Em entrevista à Gazeta do Povo, Ricardo Nunes (MDB) evidencia seu lado conservador e ataca o rival Pablo Marçal (PRTB)| Foto: Edson Lopes Jr./Prefeitura de São Paulo
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), assumiu o cargo em 2021, após o falecimento de Bruno Covas (PSDB) e nas eleições municipais deste ano tenta se reeleger como chefe do Executivo no maior colégio eleitoral do país. Filiado ao MDB desde os 18 anos, tendo uma coligação de 11 partidos e o apoio do governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ricardo Nunes está na disputa com a tentativa de atrair o eleitorado conservador e, também, os eleitores de centro da capital paulista.

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De pano de fundo nesse posicionamento estão os números das eleições presidenciais de 2022 quando, na cidade de São Paulo, Lula (PT) prevaleceu sobre Jair Bolsonaro (PL), com 53,54% dos votos contra 46,46%. Após o crescimento do adversário Pablo Marçal (PRTB), no entanto - candidato que mira nos eleitores de Bolsonaro - Nunes busca jogar luz para o seu lado conservador e de aliado do ex-presidente, de quem aceitou a indicação do vice, Ricardo Mello Araújo (PL).

Em entrevista à Gazeta do Povo, concedida do seu gabinete de campanha, Ricardo Nunes rebateu as acusações de Marçal que buscam vinculá-lo à esquerda e fez questão de mostrar vídeos e reportagens de quando era vereador, tendo se posicionado contra a ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação e contra a descriminalização do aborto nas 12 primeiras semanas de gestação. Todos os candidatos à prefeitura de São Paulo foram convidados pela reportagem da Gazeta do Povo para entrevista.

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Confira abaixo a íntegra da entrevista com o candidato Ricardo Nunes

O senhor teve todo o mandato para conseguir resolver a questão da cracolândia. Agora, no final do mandato, houve uma megaoperação, com apreensão de grandes nomes do tráfico, muito encabeçada pelo governador Tarcísio. Por que só agora, e o que o senhor pretende fazer nos próximos quatro anos em relação a isso?

Não foi só agora não, a gente já vinha fazendo operações há bastante tempo, desde 2021.

É que essa fechou muitos hotéis, ferros velhos…

Outras também. Por que é bom você falar isso? Quem faz investigação é a Polícia Civil e o Ministério Público. A prefeitura não faz investigação, então as pessoas estão cobrando de mim algo que não têm como cobrar. É a mesma coisa cobrar de você, jornalista, é uma coisa que não compete a você. Quem tem essa condição de poder fazer quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico para poder desbaratinar uma organização criminosa? O que que a gente sempre fez? Trabalhamos em conjunto, fazendo muitas coisas. 

Já tinha a operação Caronte desde 2021. Os dados são bastante robustos com relação a prisões e apreensões, porque a gente vinha trabalhando desde 2021 para diminuir a quantidade de usuários lá. Hoje tem em torno de 900, mas isso foi vindo gradativo desde 2021. Lá em 2016, 2015, na época do Haddad, eram 4 mil usuários. Sempre teve ações, então não é real afirmar que essa operação aconteceu só agora, de forma nenhuma. 

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Mas e prender grandes chefes do tráfico, desbaratar mesmo o crime organizado?

Ricardo Nunes: Não desbaratinou ainda, né? Mas assim, operações de prender grandes traficantes aconteceram várias, eu posso pegar e te mandar várias matérias. A cracolândia é um problema de 30 anos. Por conta de muito trabalho chegamos agora no menor nível de usuários lá, em torno de 900. Fizemos convencimento das pessoas irem para tratamento, prisão, aumento do efetivo da Polícia Militar através da operação Delegado, em que a prefeitura que remunera o policial militar.

