Em 2009, Paes assumiu a prefeitura pela primeira vez com apoio de Cabral e Lula| Foto: EFE/Felipe Trueba/Arquivo
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A Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro proibiu que o candidato Alexandre Ramagem (PL) vincule o atual prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), ao ex-governador Sérgio Cabral, preso durante a operação Lava Jato e condenado a mais de 400 anos de prisão por esquemas de corrupção e recebimento de propina.

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Segundo a decisão liminar proferida pela 238ª zona eleitoral do Rio de Janeiro, a ação de direito de resposta foi protocolada pela coligação do candidato à reeleição sob a justificativa que a “associação não configura uma informação fidedigna” pela ausência de Cabral nas eleições de 2024. Eleito pelo PMDB [atual MDB], o ex-governador ficou preso preventivamente entre 2016 e 2022 e passou a responder em liberdade após ter a prisão revogada por decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ainda conforme a Justiça Eleitoral, na última sexta-feira (30), a campanha de Ramagem exibiu três inserções no horário eleitoral gratuito com o seguinte conteúdo: “Eu sempre fui oposição à turma de Paes. Seria muito fácil falar que a culpa de tudo que está ruim no Rio é deles. Do Lula, do Cabral, do Paes. E é mesmo. Mas se eles continuam aí após 20 anos, a culpa não é só deles. É nossa. E agora, eles estão aí de novo. E você vai acreditar neles de novo?”.

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De acordo com a liminar, o juiz Leonardo Chaves considerou “realmente inadequada, descontextualizada e inverídica a associação na atualidade”. Em nota, a campanha de Ramagem informou que continuará a veiculação normal de propaganda eleitoral e defende que é de “interesse público” informar o eleitor sobre o histórico dos candidatos.

“A relação entre o atual prefeito e Sérgio Cabral, por exemplo, é amplamente conhecida. Em abril de 2014, o prefeito enviou uma carta manuscrita tratando o ex-governador como "Querido Amigo" e enaltecendo a amizade "profunda e sincera" entre os dois”, ressalta a nota do candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Após ocupar o cargo de secretário de Estado de Turismo, Esportes e Lazer na gestão Cabral, Paes foi eleito pela primeira vez prefeito do Rio, em 2008, pelo PMDB, partido do então chefe do Palácio Guanabara. Em seguida, o governador do Rio, a prefeitura e a gestão federal do presidente Lula iniciaram o planejamento para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

Em 2016, o ex-juiz federal Sergio Moro - hoje senador pelo União Brasil do Paraná - levantou o sigilo das gravações de Lula. Em uma das ligações, Paes critica o Ministério Público Federal (MPF) sobre o caso do sítio em Atibaia e declara apoio ao petista. “Aqui o senhor tem um soldado”. Além disso, ele afirma que a carreira política começou com “Lula e Cabral”, mas acabou com “Dilma e Pezão”, ao se referir aos sucessores sem o mesmo sucesso dos aliados políticos.  

Nas eleições deste ano, apesar de não ceder à pressão petista pela vaga de vice na chapa, Paes conta com o apoio de Lula e o PT integra a coligação pela reeleição do prefeito carioca. A campanha do candidato do PSD foi procurada pela Gazeta do Povo e afirmou que não deve se manifestar sobre a decisão liminar da Justiça Eleitoral. 

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