O deputado estadual Tiago Amaral (PSD) é o prefeito eleito no segundo turno das eleições municipais 2024 em Londrina (PR). Ele derrotou nas urnas a ex-secretária municipal de Educação Maria Tereza Paschoal de Moraes (PP), que era apoiada pelo atual prefeito, Marcelo Belinati. O resultado das eleições em Londrina foi confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por volta das 18h.
Com 100% das urnas apuradas, Tiago Amaral ficou com 143.745 votos, 56,32% dos votos válidos. Ele derrotou sua adversária, Professora Maria Tereza (PP), que ficou com 111.464 votos, 43,68% dos votos válidos.
Natural de Londrina, Tiago Amaral é filho de Durval Amaral, que foi deputado estadual entre os anos de 1994 e 2011, ex-secretário chefe da Casa Civil do Paraná entre 2011 e 2012 e atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) – órgão presidido por Durval entre os anos de 2017 e 2018.
Formado em Direito, Tiago Amaral trabalhou como controlador-geral do Paranacidade, órgão estadual responsável por políticas de desenvolvimento dos municípios, antes de assumir uma cadeira na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) pela primeira vez, em 2014.
No início de 2023, Amaral assumiu a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alep. Aos 36 anos, ele foi o parlamentar mais jovem a ocupar o posto desde a redemocratização do Brasil, com a Constituição de 1988.
Campanha foi marcada por denúncias de corrupção
Durante a campanha no segundo turno, Maria Tereza e Tiago Amaral trocaram acusações sobre casos pregressos envolvendo suspeitas de corrupção. O deputado alegou que a adversária teve envolvimento em um suposto caso de formação de cartel para o fornecimento de merenda escolar para o município de Ourinhos (SP), onde Maria Tereza também ocupou o cargo de secretária municipal de Educação – ela nega qualquer envolvimento.
A ex-secretária, por sua vez, destacou suspeitas de que o adversário teria participado do esquema de pagamento de propina investigado na operação Publicano. Um delator da operação disse, em depoimento concedido em março de 2016, que Amaral teria recebido R$ 200 mil para a campanha de reeleição na Assembleia Legislativa – ele nega qualquer envolvimento.
Apoios de Lula e Bolsonaro foram citados pelos candidatos no segundo turno
Os apoios recebidos pelos candidatos também motivaram embates entre ambos na campanha do segundo turno. Amaral, apoiado por Bolsonaro, lembrou em debates e na propaganda eleitoral que o prefeito Marcelo Belinati recebeu apoio do presidente Lula (PT) e da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann.
Maria Tereza, em resposta, citou o fato de Tiago Amaral ter sido eleito deputado e concorrido à prefeitura de Londrina em 2000 pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Além de chamar o adversário de “socialista” em debates e na propaganda política, a candidata do PP rechaçou qualquer apoio do PT em sua campanha no segundo turno.
Polícia investiga agressão entre apoiadores dos candidatos
Um inquérito foi aberto pela polícia em Londrina para investigar um caso de lesão corporal ocorrido entre cabos eleitorais dos candidatos. Os apoiadores estavam nas imediações da sede de uma emissora de TV durante um debate quando houve o desentendimento.
Um homem, identificado como apoiador de Maria Tereza, foi preso em flagrante. De acordo com o boletim de ocorrência registrado por uma apoiadora de Tiago Amaral, ela perdeu um dente após ter sido agredida. O agressor é funcionário comissionado da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) e prestou depoimento após a detenção. A Justiça concedeu liberdade provisória ao homem, que foi proibido de se ausentar da cidade.
Em nota, a campanha de Maria Tereza disse que "não apoia, incentiva ou admite qualquer tipo de violência", e o que ocorreu não se justifica. O posicionamento ainda aponta que a campanha afastou os envolvidos. Também em nota, a assessoria de Tiago Amaral repudiou a agressão sofrida pela apoiadora, que foi vítima de agressões físicas e ofensas. A nota segue afirmando que a campanha ofereceu apoio e acolhimento à mulher agredida.
Depois do resultado das eleições em Londrina, saúde, cultura e transporte público são desafios de gestão
Entre os desafios para a próxima gestão municipal em Londrina está a área da saúde. De acordo com o ranking elaborado pela Gazeta do Povo sobre as melhores cidades para se viver no Brasil, a maior cidade do interior do Paraná recebeu, neste quesito, uma nota 6,16 em uma escala que vai de 1 a 10.
O município ainda recebeu uma nota baixa no quesito cultura, que leva em conta a disponibilidade de bibliotecas públicas e salas de cinema. Na mesma escala, a nota do município neste ponto foi de 5,84.
A percepção é similar a dos eleitores ouvidos pelo instituto AtlasIntel em uma pesquisa divulgada poucos dias antes do primeiro turno das eleições. A gestão da cultura no município foi considerada ruim ou péssima por 59% dos entrevistados. Outras áreas, como a do transporte público, que recebeu 54% de avaliações entre ruim e péssimo, e a saúde, com 59% de avaliações negativas, devem fazer parte das prioridades da próxima administração municipal.
- Metodologia da pesquisa citada: 798 entrevistados pelo instituto AtlasIntel entre os dias 25 e 30 de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pelo próprio instituto AtlasIntel. Nível de confiança da pesquisa: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Pesquisa registrada no TSE sob número PR-05980/2024.
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