Fizemos a instalação de câmeras, o aumento da Guarda Civil Metropolitana. Só na minha gestão, a nossa inspetoria do Dronepal, da Guarda Civil Metropolitana e que usa drones para fazer prisões, fez quase 490 prisões de traficantes. São drones que a gente já tinha e compramos outros mais sofisticados, que ficam monitorando e quando vê o cara vendendo a droga, vai lá e prende o traficante. Então aquilo que compete à prefeitura, da ação da Guarda Metropolitana, a gente fez. E vamos continuar fazendo. Eu ampliei os Caps [Centro de Atenção Psicossocial], ampliei Ciats [Centros de Informação e Assistência Toxicológica]. Criei o Centro de Tratamento Prolongado, uma inovação que não existia, todos para atender esses usuários. E vai continuar tendo operações.

Como é possível deixar o serviço de transporte municipal mais eficiente, sem encarecê-lo para o usuário? 

A gente já tem mantido, eu sou o prefeito que manteve a tarifa congelada durante o maior período. Nós estamos com a tarifa congelada em São Paulo pelo quarto ano consecutivo, são R$ 4,40, mesmo que eu tenha perdido 2 milhões de passageiros. Eu tinha em 2019, antes da pandemia, 9 milhões de passageiros, hoje eu tenho 7 milhões de passageiros.

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Lembrando que as pessoas falam muito sobre o subsídio, tem uma coisa importante: a legislação garante a gratuidade para o idoso, isso custa R$ 750 milhões em números reduzidos. Garante a gratuidade pro estudante, isso custa R$ 950 milhões. Garante a gratuidade para pessoa com deficiência, isso custa R$ 250 milhões. Então são gratuidades que o poder público tem que remunerar. E mais a complementação do valor, que é o subsídio, para poder manter a tarifa em R$ 4,40, se não a tarifa seria R$ 8,40.

Como eu preciso ter uma política pública de mobilidade, não só uma política pública tarifária, a gente optou, por uma estratégia de política pública de mobilidade, manter essa tarifa para poder atrair mais passageiro no transporte coletivo e também fomentar a questão da economia da cidade, que é fundamental. E a gente está tendo um sucesso enorme, estamos batendo recorde de geração de emprego e renda, de empresas vindo pra cá, de empresas abrindo aqui.

No ano passado a gente teve um saldo positivo, entre admissões e demissões, de 129 mil empregos. Esse ano, até junho, foram 107 mil, então a geração de emprego está indo superbem. Muito diferente do mentiroso, do "m" do mentiroso que fala que vai gerar 2 milhões de empregos, se nós temos em torno de 490 mil desempregados, mesmo estando com o menor índice de desemprego. Então isso não é verdade. Quando o cara coloca um negócio desse de forma fantasiosa, mentirosa, enganando as pessoas, é ruim. As ações do transporte coletivo, estou citando aqui a geração de emprego, estão dentro de um contexto do plano econômico da cidade, de geração de emprego e renda, e também de mobilidade.

Falando de números, uma questão polêmica no último debate foi a privatização da Sabesp. Eu gostaria que o senhor explicasse melhor qual foi a vantagem financeira imediata para a prefeitura de São Paulo em relação à renovação do contrato. 

Ricardo Nunes: Não foi só financeira, a privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo) é algo que eu caminhei com o Tarcísio desde o início, pelos parâmetros que o Tarcísio desenhou para aquela privatização, que tiveram ganhos financeiros, mas ganhos na questão do saneamento. Está garantido por contrato a universalização do saneamento até 2029, são cinco anos que o contrato novo vai prever a questão da universalização.

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A questão do [rio] Tietê, o tal do "m" do mentiroso fala que vai despoluir o Tietê. Não é possível despoluir o Tietê se você não tratar o esgoto, por exemplo, de Guarulhos, que só tem 20% do esgoto tratado. Depende da Sabesp atuar em Guarulhos, fazer a coleta e o tratamento, porque uma coisa é coleta e outra coisa é tratamento, tem local que coleta e não trata. Tem que fazer coleta e tratamento para poder fazer a despoluição do Tietê, como também dar continuidade no processo de despoluição do rio Pinheiros.

