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Herdeiro de Eduardo Campos, João Campos pode ir para o segundo mandato como prefeito do Recife
João Campos concorre à reeleição pela prefeitura do Recife| Foto: Rodolfo Loepert/Prefeitura do Recife

Liderando com mais de 75% das intenções de voto de acordo com os últimos levantamentos dos institutos Paraná Pesquisa, Real Time Big Data e Quaest, o atual prefeito do Recife, João Henrique Campos (PSB), 30 anos, desponta como um dos candidatos mais consolidados a vencer uma disputa municipal já no primeiro turno. Jovem, de olhos verdes e sorriso simpático, Campos vem construindo sua carreira política aliando um capital político de décadas com uma abordagem moderna nas redes sociais.

O gestor também conta com 77% de aprovação pelos moradores do Recife, segundo levantamento feito pelo Datafolha, e é visto como uma das promessas da esquerda para o futuro pós-Lula. Com 2,4 milhões de seguidores no Instagram, o socialista ocupa as primeiras posições entre os políticos de esquerda, perdendo apenas para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem 13 milhões de seguidores.

Natural do Recife, o primogênito do ex-governador Eduardo Campos, morto em 2014, é formado em engenharia pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Além de carregar o sobrenome do pai, Campos tem o legado do ex-governador Miguel Arraes, seu bisavô. Atualmente, a avó Ana Arraes é ministra do Tribunal de Contas da União (TCU).

A chegada de João Henrique Campos à política começou antes de 2016, quando assumiu a chefia do gabinete do então governador Paulo Câmara (PSB). O cargo também havia sido ocupado pelo pai durante o segundo governo de Miguel Arraes, de 1987 a 1990. Na época, o movimento foi visto como uma preparação para o lançamento de João Henrique Campos no pleito de 2018. Naquela eleição, ele teve a maior votação no estado para o cargo de deputado federal, com 460 mil votos.

O sucesso eleitoral fez com que o PSB investisse no parlamentar para a campanha municipal de 2020. Ele obteve 447.913 votos, que representaram 56,27% dos válidos, contra 348.126 votos de Marília Arraes, prima dele. Com essa vitória, o PSB conquistou o cargo de prefeito da capital pela sétima vez.

Mas o que explica o sucesso político de Campos? Para além da herança política, o consenso entre analistas e adversários políticos é que João soube utilizar com eficiência as redes sociais para promover sua gestão. Em entrevista à Gazeta do Povo, Daniel Coelho (PSD), candidato à prefeitura do Recife, reconheceu a capacidade de comunicação do gestor recifense, mas afirmou que Campos "descola" a imagem do Recife. "Há uma vantagem grande para o prefeito, em parte porque ele teve uma comunicação muito eficaz. No entanto, essa comunicação descolou a imagem do prefeito dos problemas da cidade, como pobreza, trânsito e saúde", disse Coelho.

Disputa familiar entre João Campos e Marília Arraes marcou eleição de 2020

O confronto entre os primos trouxe à tona anos de rivalidade e divergências familiares. A trajetória de atritos começou ainda em 2014, quando Marília e Eduardo Campos, primo e pai de João, começaram a se desentender dentro do PSB.

O estopim veio quando Eduardo vetou a candidatura de Marília à Câmara dos Deputados, abrindo caminho para o futuro político de João. A relação entre os primos deteriorou-se de tal forma que, após a morte de Eduardo, Marília chegou a ser desconsiderada nos eventos em sua homenagem, como o velório do primo.

O embate mais intenso aconteceu durante a campanha para a prefeitura. Marília, forte na periferia e com o apoio de Lula, ameaçava o domínio do PSB, que há anos comandava o Recife. João, por sua vez, contava com o respaldo da máquina política e da campanha agressiva do então prefeito Geraldo Julio, que explorou o desgaste do PT entre eleitores evangélicos e de classes altas. Propagandas ligavam Marília a figuras polêmicas do partido, como Gleisi Hoffmann e José Dirceu, além de relembrar seu trabalho acadêmico sobre o aborto.

Por outro lado, Marília chegou a chamar o primo de "frouxo" na rede social X, acusando-o de se esconder atrás da vice, Isabella de Roldão (PDT). "João Campos é frouxo, colocou a vice para criticar as nossas propostas. Se o candidato quiser, crie coragem e venha debater o Recife", disse, à época, a candidata.

Ao final, João Campos venceu a prima no segundo turno, consolidando seu nome no cenário político local. A rivalidade entre os primos, no entanto, continua a influenciar o jogo político de Pernambuco, com Marília se afastando do PT e traçando novos planos para o futuro, enquanto João busca consolidar sua gestão à frente da capital pernambucana.

