tiver o lugar, o empreendedor, o empresário, que abre um negócio, não tem emprego. Então a gente precisa fazer com que isso aconteça de maneira clara, para que as pessoas possam voltar a trabalhar na cidade do Recife.

A partir disso, melhorando a segurança pública, ajustando o ponto de vista administrativo, investindo em iluminação pública, a gente vai também investir para atrair turistas para a cidade do Recife. Hoje o turista chega no aeroporto, vai para Porto de Galinhas, Carneiros e Maragogi, mas não fica na nossa capital. Quando questionado sobre REcife, responde: “Fui não, é muito violento. Não quis ficar nem um dia”.

Acaba sendo uma cidade de passagem...

Exatamente, o turista só desce no aeroporto. O prejuízo disso é o desemprego. A gente tem um centro com as ruas mais antigas do país. Um potencial histórico, turístico. Aqui nós fomos um país antes do Brasil ser Brasil, a gente já bradava a independência. Então nós temos um turismo cultural rico que precisa ser explorado. E tudo isso gera emprego, renda, melhora a vida das pessoas. Mas precisa ser incentivado pelo poder público. É dessa forma que a gente acredita que vai aumentar e melhorar a empregabilidade na cidade do Recife.

Em relação à gestão pública, o seu projeto de governo prevê busca de receita extraordinária com concessão, privatização, venda de patrimônio. O senhor já tem uma lista de ativos, talvez os primeiros a entrarem nesse processo?

Recentemente foi publicada aqui a concessão de alguns parques públicos, que é algo que a gente defende. Que bom que até mesmo antes de a gente estar botando no plano de governo, o pessoal entendeu que é bom e está tentando fazer uma política pública liberal, que é aquilo que a gente defende. Então, algumas partes públicas a gente precisa fazer isso, enxugar. A gente tem muito prédio público, patrimônio tanto da União quanto do governo do Estado e do município, que a gente pode buscar parcerias para que sejam entregues de imóveis alugados na cidade do Recife.

Esse mapeamento a gente só tem condições de fazer a partir do momento em que a gente chega na prefeitura. Hoje, o que a gente tem de direcionamento é: vai ser feito. E já existe o formato adequado para isso.

Na área da saúde, o senhor defende e concentra ações como o uso de tecnologia, gestão baseada em dados, triagem digital. O senhor acredita que isso já é suficiente para melhorar o cenário da saúde no Recife?

Eu acho que isso faz parte de um começo. Além disso, defendemos parcerias público-privadas. Recentemente eu tive no Sindhospe, que é o sindicato que reúne todos os hospitais particulares, filantrópicos, do estado do Pernambuco, e recebi um dado muito interessante. Recife é o segundo maior polo médico do país, só perde para São Paulo. Temos pessoas que vêm da Europa para realizar procedimentos cirúrgicos aqui na nossa capital, porque a gente tem um serviço médico de qualidade. Além disso, a arrecadação do maior volume de ISS é com a questão médica na área de saúde, seguido pela construção civil. Então é o segundo setor que mais arrecada.

O que a gente defende são parcerias público-privadas por meio de edital de credenciamento. Nós vamos chamar a rede de laboratórios e os grandes hospitais para que se conveniem com a prefeitura. Hoje a gente tem uma realidade que as pessoas têm que chegar 2h, 3h da manhã num posto de saúde para enfrentar a fila e fazer o exame. E quando é atendida, o médico passa um exame laboratorial simples, um hemograma, alguma coisa, e o posto de saúde também não tem condições de fazer. E aí passa mais 10, 15 dias. Tem um laboratório municipal, o Lacen, que não tem perna para atender todo mundo.

Tem muita gordura que dá para enxugar e trazer uma gestão pública eficiente para a nossa cidade.

Técio Teles, candidato do Novo à prefeitura de Recife

Aí quando consegue, o paciente volta e tem situações que o posto de saúde não tem impressora para imprimir o resultado do exame. Isso é fato, é andando e ouvindo as pessoas. O paciente morre e não é diagnosticado e nem atendido. Não tem uma medicação para que possa se resolver, quando 80% das doenças poderiam ser evitadas no primeiro atendimento com diagnóstico sendo realizado. A gente precisa melhorar a eficiência disso por meio de tecnologia. Mas a gente precisa resolver o problema de quem está doente hoje, porque doença não programa o dia.

Então a gente vai credenciar para que no prazo de até 10 dias, se o município não conseguir fazer exame, a gente vai encaminhar essa pessoa para um laboratório ou hospital privado. De onde é que vai sair o dinheiro para isso? A gente já conversou com o próprio Sindhospe, tem como fazer, tanto do ponto de vista de compensação tributária quanto do ponto de vista da cobertura do próprio SUS, a partir do momento que você vincula. E mais uma vez eu digo, só de publicidade foram quase R$ 300 milhões. Tem muita gordura que dá para enxugar e trazer uma gestão pública eficiente para a nossa cidade.