O que que aconteceu no contrato da Sabesp? Os investimentos que a Sabesp terá que fazer nesse período de cinco anos são de R$ 68 bilhões, sendo que R$ 28 bilhões são para a cidade de São Paulo. Uma outra coisa que a gente tem no contrato com a Sabesp é um repasse de 7,5% do valor do faturamento para um fundo chamado FMSAI, Fundo Municipal de Saneamento. No acordo que eu fiz com o governador, isso vai para 8%, além da antecipação dos valores do FMSAI. Eu já recebi R$ 2,26 bilhões, isso já está na conta da prefeitura. Então temos a antecipação do FMSAI e a garantia da universalização do saneamento, inclusive dentro da região metropolitana.

A cidade de São Paulo não é uma ilha, tem os municípios vizinhos e tem os rios que cortam vários municípios. Isso é fundamental, inclusive no anexo 2 do novo contrato está estipulado quais são todas as áreas e comunidades que não têm a coleta de rede de esgoto e que terão a ligação com a rede de esgoto e quais serão os tratamentos de saneamento.

Temos uma vantagem muito grande do ponto de vista do meio ambiente, da qualidade da água, dessa coleta e do tratamento, inclusive da cidade e das cidades vizinhas, e além de tudo isso a redução da tarifa, porque já caiu 10% a tarifa social da conta de água. Só houve vantagens dentro desse contexto que eu e o Tarcísio trabalhamos, de trabalhar com PPPs, concessões, privatizações, diferente do invasor, que é contrário a tudo isso. A gente tem uma visão de administração muito focada nisso, tanto é que a minha cidade é a que está batendo o maior recorde do país de concessões e PPPs.

Falando um pouco do União Brasil, que é encabeçado pelo Milton Leite. Ele pediu a criação da Secretaria de Defesa dos Animais e Proteção aos Mananciais em troca de apoio. Eu queria saber se vão ser criadas e, se forem, saber se a Secretaria de Meio Ambiente já não cumpre esse papel. Para um melhor uso do dinheiro público, não seria melhor enxugar e não aumentar a máquina, porque já são muitas secretarias?

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Ricardo Nunes: O conceito que eu trabalho é de diminuição da estrutura da máquina. Tanto é que eu tinha a Amlurb, que era uma empresa gigantesca, que estava do contrato de lixo. Eu acabei com a Amlurb, mandei todo mundo embora, e peguei os dois contratos de concessão, levei para uma agência reguladora, que é a SP Regula, que é enxutinha e só faz a fiscalização do contrato. Acabei com Ilume, acabei com o serviço funerário, que eu fiz a concessão.

Não houve uma condicionante do apoio para a abertura dessas duas secretarias, ele fez uma sugestão, e que eu não vejo como algo, a princípio, positivo, porque se eu abrir uma secretaria, eu vou ter lá o secretário, o secretário-adjunto, o chefe de gabinete, o diretor do departamento jurídico, o diretor do departamento financeiro. Quer dizer, em vez de montar uma estrutura enorme, eu prefiro pegar esse recurso e aplicar direto nas áreas de mananciais como eu tenho feito. A gente tem uma visão diferente com relação a esse tema, bem diferente do "m" de mentira, que falou que nós temos 32 subs, e vai abrir 96 subprefeituras.

Quer dizer, essa direita é uma direita totalmente torta, que desconhece o quanto custa isso, desconhece o que é uma boa administração, que preza pela eficiência. Ele quer fazer um monte de secretaria para que? Para fazer destruição política, distribuir cargo? A nossa visão é muito ao contrário, é a de ter a estrutura menor e fazer o melhor uso do recurso.

A Gazeta do Povo apurou que a prefeitura criou um fluxo para as mulheres que querem fazer o aborto e que vai ser criada uma unidade especializada em assistolia fetal. Gostaria de saber que unidade é essa, onde ela vai ficar e quais investimentos estão sendo feitos para isso. 

