Eleitores de Pelotas voltaram às urnas neste domingo (27) para escolher o prefeito da gestão 2025-2028.| Foto: Infografia/Gazeta do Povo
Ouça este conteúdo

Fernando Marroni (PT) foi eleito prefeito de Pelotas, cidade do sul do Rio Grande do Sul, neste domingo (27). Ele derrotou Marciano Perondi (PL), que disputou sua primeira eleição neste ano.

CARREGANDO :)

Com 100% das urnas apuradas, Marroni fez 87.737 votos (50,36% dos válidos), enquanto seu adversário, Perondi, fez 86.474 votos (49,64% dos válidos). A abstenção neste domingo foi de 25,71%.

O resultado seguiu o indicado pelas urnas no primeiro turno, quando Marroni conquistou o apoio de 68.443 pelotenses e fez 39,60% dos votos válidos. Já Perondi recebeu votos de 54.736 eleitores, fazendo 31,67% dos votos válidos.

Publicidade

Marroni governará a "capital nacional do doce" pela segunda vez. Ele foi prefeito de Pelotas entre 2001 e 2004. A eleição do petista quebra a hegemonia de 12 anos do PSDB na cidade.

Quem é Fernando Marroni

Marroni, 68 anos, é engenheiro eletricista formado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e servidor público civil aposentado. Ele já foi deputado federal pelo Rio Grande do Sul entre 1999 e 2000 e entre 2009 e 2014. Já em 2018 foi eleito deputado estadual e em 2022 ficou como suplente do cargo.

A candidata a vice-prefeita na chapa é Dani Brizolara (Psol), 53 anos. A dupla faz parte da coligação Nova Frente Popular, formada por PT, PCdoB, PV, PSOL e REDE. No segundo turno, Marroni conseguiu o apoio do PDT, do MDB e do PSB, além do voto declarado do governador do estado, Eduardo Leite (PSDB), e da atual prefeita, Paula Mascarenhas (PSDB), presidente estadual do PSDB.

O partido tucano, no entanto, optou por liberar os filiados a votarem "da forma que suas convicções e consciências indicarem". Seguiram também essa decisão o Cidadania e o Podemos.

Quem é Marciano Perondi

Já Perondi, 41 anos, é natural de Descanso, em Santa Catarina, e mora no RS desde os 10 anos. A candidata a vice-prefeita na chapa é Adriane Rodrigues (PL), de 46 anos. Eles fazem parte da coligação “Pelotas voltando a crescer”, formada pelos partidos PL e PRD.

Publicidade

No segundo turno, ele conseguiu apoio de parte da base que apoiava a candidatura de Fernando Estima (PSDB), que ficou em terceiro lugar: PP, PSD, União Brasil, Republicanos, Solidariedade e Democracia Cristã. O Novo que não estava coligado com nenhuma sigla e não elegeu vereadores também declarou apoio em Perondi.

PSDB perde hegemonia na prefeitura de Pelotas

Hoje governador, Eduardo Leite foi prefeito de Pelotas entre 2013 e 2016.| Foto: Itamar Aguiar / Palácio Piratini

Há 12 anos no comando de Pelotas, reduto eleitoral do governador Eduardo Leite, o PSDB perdeu a hegemonia na quarta maior cidade do Rio Grande do Sul nas eleições deste ano. Depois de eleger Leite prefeito em 2012 e Paula Mascarenhas em 2016 e em 2020, o partido viu o candidato Fernando Estima (PSDB) amargar um terceiro lugar. Ele recebeu o apoio de 36.122 eleitores e 20,90% dos votos válidos. 

O pleito deste ano não apenas tirou o PSDB do governo, mas também expôs racha no partido. O diretório municipal não entrou em consenso sobre qual candidato apoiar no segundo turno.  Em reunião, a presidente estadual da sigla Paula Mascarenhas defendeu apoio a Marroni, apesar de reconhecer divergências entre o PSDB e o PT. No entanto, o suporte ao petista encontrou resistência do deputado Daniel Trzeciak, que defendeu que o partido se aliasse a Perondi, conforme o jornal A Hora do Sul. "Sou oposição ao PT, oposição a um governo que muito fala e pouco entrega. Oposição a quem roubou o Brasil", disse Trzeciak em vídeo postado no Instagram em que anuncia voto em Perondi. O partido optou, então, por liberar os filiados a votarem em qualquer um dos candidatos.

