O prefeito Eduardo Paes (PSD) decidiu nesta quinta-feira (1º) que Eduardo Cavaliere (PSD) será o vice na chapa pela reeleição à prefeitura do Rio de Janeiro nas eleições de 2024. Um dos principais adversários de Paes na corrida eleitoral pelo Palácio da Cidade, Alexandre Ramagem (PL) também corre para definir o vice e fechar a chapa, que terá o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A favorita é a deputada estadual Tia Ju (Republicanos), parlamentar negra e evangélica, ligada à Igreja Universal.
O preferido de Paes para a vaga de vice era o deputado federal Pedro Paulo (PSD), que abriu mão da indicação após ter um vídeo íntimo vazado — o receio era de que esse episódio pudesse ser usado por adversários durante a campanha. Pedro Paulo é considerado o principal aliado político do prefeito do Rio. Por isso, Paes tenta mantê-lo na coligação para o novo mandato, principalmente pela possibilidade do vice assumir o cargo em 2026, quando Paes pretende concorrer ao governo do estado.
Com apenas 29 anos, Cavaliere é deputado estadual e foi secretário da Casa Civil e do Meio Ambiente de Paes. Em 2022, ele foi eleito com 33.688 votos. O fato de ser jovem é visto como um ponto positivo dentro do PSD. Além disso, pelo pouco tempo na política não tem histórico que possa ser usado contra a campanha de reeleição.
“É um jovem político que, desde cedo, demonstra seu comprometimento com o Rio. Tenho certeza de que Cavaliere, que já ocupou com excelência os cargos de secretário de Meio Ambiente e chefe da Casa Civil na prefeitura, reúne todas as qualidades para dividir comigo a missão de governar a cidade, se a população nos conceder a honra de um novo mandato”, comunicou Paes em nota.
Sobre Pedro Paulo, o prefeito disse que se trata de um amigo e gestor preparado, mas que “decidiu preservar a família da possível exploração de episódios pessoais que nada têm a ver com o debate da cidade” e que a decisão de colocar a família em primeiro lugar “faz crescer ainda mais a minha admiração e o meu respeito por ele.”
Ramagem perto de anunciar Tia Ju como vice no Rio
Enquanto Paes buscou alguém de confiança no partido e dentro do círculo pessoal para a vaga de vice, Alexandre Ramagem está próximo de anunciar a vice em um aceno para setores considerados importantes pelo PL para alavancar a candidatura do aliado de Bolsonaro. Deputada estadual negra e ligada à Igreja Universal, Tia Ju deve ser confirmada como vice de Ramagem.
O PL avalia que esse perfil pode fortalecer o nome de Ramagem em regiões mais carentes — o fato dele decidir não usar "Delegado" como prefixo no nome de urna reforça a estratégia. Sem contar que a indicação de Tia Ju barraria o ímpeto de Paes na tentativa de se aproximar da Igreja Universal após o prefeito conquistar o apoio de Otoni de Paula (MDB), deputado federal e pastor da Assembleia de Deus.
Tia Ju foi eleita deputada estadual em 2014 e emendou dois mandatos na sequência. No Executivo, ela foi secretária de Assistência Social e Direitos Humanos no último ano da gestão de Marcelo Crivella na prefeitura do Rio, em 2020.
Na convenção do PL que confirmou a candidatura de Ramagem, ele disse que buscava uma mulher para o cargo de vice que fosse “conservadora” e que seguisse “as pautas da família, vida e defesa do nosso Brasil”, discurso alinhado com as postagens em redes sociais e declarações da deputada estadual.
Tia Ju, porém, não estava no topo da lista há algumas semanas. A preferida do PL era a vereadora Rosane Félix (MDB), também evangélica. Os partidos, porém, não chegaram a um acordo pela indicação e ela será candidata novamente à Câmara Municipal do Rio. Além dela, o PL tinha a opção de uma chapa pura com a deputada federal Chris Tonietto (PL) ou com a deputada estadual Índia Armelau (PL).
A expectativa no PL é de que o eventual anúncio de Tia Ju como vice possa dar tração à campanha de Ramagem. De acordo com o levantamento da Quaest, divulgado em 24 de julho, o atual prefeito do Rio tem 49% das intenções de voto no cenário estimulado com mais candidatos, contra 13% de Ramagem, empatado tecnicamente em segundo lugar com Tarcísio Motta (PSOL), que soma 7% — a margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Metodologia da pesquisa citada: 1.104 pessoas entrevistadas pela Quaest entre os dias 19 e 22 de julho de 2024. A pesquisa foi contratada pela Sociedade Anônima Rádio Tupi. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Registro no TSE nº RJ-03444/2024.