Ricardo Nunes: Na minha gestão, até porque eu sou pró-vida, contra o aborto. Eu sou católico praticante, vou na missa todo domingo, eu sou verdadeiramente uma pessoa cristã, diferente do "m" lá da mentira que não tem igreja, que fala mal dos pastores, que o pastor rouba as pessoas.

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Eu tenho uma concepção, agora, lógico, eu sou prefeito e é necessário e eu sempre farei o cumprimento da legislação e o cumprimento de decisão judicial. A gente está vivendo um grande embate, porque nós fizemos uma alteração no fluxo do atendimento em caso de atendimento dessa legislação e de decisão judicial, que foi não fazer mais abortos no hospital da Cachoeirinha.

Eu precisava fazer lá as cirurgias de endometriose, eu estava com 1,2 mil mulheres na fila e lá era o local mais adequado para fazer a cirurgia de endometriose. Então passou a ter atendimento dessas situações [de aborto] previstas pela legislação e por decisão judicial em outras unidades. Tanto é que a gente praticamente zerou a fila de endometriose. Até teve ação do Alexandre de Moraes…

Foi a partir disso que foi criado esse fluxo?

Não tem fluxo, fluxo tinha lá. Aliás um fluxo bem fluxo, né? O que tem é o atendimento da legislação, daquilo que é preciso fazer, o que está previsto em lei, o que está previsto em decisão judicial. Mas não existe fluxo, não tem na minha gestão e nunca vai ter nenhum incentivo para aborto. O que vai ter é o cumprimento da legislação e ponto.

Não tem na minha gestão e nunca vai ter nenhum incentivo para aborto. O que vai ter é o cumprimento da legislação e ponto.

Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição à prefeitura de São Paulo
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Vai ter essa unidade especializada em assistolia fetal? 

Não, não tem unidade de assistolia fetal.

Pelo que eu vi, precisa ser uma mão de obra especializada, o médico precisa saber fazer a assistolia fetal, então haveria um encaminhamento para um lugar onde só faz isso.

Aonde você viu isso?

Fontes… difícil inclusive conseguir essa informação.

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Não, não.

Na nossa conversa, o senhor está se posicionando de maneira forte em relação às pautas conservadoras, mas até agora o senhor seguiu uma estratégia de não se posicionar tanto publicamente.

Ricardo Nunes: Eu sempre me posicionei. Eu fui vítima de um malandro, de um estelionatário chamado Pablo Marçal, que fala mentira. Se alguém chegar e falar que você é abortista, se alguém chegar e falar que você é a favor da ideologia de gênero, como você se sentiria? Você não é, eu sei que você não é. É como eu estou me sentindo, vítima de um estelionatário.

Ele fala que eu sou comunista, ele falou que eu fiz jantar com Boulos e com Datena, falou isso em coletiva. Falou que eu fui me encontrar com o Lula, nunca conversei com o Lula na minha vida. A única vez que eu vi o Lula na minha vida, que ele pegou na minha mão, foi em uma reunião que teve em Brasília com os prefeitos de todas as capitais, que estava todo mundo sentado numa mesa e ele passou dando a mão. Nunca dei bom dia, nunca dei boa tarde.

O cara é tão dissimulado, ele é tão vagabundo, tão mentiroso, sem vergonha, que ele cria as coisas. Não pode ser considerado de direita um cara desse, um cara tão dissimulado que nem esse.

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Ricardo Nunes rebate acusações de Pablo Marçal: "nunca conversei com o Lula na minha vida"

O que eu ia perguntar é se o senhor pretende mudar a estratégia [política]?

Só se eu costurar a boca daquele sapo desgraçado.

Mudar no sentido de ter um posicionamento mais firme em relação às pautas conservadoras, as pautas que os seguidores do Bolsonaro defendem, além de mais defesa ao Bolsonaro.

