O primeiro dia de propaganda eleitoral no rádio e na televisão na capital paulista teve a periferia de São Paulo como protagonista do horário reservado para os quatros candidatos com direito ao espaço, calculado conforme a representatividade dos partidos da coligação.
A origem na periferia e a família deram o tom das propagandas do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e dos candidatos Guilherme Boulos (Psol) e Tabata Amaral (PSB), que também ignoraram o concorrente Pablo Marçal (PRTB) e não utilizaram o horário para responder ou atacar o adversário na corrida eleitoral. A estratégia dos partidos é evitar a exposição do nome de Marçal no rádio e na TV devido ao forte alcance e engajamento que o empresário e influencer possui nas redes sociais, acima dos concorrentes.
A exceção na estreia do programa eleitoral foi o apresentador José Luiz Datena (PSDB) que optou por ressaltar os problemas na segurança pública da cidade nos 35 segundos reservados para a Federação PSDB-Cidadania.
Os demais partidos que registraram candidaturas não têm direito à propaganda gratuita por conta da aplicação da cláusula de barreira, em função do desempenho partidário nas eleições de 2022. Assim, Marçal e Marina Helena (Novo) não devem aparecer na propaganda eleitoral.
De “cria da periferia” a café com Lula: Nunes e Boulos têm os maiores tempos no horário eleitoral
Candidato à reeleição, Ricardo Nunes abriu o primeiro dia de propaganda eleitoral e foi apresentado como “cria da periferia”, que conforme a campanha, morou no Parque Santo Antônio e no Socorro, na zona sul da capital, enquanto estudava em escola pública.
“Periferia para mim não é um local do mapa, faz parte da minha vida, faz da minha história”, disse o candidato do MDB, antes do clipe de um rap que lembra das origens do prefeito. “Da perifa virou empreendedor, pensa que saiu de lá? Sempre voltou! Ricardo é cria da periferia”, diz o refrão.
O programa ainda apresenta a família de Nunes com destaque para primeira-dama Regina com quem é casado há 27 anos, de acordo com a campanha. Durante a campanha, o candidato tem sido alvo de questionamentos dos adversários sobre um suposto caso de violência doméstica, que foi negado por Nunes e pela esposa.
Os três filhos também aparecem no primeiro horário reservado para coligação, que tem o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ambos não participaram do programa de estreia de Nunes que teve duração de 6 minutos e 30 segundos, no entanto, imagens de Nunes com os “padrinhos” políticos foram usadas na propaganda.
Candidato da coligação de esquerda, Boulos teve uma estratégia diferente ao se apresentar como candidato do presidente Lula (PT) no primeiro dia de horário eleitoral gratuito nas eleições municipais de São Paulo.
O programa começou com a imagem da chegada de um carro escoltado no bairro Campo Limpo, na zona sul da cidade. Em seguida, o presidente Lula bate na porta de casa de Boulos, acompanhado da primeira-dama Janja, e é recebido pelo candidato do Psol para um café da manhã.
O próprio Lula apresenta a mulher de Boulos e as filhas do casal em uma mesa preparada para o encontro na residência do candidato. “O companheiro Boulos construiu uma história extraordinária em São Paulo e pela ligação dele com os movimentos sociais que brigaram nesse país pela democracia e por habitação, eu acho que o Boulos, sem sombras de dúvida, o mais qualificado dos candidatos. Por isso estou aqui para tomar um café”, afirma o presidente petista durante a propaganda de 2 minutos e 22 segundos na TV.
Com menor tempo reservado, Tabata Amaral também seguiu o roteiro periferia e família no primeiro dia de horário eleitoral. Em 30 segundos, a candidata do PSB lembrou que foi criada na periferia pelos pais nordestinos que vieram para São Paulo e foram morar na Vila Missionária, zona sul da capital.
“Essa gente honesta e batalhadora, nunca está no comando da cidade. Eu quero ser prefeita para mudar isso e colocar a periferia no topo e no centro das atenções da prefeitura”, afirmou Tabata.
Com Marina Silva isolada, agenda ambiental de Lula patina antes da COP-30
Paraná e São Paulo lançam alternativas ao Plano Safra para financiamento do agronegócio
De Silveira a presos do 8/1: sete omissões da pasta de Direitos Humanos de Lula
Dino vira peça-chave para o governo em menos de um ano no STF
Deixe sua opinião