Depois de o apresentador José Luiz Datena ter lançado oficialmente a pré-candidatura à prefeitura de São Paulo pelo PSDB, a pré-candidata Tabata Amaral (PSB) dirige a negociação do cargo para siglas insatisfeitas com Ricardo Nunes (MDB). Ela comporia uma chapa com Datena de vice.
Apesar de não fechar as portas para Datena, o PSB articula possíveis alianças com siglas que não gostaram da guinada à direita de Nunes, que fechou acordo com Jair Bolsonaro (PL) por meio da aceitação do vice indicado pelo ex-presidente, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL). "Estamos conversando com muita gente que está insatisfeita com o Nunes, de partidos como o União, o PSD, o PP e o próprio Republicanos, que deve perder o Tarcísio para o PL", diz um integrante da campanha de Tabata Amaral.
Campanha de Tabata vê gesto de Datena como "traição" e "desrespeito"
De acordo com um integrante da campanha de Tabata Amaral, o sentimento da pré-candidata em relação a Datena é de traição e desrespeito, principalmente após ter sido colocada a possibilidade de ela integrar a chapa dele como vice. "Não faz o menor sentido, estamos construindo isso há dois anos. Foi realmente uma traição, um desrespeito ao trabalho feito", diz.
A despeito da avaliação de que "hoje não há clima para Datena ser vice de Tabata", o espaço na chapa da pré-candidata do PSB ao apresentador segue aberto e é bem-vindo principalmente diante do isolamento de Tabata. Essa perspectiva é reforçada pelas poucas aparições e publicações de Datena nas redes sociais, algo atípico pra um pré-candidato a três meses das eleições.
"Há várias etapas entre o Datena lançar a candidatura e realmente ser candidato, não por causa do histórico de desistência, mas porque ele não fez uma reunião, um plano de governo, não tem marqueteiro, chapa, não deu entrevista, não tem novas publicações nas redes sociais. Até onde vai isso?", questiona o ex-presidente municipal do PSDB e coordenador político da campanha de Tabata Amaral, Orlando Faria (PSDB), principal articulador da aliança entre o PSDB e o PSB.
Caso a parceria com Datena e com um dos outros partidos não dê certo, Tabata Amaral se lançará em uma chapa pura. Os correligionários e possíveis vices na candidatura à prefeitura de São Paulo são Lúcia França, que foi vice de Fernando Haddad (PT) na candidatura ao governo do estado de São Paulo, e o deputado federal Floriano Pesado (PSB), que ocupa um cargo ligado ao governo Lula, o de diretor na Apex Brasil.
PSB dá ultimato a PSDB: "não dá para ser aliado apenas nas cidades que interessam"
De acordo com Orlando Faria, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, avisou os diretórios estaduais do partido que as coligações com o PSDB têm de passar pela executiva nacional. Dessa maneira Siqueira deu um ultimato ao PSDB, que tem interesse em manter as alianças com o PSB em capitais como Campo Grande (MS), Vitória (ES) e Florianópolis (SC): "não dá para ser aliado apenas nas cidades em que vale a pena para eles", avalia Faria.
Procurada pela reportagem da Gazeta do Povo, a assessoria de imprensa do PSDB municipal não quis se manifestar.