Eu vou te provar que eu não preciso mudar nada. O que eu preciso é costurar a boca daquele sapo mentiroso, safado, sem vergonha. Eu fui vítima de um bandido, de um condenado que foi preso. Ele é um bandido, eu fui vítima de um bandido. Estou sendo vítima de um bandido. Até você, que é uma jornalista superconceituada, está me perguntando isso.

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Estou perguntando porque temos os leitores da Gazeta do Povo e a gente lê os comentários, a maioria acredita que o senhor é mais de centro do que de direita.

Porque foram influenciados…

Isso antes de o Pablo Marçal aparecer com mais força. Muita gente acredita que o senhor é de centro. Por isso estou perguntando se o senhor pretende se posicionar mais em relação ao Bolsonaro.

Isso aqui é posicionamento de quem? Vamos aos fatos. Quem é o vereador de direita que fez isso? Olha o meu artigo, que eu escrevi [em 2023, sobre como a flexibilização da Lei Antidrogas facilita a vida do traficante]. Quem foi que escreveu? Não foi agora na campanha, isso aqui são artigos antigos. 

Acredito que essa ideia de o senhor ser de centro vem muito das secretarias terem tido a Marta Suplicy, e de o senhor ter tido muitas secretarias com pessoas muito de centro…

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Se a pessoa é boa, minha filha, eu não vou ficar perguntando... Qual foi o vereador que fez isso [que se posicionou contra a ideologia de gênero na votação do Plano Municipal de Educação, em 2015]? Isso aqui é um vídeo de 2015, não é um vídeo feito agora.

Eu não tenho como voltar no tempo. É o que eu fiz, está na minha história. Mas eu fui vítima de um bandido mentiroso, é isso que eu fui. Agora tem gente que vive em rede social, eu vivo no mundo real, trabalhando, lutando. Estou com um monte de coisa aí do STF por causa desse negócio de aborto, enfim... importante é que eu estou com a minha consciência tranquila.

Em um dos áudios vazados do PRTB, um dos nomes do partido afirma que o interesse maior está em negociar espaço na prefeitura no segundo turno. O senhor está disposto a ceder alguma coisa para ter o apoio do Pablo Marçal em um eventual segundo turno? 

Ricardo Nunes: Eu quero que esse cara seja preso, o lugar dele é na cadeia, não é na política. Um cara que fala mal do Bolsonaro, que chama de retardado o filho dele, um cara que cria esse tanto de mentira como criou contra mim. Qual é o nível de confiança para uma pessoa dessa? Como é que alguém pode confiar num cara que tem essa capacidade, essa falta de compromisso com a verdade? O cara falar que eu sou comunista? O cara falar que eu sou a favor da ideologia de gênero, o cara falar que eu sou abortista? Como é que pode ter qualquer consideração com alguém desse nível? O nível desse cara é algo assim assustador, ele é capaz de qualquer coisa. Ele é um psicopata, um narcisista. Ele é doente, esse cara é um doente. 

Em um dos debates foi levantado o “Saúde para Todes”, um programa da secretaria municipal de Saúde sobre saúde mental, sexual, estilo de vida e comportamento LGBTQI+. Depois do debate, os vídeos ficaram inacessíveis no site da prefeitura, no Facebook. O senhor extinguiu esse programa, e como que vai ficar em uma eventual nova gestão? 

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Ricardo Nunes: Olha, eu sou uma pessoa que eu sou o cristão verdadeiro. Não sou o cristão falso. O cristão verdadeiro, ele olha, ele tem amor por todas as pessoas. Eu abri o centro de acolhimento para homem trans, eu abri o centro de acolhimento para mulheres trans. Eu abri o primeiro centro de tratamento para as pessoas trans. Como prefeito, e como cristão, tenho a responsabilidade de cuidar de todos, de mulher, de homem, de jovens, das pessoas em situação de rua, da população trans, é a minha obrigação. Eu estou muito distante de ser um cara que seja desumano. A gente tem que cuidar de todo mundo, o serviço público é para atender a todos.

