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Rodrigo Amorim é o candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo União
Rodrigo Amorim é o candidato à prefeitura do Rio de Janeiro pelo União|| Foto: Julia Passos/Alerj

O deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil), candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, defende uma estratégia clara para a direita nas eleições de 2024: isolar o atual prefeito Eduardo Paes (PSD) e unir as forças conservadoras em torno de uma frente única. Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, Amorim destaca sua proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de criticar duramente a guinada à esquerda de Paes, a quem acusa de oportunismo político.

Entre as principais propostas, Amorim defende o armamento total da Guarda Municipal, a refundação da instituição e a internação compulsória de dependentes químicos, com foco na cracolândia que cresce na cidade. “A segurança pública é a prioridade número um do nosso governo”, afirma o candidato, que também promete um combate firme à milícia e ao tráfico de drogas.

Confira a entrevista com o candidato Rodrigo Amorim

Como o senhor vê a atual conjuntura das candidaturas de direita no Rio de Janeiro? Temos, por exemplo, a candidatura do delegado Alexandre Ramagem e a sua. Como conciliar essas candidaturas e evitar a divisão de votos em uma eleição em que o prefeito Eduardo Paes aparenta ser o favorito?

Rodrigo Amorim: Minha candidatura surgiu após conversas com o presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, que foi um grande entusiasta dessa ideia. Um ponto importante é o papel do presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), deputado Rodrigo Bacelar, presidente do União Brasil no Rio de Janeiro, que resistiu à pressão do prefeito Eduardo Paes, que tentou de todas as formas trazer o União Brasil para sua chapa, inclusive com métodos não republicanos. Eduardo tentou isolar o bolsonarismo, mas nós, da direita, devemos isolar o Eduardo Paes na esquerda, pois ele já se declarou soldado de Lula e está comprometido com pautas da esquerda.

O senhor mencionou que o seu irmão, vereador Rogério Amorim, concorre à reeleição pelo PL e que há uma sintonia entre as candidaturas de vocês e de Ramagem. Quais são as principais diferenças entre vocês?

Há, sim, uma profunda sintonia. Estamos no mesmo front e temos a mesma vertente ideológica. Porém, eu defendo um armamento total da Guarda Municipal, enquanto Ramagem defende um armamento parcial. Também sou mais veemente nas minhas propostas, especialmente na área de segurança pública. Nosso objetivo agora é levar a eleição para o segundo turno e, unidos, derrotar a esquerda e Eduardo Paes.

Como o senhor vê a questão do armamento da Guarda Civil? Isso faz parte da solução para os problemas de segurança no Rio de Janeiro?

Sou favorável ao armamento total da Guarda Municipal, transformando-a em uma polícia municipal. No entanto, isso deve ser feito com muito cuidado, seguindo um processo de treinamento, avaliações psicológicas e capacitação. Não podemos entregar armas de forma irresponsável. Além disso, a Guarda Municipal hoje está em desvio de função. Ela deve ser uma força de segurança, confrontando o crime, e não o cidadão. A presença da guarda nas ruas já inibe a prática de delitos e infrações administrativas.

Rodrigo Amorim quer transformar a Guarda em Polícia Municipal.

No seu plano de governo, o senhor propõe a refundação da Guarda Civil e o chamamento de aprovados em concursos. Como isso seria viável diante do atual cenário fiscal, com um rombo de mais de R$ 2 bilhões?

A Guarda Municipal do Rio está largada há anos, e a refundação é necessária. Hoje, temos um déficit operacional. A legislação permite até 14 mil guardas, mas só temos 7 mil. A cidade do Rio tem um orçamento de mais de R$ 40 bilhões, mas o prefeito investe menos de 2% na Guarda Municipal. Com uma gestão eficiente, podemos economizar cerca de R$ 10 bilhões, que seriam suficientes para equipar e ampliar a Guarda.

O senhor mencionou a importância da internação compulsória para usuários de drogas. Como implementar essa medida, considerando as barreiras legais e sociais?

Rodrigo Amorim: Sou integralmente favorável à internação compulsória. Já estive em áreas como Benfica, onde vemos uma cracolândia crescer a cada semana, e o prefeito Eduardo Paes faz vista grossa a esse problema. No nosso governo, usaremos a internação compulsória e as comunidades terapêuticas para resgatar essas pessoas. Há questões sociais e familiares que levam alguém à cracolândia, mas precisamos enfrentar o problema com firmeza, pois é um problema de saúde pública e de segurança.

Recentemente, tivemos dois eventos preocupantes no Rio de Janeiro: as revelações sobre o caso Marielle Franco (Psol), que envolveram milicianos, e o assassinato de quatro médicos, um deles sendo irmão da deputada Sâmia Bomfim (Psol), confundido com um miliciano. Como o senhor, sendo prefeito, pretende lidar com esse avanço da milícia e a violência que ela gera?

De fato, enfrentamos um grande problema com o crime organizado no Rio de Janeiro, tanto com a milícia quanto com o tráfico de drogas. Elas se confundem hoje, agindo de maneira similar e dominando grandes áreas do estado. O combate à milícia requer uma ação conjunta entre município, estado e governo federal. O papel do município é crucial, pois pode atuar com inteligência policial e controle rigoroso do solo, evitando a expansão das áreas dominadas por essas facções. Hoje, o município é inerte nesse sentido, mas no meu governo criaremos as Rondas Especiais Brigadas Urbanas (Rebu) para atuar nas ruas e combater essas práticas criminosas.

"O combate à milícia requer uma ação conjunta entre o município, estado e governo federal."

Rodrigo Amorim, candidato à prefeitura do Rio de Janeiro

Considerando que a segurança pública é uma questão que depende da coordenação entre diferentes níveis de governo, como o senhor conduziria essa relação caso fosse prefeito, especialmente se o governador ou o presidente forem de esquerda?

Eu já demonstrei minha capacidade de diálogo na Assembleia Legislativa, onde, apesar de ser um dos deputados mais combativos e conservadores, presidi a Comissão de Constituição e Justiça, a maior da casa. Sempre mantive um diálogo institucional com todas as forças políticas, independentemente da vertente ideológica. Da mesma forma, se eleito prefeito, vou dialogar com os governos estadual e federal, mesmo que sejam de esquerda, para garantir a segurança e o desenvolvimento da cidade. O exemplo do governador Tarcísio em São Paulo, que tem dialogado com o governo federal, apesar de ser bolsonarista, mostra que é possível colocar as necessidades da população acima das diferenças políticas.

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