Por outro lado, a relação entre os dois vem se reestruturando desde 2022. Na época, João chegou a apoiar a prima no segundo turno da disputa pelo governo do estado, contra a atual governadora Raquel Lyra (PSDB). Em abril deste ano, ambos se reconciliaram visando as eleições municipais. O ato foi selado com a participação de Lula, que na época visava colocar o PT na vice de Campos.

Campos descartou PT para evitar polarização entre Lula e Bolsonaro

Apesar da movimentação de Lula, o prefeito do Recife recusou a formação de chapa com o Partido dos Trabalhadores. Nos bastidores da política pernambucana, dois motivos foram vistos como centrais para a decisão: o primeiro seria evitar uma polarização com o Partido Liberal, representado por Gilson Machado Neto (PL).

Com a crescente disputa entre Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas capitais, a avaliação do PSB era de que não valia a pena dar espaço para uma nacionalização do pleito municipal. Com o foco nas pautas locais, o entendimento era de que o prefeito teria mais força contra os adversários. Além disso, ter um vice petista poderia atrapalhar o diálogo com eleitorados mais refratários ao PT, como os evangélicos.

O segundo motivo se deu pela preferência pessoal de João. O chefe do Executivo municipal buscava um nome de confiança para entregar a prefeitura em uma eventual disputa ao governo do estado, em 2026. Para isso, ele escolheu seu chefe de gabinete e braço direito, Victor Marques (PCdoB). A escolha também visou dar uma alternativa ao PT, já que o PCdoB é coligado com a sigla de Lula. Entretanto, a medida não agradou o diretório municipal, que preferia um nome petista.

Relacionamento de João Campos e Tabata Amaral vira alvo de adversários na campanha em São Paulo

O relacionamento entre o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e a deputada federal Tabata Amaral (PSB), candidata à prefeitura de São Paulo, entrou no centro das discussões eleitorais na capital paulista. A relação, que teve início em 2019 durante o trabalho conjunto dos dois em uma comissão da Câmara dos Deputados para fiscalizar o então ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, se tornou alvo de críticas de adversários e tema recorrente na campanha de Tabata.

Na segunda-feira (30), Pablo Marçal chamou a deputada de “talarica” – um termo pejorativo usado para quem supostamente se envolve com pessoas comprometidas. A referência foi ao noivado anterior de João Campos. O prefeito noivo de Lara Santana, filha da deputada estadual de Pernambuco Simone Santana (PSB) e do candidato a prefeito de Ipojuca (PE), Carlos Santana (Republicanos). Eles estiveram juntos durante sete anos e anunciaram o término do relacionamento em 2019.

“Se alguém for no Google e pesquisar as coisas que você fez com a mulher que ia casar com o cara que você namora. Você destruiu um noivado, o sonho de uma mulher que tinha sete anos de namoro. Eu só tenho a dizer que você é uma talarica. E você tinha que respeitar as mulheres. É muito ruim você posar de bonitinha e de santinha, sendo que você apoia o Lula, que foi o cara que mais desviou dinheiro na história do Brasil”, disse Marçal durante entrevista à imprensa, após o debate do UOL.

O rumor dito pelo candidato do PRTB circula há anos na capital pernambucana, mas nunca houve confirmação de que a relação com Tabata tenha sido o motivo do término do noivado. Nas redes sociais, Tabata já relatou que o término do relacionamento anterior de Campos não teve relação com o atual namoro dos dois.

Comentando o assunto, João Campos afirmou que a declaração de Marçal busca “causar tumulto” na eleição paulista. “Mais uma mentira para causar tumulto na eleição de São Paulo”, afirmou João Campos, em entrevista à coluna de Paulo Cappelli, no Metrópoles.

Metodologia das pesquisas mencionadas:

  • 800 entrevistados pelo Paraná Pesquisas entre os dias 28 de setembro e 1º de outubro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Nassau Editora Rádio e TV Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 3,5 pontos percentuais. Registro no TSE nº PE-04889/2024.
  • 1.000 entrevistados pelo Real Time Big Data entre os dias 27 e 28 de setembro de 2024. A pesquisa em Recife foi contratada pela 3 Poderes Mídia e Comunicação. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PE-06893/2024.
  • 900 entrevistados pela Quaest entre os dias 27 e 29 de setembro de 2024. A pesquisa em Recife foi contratada pela Globo Comunicação e Participações SA/TV/Rede/Canais/G2C+Globo Globo.com Globoplay. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PE-04873/2024.
  • 910 entrevistados pelo Datafolha entre os dias 17 e 18 de setembro de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Folha de S. Paulo e pela Rede Globo. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº PE-02953/2024.
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