Junto com a saúde, educação e assistência social são outras áreas no seu plano que tem bastante previsão de parceria com o setor privado. Isso pode ser visto como um indicativo de que a administração municipal já não consegue cuidar sozinha desses problemas da cidade?

Eu entendo que sim. Ninguém faz nada sozinho e a gente precisa fomentar boas parcerias. Aqui foi desenhado recentemente um modelo de parceria público-privada, mas que foi desvirtuado. Inclusive, o gestor foi denunciado no Ministério Público Eleitoral pelo formato inadequado de convênio com as creches. Foi desvirtuada uma ferramenta que é positiva.

Quando a gente fala em fazer parcerias, tem que considerar uma série de fatores. A gente tem em torno de 100 mil alunos na rede municipal e uma carência de quase 5 mil vagas de creche. A gente precisa abrir vagas suficientes e entender também a longo prazo. A taxa de natalidade está diminuindo e isso é importante a partir do momento que você tem uma visão política de estar construindo e abrindo mais creches, porque nem se consegue fazer isso na velocidade adequada para dar vazão à necessidade. E o custo disso é muito caro.

Um custo médio do aluno no Recife é em torno de R$ 15 mil por ano, mais de R$ 1 mil por mês. Se a gente credencia colégios da rede privada, repito, por meio de edital de credenciamento, obedecendo a base nacional curricular e o conteúdo programado previsto pela cidade do Recife, fazendo a fiscalização adequada daquele colégio, você permite que aquela mãe que precisa deixar o filho numa creche, numa escola para ir trabalhar, faça isso. E o Estado pode até economizar nisso.

Quando a gente divide a rede de alunos de 100 mil pelo custo dos 25% [do orçamento] que é empregado na educação, a gente tem um custo de quase R$ 15 mil. Tem colégio de bairro que cobra uns R$ 700, R$ 800 e com uma boa qualidade. Então, você fomenta a empregabilidade, porque aquelas pessoas de certa forma estão contribuindo, carteira assinada. Mas você não onera a administração pública, você facilita situações.

O que é péssimo no serviço público - eu passei 15 anos nele - quebra um equipamento, como um ar condicionado, e a licitação não funciona. O aluno passa dois meses com calor e não chega o ar condicionado. Quando você bota o privado, você vai cobrar dele, o colégio vai ter que se adequar para abrir aquela vaga. Isso tem a previsão legal.

Como o senhor espera superar a barreira de não ser tão conhecido entre os eleitores do Recife?

De fato é uma dificuldade. A gente está num partido que não tem grandes estruturas, um partido que aqui no Nordeste ainda tem uma visão muito que é um partido da direita, que é liberal. As pessoas não têm clareza do que é isso. Mas a gente entende que a nossa campanha está posicionada no campo da oposição, e que independente da pesquisa eleitoral, eu sou muito confiante no papel que a gente tem que exercer na democracia.

A democracia pressupõe pluralidade de ideias, oposição, pessoas que pensem diferente. E se a gente fosse se balizar só por pesquisa eleitoral, não teria nem eleição, não faria sentido. E o que a gente não pode é dar uma carta em branco e dizer que Pernambuco é uma capitania hereditária da família Campos e Arraes, que está dominando a nossa política há mais de 30 anos.

Eu não venho de família política, não tenho pais políticos, não tenho padrinhos na política. Mas eu acredito que só por meio dela é que a gente vai mudar a vida das pessoas. E é por isso que estou candidato a prefeito do Recife, e a forma que a gente tem para vencer o desconhecimento é trabalhando. A gente tem trabalhado aí ao longo dos últimos meses 16 horas por dia, caminhando o Recife. As pessoas muitas vezes me perguntam: “mas Tecio, essa animação toda, você está com 1%, 2% das pesquisas, qual é o sentido disso?”. O sentido é que a gente precisa participar da democracia, apresentar aquilo que a gente pensa com muita verdade e elevar as discussões.

E só fazendo um ponto para encerrar: quando a gente olha para a realidade de São Paulo, a gente vê que se tornou um circo a política. É um absurdo, cria uma cortina de fumaça e afasta mais ainda o cidadão de bem de querer participar. Então, a forma que a gente tem para participar e combater o mal, combater aquilo que a gente acredita que não está certo é trabalhando, juntando gente em prol do processo, levando ideias e propostas. E o resultado depende do trabalho, depende de Deus e depende da vontade popular.

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