O que eu não aceito? Que tenha qualquer tipo de questão de ideologia de gênero nas escolas, em hipótese alguma, isso é uma das minhas bandeiras de vida. O que eu falei ali [no vídeo], que o meu mandato vai valer só de vencer isso, e eu venci. Fui eu que liderei esse processo todo para tirar essa questão da ideologia de gênero, porque na época lá, em 2015, se você ver as matérias da Folha de S.Paulo contra mim. Procura o que a Folha de S.Paulo fez comigo? Me detonou, que eu era o extremista, eu era o extrema direita, que eu era não sei o quê, porque eu fui o cara que liderei isso.

Quando o Bruno Covas me escolheu, a matéria da Folha de S.Paulo era assim: Bruno Covas escolhe vereador que foi contra a ideologia de gênero. Agora, independente da população, desse povo aí de direita ou de extrema direita, se eles gostam, se não gostam, estou minimamente preocupado. Estou preocupado em defender os meus valores como cristão, contra o aborto, contra a ideologia de gênero, contra a liberação de drogas, a favor da família, a favor da liberdade, a favor da nossa pátria, de me posicionar quando fizeram o negócio de "todes" lá no hino nacional. Então, as minhas posições sempre foram muito claras e objetivas.

Esse programa vai continuar ou não vai mais existir?

Não existe esse programa.

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Os vídeos estavam lá, a gente entrava e acessava. Agora não está mais.

Uma coisa eu te garanto, não foi na minha gestão que esse vídeo entrou lá. Não foi. Pode ser que ele já estava lá. É anterior.

Não, é da atual. Chama “Saúde Para Todes”. Agora a gente entra no Google e não consegue acessar os vídeos.

Enquanto eu for prefeito, não vai ter nada de “Saúde de Todes”. Vai ter o cuidado com as pessoas, isso tem que ter. Independente de eleição, de voto, eu não vou ser prefeito para poder excluir qualquer pessoa. Não vou excluir ninguém, vou cuidar de todos.

A publicação Currículo da Cidade, que versa sobre a Educação Infantil, traz o capítulo 1.4.2. Educação para as Relações de Gênero. Ali coloca-se que é importante que a Unidade Escolar crie espaços para a formação de profissionais e debates com as famílias sobre questões de gênero, como banheiros diferenciados para meninos e meninas e se crianças podem ficar de calcinha e cueca no pátio pra tomar banho de chuva. Como o senhor vê essa questão, que está na publicação da prefeitura?

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Ricardo Nunes: O que está escrito aí é que deve-se refletir. Refletir todo mundo vai refletir. Eu não vou impedir ninguém de refletir. O que eu vou impedir é que tenha banheiro unissex dentro da rede municipal, que isso não vai ter. Banheiro de homem é banheiro de homem, banheiro de mulher é banheiro de mulher. Refletir, minha filha, todo mundo pode refletir. Reflita à vontade.

A cidade de São Paulo vem sofrendo apagões e a administração do senhor culpou a Enel, declarando que o contrato seria rescindido. Não há nada que a gestão pública municipal possa fazer para reduzir os impactos em novos eventos climáticos extremos?

A concessão, a fiscalização e os contratos são do governo federal, não tem participação da prefeitura nisso. O que eu fiz como prefeito? Eu representei, entrei com três ações judiciais na justiça comum aqui contra a Enel, representei no Tribunal de Contas da União, representei junto ao Ministério de Minas e Energia, o ministro Alexandre [Silveira].

Apresentei para as câmaras federais, entreguei pessoalmente na mão do Arthur Lira um projeto de lei que prevê a mudança da lei federal dizendo o seguinte: por que hoje, não só eu, nenhum município no Brasil pode fiscalizar ou multar as empresas que têm concessão de energia? Por que só quem tem essa capacidade é o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel? Eu propus que houvesse uma mudança na lei que possibilite aos municípios fiscalizar e multar essas empresas. Então depende do governo federal. 

