Aborto, drogas e grupos terroristas foram citados no debate no Rio| Foto: Reprodução/TV Globo
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O último debate antes do primeiro turno no Rio de Janeiro, realizado pela Rede Globo na noite desta quinta-feira (3), foi marcado por acusações e embates de temas ideológicos entre os candidatos aliados do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).  

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Cinco candidatos participaram do debate da Globo no Rio de Janeiro: Alexandre Ramagem (PL), Eduardo Paes (PSD), Marcelo Queiroz (PP), Rodrigo Amorim (União) e Tarcísio Motta (Psol). No primeiro embate entre Paes e Ramagem, o prefeito questionou o candidato do PL sobre a relação com o governador Cláudio Castro, do mesmo partido, e as promessas para a segurança pública. “O senhor não tem vergonha de fazer esse estelionato quando vocês já mandam na segurança pública há seis anos?”, perguntou.

Ramagem rebateu Paes e disse que Castro não é seu “padrinho político”, e afirmou que a liderança dele é o ex-presidente Bolsonaro. “Ele que tem confiança em mim, que me escolheu e o Cláudio Castro soube pela imprensa da minha indicação à prefeitura. Sou delegado de carreira e segurança é, sim, responsabilidade também da prefeitura”, disse o candidato, que criticou a administração do governador do PL. “Quando a gente olha para a gestão do Castro, ela é medíocre, mas a sua [Eduardo Paes] é muito pior. Ela é nota zero”, completou.

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O deputado federal ainda disse que Paes faz parte do grupo político de Lula e de Marcelo Freixo, segundo Ramagem, “daqueles que entendem que bandido é vítima da sociedade”, favoráveis ao aborto e às drogas. Na réplica, o prefeito afirmou que é contra o aborto, contra as drogas e que as pessoas devem ser punidas pelos crimes. Na sequência, voltou a atacar o governo do estado. “Há seis anos, o grupo deles começou com o [Wilson] Witzel, apoiado pelo Bolsonaro naquela época, depois sucedido pelo Castro. Essa é uma crise gravíssima que a gente vive e é responsabilidade do estado”, retrucou.

Ramagem respondeu que Paes “esconde o Lula atrás do armário, pois é um presidente sem povo” e que não teria público para fazer lives. “Um presidente a favor das drogas, do aborto, do Hamas, do Hezbollah, contra o povo de Israel. Foi esse grupo político que acabou com a Lava Jato. Se tivesse a Lava Jato aqui, hoje, o senhor Eduardo Paes estaria preso e possivelmente por mim”, disse o delegado, ao se referir ao ex-governador Sérgio Cabral, aliado de Paes, que foi preso pela operação de combate à corrupção.

O prefeito teve direito de resposta concedido e comparou Ramagem ao ex-governador Witzel, preso acusado de corrupção durante a pandemia da Covid-19. Paes também afirmou que é “aliado do presidente Lula, mas não somos iguais” e justificou a necessidade de trabalhar em parcerias em prol da cidade.

O candidato Tarcísio Motta, por sua vez, acusou Rodrigo Amorim de pertencer ao grupo que tentou dar “um golpe de estado” sob a mentoria de Jair Bolsonaro, e perguntou sobre o indeferimento da candidatura a prefeito pela Justiça Eleitoral. “Você vai continuar defendendo o fechamento do STF [Supremo Tribunal Federal] ou vai recorrer ao STF?”, questionou.

Amorim rebateu o candidato do Psol e disse que responde por “crime de opinião” e que os “conservadores são perseguidos”, além de afirmar que Paes e Motta pertencem ao mesmo grupo político. “Vocês defendem o aborto e as drogas. O seu grupo político defende o Hamas”, atacou Amorim, que questionou Motta sobre o posicionamento de Freixo, ex-militante do Psol que hoje está filiado ao PT e apoia a reeleição de Paes. “Nesta semana ele recomendou que você não tivesse o voto da esquerda”, acrescentou. Atual presidente da Embratur no governo Lula, Freixo recomendou “voto útil” em Paes para evitar o segundo turno contra Ramagem.

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Escolas cívico-militares são discutidas por candidatos da direita em debate do Rio de Janeiro

O debate teve quatro blocos, com um reservado para temas sorteados pela mediadora Ana Paula Araújo, além do último bloco para as considerações finais dos candidatos. No bloco temático, Ramagem criticou a “doutrina Paulo Freire” nas escolas e destacou o sucesso das escolas cívico-militares, pedindo para que Amorim comentasse o assunto na pergunta sobre educação. O aliado de Bolsonaro ainda acusou a gestão de Paes de não investir no modelo cívico-militar, alinhado ao governo Lula, que determinou o fim do programa nacional.

“Não me causa nenhuma surpresa, eles têm verdadeira ojeriza à disciplina, à ordem e ao patriotismo. São 1.542 escolas abandonadas no Rio de Janeiro, os alunos estão sentados em caixotes”, afirmou o candidato do União Brasil, que além dos colégios cívico-militares, prometeu implantar o modelo de escola confessional-religiosa para famílias sem condições de pagar os colégios particulares. Na réplica, Ramagem disse que planeja levar a parceria público-privada (PPP) para as escolas, mas manter a coordenação e direção com os professores municipais.

No bloco seguinte, o candidato do Psol voltou ao tema da educação e acusou o governo Bolsonaro de "perseguição aos professores" e de "negacionismo da ciência e tecnologia" na pergunta direcionada a Ramagem. O candidato do PL respondeu que a atual prefeitura possui "indicadores medíocres" e criticou a aprovação automática nas escolas municipais cariocas. "Só reprova quem não está com frequência, isso acaba com o psicológico do aluno e segue sendo feito para ter uma taxa melhor no Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica]", comentou.

Motta prometeu uma escola que não é autoritária, "de fato emancipatória, como Paulo Freire sonhou" e foi confrontado por Ramagem, que rebateu que as ideologias partidárias que, de acordo com ele, "não levam o aluno para o mercado de trabalho".