Mesmo assim, Marroni conseguiu apoios de peso dentro do PSDB, incluindo do governador Eduardo Leite. “Na minha cidade, em Pelotas, eu deverei dar o meu voto ao candidato do PT, Fernando Marroni, embora eu não concorde totalmente com as ideias dele, embora eu tenha divergências. Mas o outro lado, além de se afastar muito mais da minha forma de ver o mundo e como o governo deva se organizar, o outro lado ainda apresenta uma candidatura que não consegue dizer com clareza o que quer para a cidade”, afirmou Leite em entrevista à CNN.

Publicidade

Atual prefeita e presidente estadual do partido, Paula Mascarenhas anunciou voto crítico a Marroni, destacando que não participará de eventual governo do petista. “Escolho o campo democrático, que é o nosso, escolho o caminho mais seguro, conhecendo a complexidade da gestão municipal e já tendo sofrido as consequências dos riscos conhecidos e daqueles inesperados que ameaçam nosso planeta e nossa sociedade. Há alguns valores que nunca abandonei e dos quais jamais abrirei mão: democracia, ética, respeito ao pensamento divergente, supremacia do interesse público”, escreveu em nota.

O argumento para voto do governador e de Paula em Marroni relembra o do PT em apoio a Leite em 2022 na disputa pelo governo do RS com Onyx Lorenzoni (PL). Na ocasião, Leite foi para o segundo turno com apenas 2.441 votos a mais do que o candidato petista Edegar Pretto. O diretório estadual do PT recomendou voto crítico a Leite em oposição a Lorenzoni. "Entendemos que todos os democratas devem ter como compromisso primeiro a defesa da democracia e o combate às candidaturas que representam o atraso bolsonarista", dizia a nota do partido. 

Após o resultado das eleições em Pelotas, os desafios da gestão municipal

Quarta maior cidade do estado, Pelotas tem 325,8 mil habitantes e é a oitava com maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, de acordo com dados de 2021. 

A cidade é conhecida por ser a capital nacional do doce e tem como uma das receitas financeiras a venda desses produtos, que também incentivam o turismo, principalmente durante a Fenadoce, a Feira Nacional do Doce.  Além disso, é sede da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que consolidou Pelotas como cidade universitária.

Prefeito eleito em Pelotas terá como desafio sistema de proteção contra enchente, saúde e tratamento de água.| Foto: Prefeitura de Pelotas/Divulgação
Publicidade

As enchentes que atingiram 95% das cidades gaúchas foram registradas também no município. A Princesa do Sul, como é conhecida, viu as águas do canal São Gonçalo alcançarem 2,88 metros - mesmo patamar da grande enchente de 1941. O município teve 24 áreas consideradas de risco. A preparação da cidade para eventos extremos será um dos desafios do próximo prefeito.

Além disso, a saúde foi um dos principais temas deste pleito. Entre os debates para a área, estão a criação de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e um novo hospital. 

Outro ponto que deve ser assunto na próxima gestão é o tratamento de água e esgoto. Um estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado em março deste ano, que mede o saneamento das 100 maiores cidades brasileiras, colocou Pelotas na posição 81ª. Com dados de 2022, o levantamento mostrou que apenas 21,96% da água consumida na cidade retorna tratada para o ambiente.

Em ranking elaborado pela Gazeta do Povo sobre as melhores cidades para se morar no país, Pelotas aparece na 118ª posição entre os municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, com nota 6,49. O levantamento inclui 10 categorias diferentes, e utiliza um total de 21 indicadores.

Alguns deles, por serem mais relevantes, ganharam peso maior no cálculo da nota final de cada cidade. As categorias analisadas foram educação, taxa de homicídio, saúde, economia, infraestrutura, expectativa de vida, mortes no trânsito, suicídio, cultura, famílias em situação de rua.

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]