Falando sobre o jogo político na Câmara dos Vereadores, que deve mudar muito no ano que vem. Percebemos uma alternância na mesa diretora entre os mesmos partidos, há bastante tempo. Em termos de governabilidade, pensando que o senhor fez uma frente ampla para construir a candidatura, qual será a principal força na Câmara dos Vereadores, e como administrar tanto interesses que foram negociados para essa frente ampla?

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Ricardo Nunes: O interesse maior é que a gente vença a extrema esquerda. Só não enxerga isso quem tem dificuldade de compreensão mental, porque o desenho está feito. Quem tem dificuldade mental, de raciocínio, que não enxerga isso. Existe uma grande frente para vencer a extrema esquerda. Eu fui vereador durante oito anos, o que a gente tem é uma relação muito boa e respeitosa com todos os vereadores e os temas que a gente manda para a Câmara, eu faço o convencimento da importância. Quando eu fui fazer a reforma da previdência, eu precisei de 37 votos, eu convenci os vereadores, o quórum mínimo lá é 28 votos, para a reforma da previdência eu fiz 37. Eu convenci os vereadores, porque é desgastante para os vereadores uma matéria que teoricamente seria antipopular. E eu fiz a reforma da previdência.

A gente aprovou rapidamente, em uma semana, a minha autorização para fazer o acordo com o presidente Bolsonaro na questão da dívida do município de São Paulo. Não se governa sem a base, sem a Câmara, assim como o presidente tem dificuldade sem o Congresso, assim como o governador tem dificuldades sem a Assembleia. O Tarcísio não teria feito esse processo importante da privatização da Sabesp se a Assembleia não tivesse votado. O Tarcísio não teria feito a venda da Sabesp se eu não tivesse votado aqui na Câmara Municipal a autorização, porque o maior contrato da Sabesp é com a prefeitura de São Paulo, 45% do contrato.

Então quem fala que a gente tem que viver num mundo isolado, que não é importante você ter esse apoio, desconhece essa realidade, está vivendo em um mundo lunático. O bom administrador precisa ter essa capacidade de diálogo e trazer os votos necessários para poder implementar as políticas públicas, por exemplo, a privatização da Sabesp, a reforma previdência.

Qual é a opinião do senhor sobre essa reta final do primeiro turno e os ataques entre os candidatos?

Ricardo Nunes: A reta final, não está tão final, ainda falta bastante tempo. O que a gente tem é muita coisa pra mostrar: o apoio do presidente Bolsonaro, que eu confio na palavra dele, o presidente Bolsonaro sempre foi uma pessoa de muita palavra; o apoio do governador Tarcísio; uma frente ampla para poder vencer a extrema esquerda. E estamos lidando agora com um lunático, criminoso, mentiroso, que está se colocando como alguém da direita, que tem uma dificuldade enorme de se posicionar verdadeiramente e tem um histórico que ninguém conhece.

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A minha história, eu acabei de te mostrar, quais foram os artigos que eu escrevi, quais foram as minhas proposições, os meus votos. E a gente tem um cara que ficou muito rico, num espaço de tempo muito curto, com envolvimento com o PCC, que foi condenado por fraudar e tirar dinheiro dos aposentados de uma forma criminosa, com os áudios, inclusive, e ele dizia que só consertava o computador. Todo mundo estava acreditando, mas vêm os áudios da investigação da Polícia Federal, todo mundo descobre que na verdade ele era muito atuante na cadeia, era ele que captava as contas e tomava o dinheiro dos aposentados.

Então tem um caráter muito questionável e que mente de forma absurda, é uma doença pela mentira. Eu sou uma das vítimas da mentira, não só aqueles aposentados que ele roubou o dinheiro. Eu e a população de São Paulo estamos sendo vítimas de um cara que tem uma capacidade enorme de mentir, inclusive a gente tem visto essa relação toda dele com o crime organizado, que é o que a gente não quer, eu e o Tarcísio não desejamos. Eu e o Tarcísio, nós vamos aqui, unidos, vencer a extrema esquerda, vencer quem invade propriedade e vencer quem invade os aposentados.

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