Aliado de Lira, JHC foi reeleito com 83% dos votos e pode ser candidato ao governo do Alagoas| Foto: Felipe Sóstenes/Câmara dos Deputados
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Dos 20 prefeitos de capitais brasileiras que buscam a reeleição em 2024, metade conseguiu a vitória no primeiro turno e outros seis prefeitos seguem na disputa por mais quatro anos de mandato no segundo turno das eleições. Além disso, quatro prefeitos foram derrotados nas urnas neste domingo (6).

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No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) foi reeleito sem sobressaltos e dará início ao quarto mandato à frente da capital fluminense. Paes conseguiu reunir nove partidos e a Federação PT-PCdoB-PV pela reeleição, além de alianças com políticos aliados, que estão filiados nos partidos da principal chapa de oposição ao prefeito, entre eles, o senador Romário (PL) e o deputado federal conservador Otoni de Paula (MDB).

Sob a tutela do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassb, Paes escolheu um vice-prefeito dentro do próprio partido, apesar da frente de partido pela reeleição, o que é visto como a sinalização que o prefeito pode deixar a gestão carioca para disputar o governo do estado em 2026, que pode ter até uma revanche contra Alexandre Ramagem (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, caso o deputado federal seja escolhido para concorrer ao Palácio Guanabara.

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O PL também conseguiu reeleger no primeiro turno os prefeitos João Henrique Caldas, o JHC, em Maceió (AL), e Tião Bocalom, em Rio Branco (AC). A reeleição de JHC com 83,25% dos votos teve o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), como aliado e um apoio mais tímido de Bolsonaro. Mesmo assim, JHC é uma das principais apostas do PL para a disputa dos governos estaduais no país.

“O cenário é muito claro: a direita e a centro-direita saíram fortalecidas nas capitais. A exceção é Recife, no Pernambuco, onde a votação de João Campos (PSB) foi absolutamente significativa. Nas outras, percebemos que a centro-direita e direita liquidando a fatura no primeiro turno ou indo com grande chance para o segundo turno”, observa Lucas Zandona, cientista político e professor da Estácio Belo Horizonte.

O prefeito de Recife foi reeleito com mais de 78% dos votos e aparece com um dos principais nomes da esquerda para a disputa de governos estaduais em 2026. “Isso nos dá um cenário do que pode acontecer nas eleições gerais em dois anos. Ou seja, prevalece esse antagonismo muito forte entre o lulismo e entre o bolsonarismo, ou dito de outra forma, entre a esquerda e a direita no Brasil”, pontua Zandona.

Das 15 capitais brasileiras onde acontecem a disputa pelo segundo turno, o PT disputará apenas em quatro cidades. Em Cuiabá (MT) o confronto será entre Abílio Brunini (PL) e Lúdio Cabral (PT); em Fortaleza (CE) André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT); em Natal (RN) a disputa será entre Paulinho Freire (União Brasil) e Natália Bonavides (PT) e Porto Alegre (RS) entre o prefeito Sebastião Melo (MDB) e Maria do Rosário (PT).

Prefeitos mal avaliados não conseguiram se reeleger

Em Belo Horizonte, o prefeito Fuad Noman (PSD) disputa o segundo turno com Bruno Engler (PL), que teve mais votos que o atual mandatário da capital mineira ao contar com ex-presidente Bolsonaro como padrinho. Desconhecido do eleitor belo-horizontino, Noman só cresceu após o início da propaganda eleitoral de rádio e TV e o "voto útil" da esquerda, que viu as candidatuas do PT e PDT derreterem durante a campanha, também pesou na ida do prefeito ao segundo turno. Mas, outros prefeitos de capitais não conseguiram a administrar a falta de popularidade ou a rejeição do eleitorado local, o que provocou a resposta do cidadão nas urnas.

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Em Belém, o atual prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) recebeu pouco mais de 78 mil votos e terminou a disputa do primeiro turno com 9,78% dos votos válidos. Outro exemplo é o candidato à reeleição em Teresina, no Piauí, Dr. Pessoa (PRD). Ele obteve apenas 2,21% dos votos válidos, ficando em terceiro lugar nas urnas, obtendo apenas 10.131 votos.

“Para mim é apenas continuísmo, sem mudança da cabeça do eleitor. Contudo, podemos afirmar que os municípios ficaram mais “conservadores”, considerando a vitória da direita nas capitais”, diz cientista político.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]