O prefeito João Henrique Campos (PSB) foi reeleito para um segundo mandato neste domingo (6), após a votação em primeiro turno das eleições municipais de 2024. Com 100% das urnas apuradas, Campos teve 78,11% dos votos válidos (725.721 votos).
O segundo colocado na disputa foi Gilson Machado (PL), com 13,90% dos votos válidos (129.138 votos).
A confirmação da reeleição de Campos veio às 18h35, quando haviam sido apuradas cerca de 72% das urnas da capital pernambucana.
A preferência do eleitor por Campos é vista por analistas e pelos próprios adversários como uma estratégia bem sucedida de marketing político nos últimos dois anos. O prefeito de 30 anos centrou sua atuação nas redes sociais e no público jovem. Além disso, Campos teve o apoio direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de ter escolhido um vice do PCdoB e vetado uma indicação petista.
Inicialmente, o PT tentou emplacar o nome do vice na chapa de Campos, mas a avaliação da campanha socialista era que ter um nome do partido de Lula poderia dar espaço par a polarização com o Partido Liberal, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Apesar do candidato Gilson Machado (PL) contar com o apoio do ex-mandatário, o ex-ministro do Turismo registrou alto índice de desconhecimento por parte dos recifenses em várias pesquisas registradas nos últimos meses. Além disso, a capital pernambucana é vista como um forte reduto do eleitorado de esquerda.
A denúncia feita por Machado e pelo também candidato Daniel Coelho (PSD) sobre um suposto esquema envolvendo a contratação de creches por Campos foi um dos pontos altos da campanha. O caso foi trazido à tona pelo site Marco Zero Conteúdo, que apurou um suposto uso das creches por vereadores e candidatos aliados de Campos. Segundo o veículo, 23 unidades estariam sendo geridas por cabos eleitorais do prefeito recifense.
A denúncia foi amplamente usada por Machado em inserções de campanha, o que gerou medidas judiciais por parte do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE). O candidato do PL chegou a perder 238 inserções eleitorais e 38 minutos no guia eleitoral, dando a Campos um amplo espaço para direito de resposta.
Quem é João Campos
Natural do Recife, João Campos é primogênito do ex-governador Eduardo Campos, morto em 2014 em um acidente aéreo, com Renata Campos. Ele é formado em engenharia pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).
Além de carregar o sobrenome do pai, Campos carrega o legado do ex-governador Miguel Arraes, seu bisavô. Ainda tem como avó Ana Arraes, ministra do Tribunal de Contas da União (TCU).
A entrada dele na política se deu em 2016, quando assumiu a chefia do gabinete do então governador Paulo Câmara (PSB). Em 2018, João Campos foi eleito deputado federal com 460 mil votos, o mais votado no estado. Dois anos depois, foi alçado prefeito do Recife com 447 mil votos - 56,27% dos votos válidos.
Após o resultado das eleições no Recife, os desafios que o novo prefeito deve enfrentar
Com uma população de 1.488.920 pessoas, de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2022, o Recife ficou na 15ª colocação entre as 27 capitais brasileiras em um ranking elaborado pela Gazeta do Povo sobre as melhores cidades para se morar no país. No ranking geral, a capital pernambucana ocupa a 1.811ª posição entre os 5,5 mil municípios brasileiros.
Um dos principais desafios do chefe do Executivo municipal será combater a miséria que assola a cidade. Um levantamento feito pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), publicado neste ano, mostrou que Recife tem o segundo pior índice no mapa da desigualdade entre as 26 capitais brasileiras. Para estabelecer o ranking, foram atribuídas notas para cada fator avaliado. A pontuação máxima possível era a de 1.040. O Recife, no entanto, obteve apenas 392 pontos.
Outro problema enfrentado pelos recifenses é conviver com o segundo pior trânsito do país, ficando atrás apenas de São Paulo. De acordo com ranking foi publicado pela Traffic Index 2023, foram gastas em média 116 horas no trânsito no ano passado.
A segurança também preocupa. Um ranking de criminalidade internacional elaborado pela plataforma Numbeo.com mostrou que o Recife ocupa a 13ª posição entre as 50 mais perigosas do mundo. Já o Anuário da Segurança Pública 2024 mostrou que a capital pernambucana aparece em 10° lugar entre as capitais mais violentas do país.