Os seis candidatos à prefeitura de São Paulo convidados para o debate promovido pela RedeTV/UOL confirmaram presença no encontro que será realizado nesta terça-feira (17) a partir das 10h20. Entre eles, o tucano José Luiz Datena (PSDB) que agrediu Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeirada após provocações durante o debate da TV Cultura, no último domingo (15).
No estúdio, Datena e Marçal vão ficar em lados opostos durante o debate da RedeTV/UOL. A ordem dos púlpitos será: Guilherme Boulos (Psol), Datena, Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (Novo) e Marçal.
De acordo com o UOL, as cadeiras foram fixadas com três parafusos no chão para evitar novos incidentes. A organização do debate também poderá advertir ou suspender por um bloco o participante por agressões verbais e em caso de reincidência ou ato de violência física, o infrator será expulso.
Além disso, cada candidato será acompanhado por um segurança, o que foi acordado antes do episódio da cadeirada. A agressão física é o ápice de uma campanha marcada por trocas de acusações e ataques, que não envolvem apenas o empresário e influencer, que chama o prefeito Nunes de “bananinha” e acusou Boulos de ser usuário de cocaína.
Nunes e Boulos já protagonizaram agressões verbais mútuas nos encontros para discussão de propostas. O candidato à reeleição também foi questionado por Tabata sobre um suposto boletim de ocorrência por violência doméstica registrado pela primeira-dama, o que é negado pela família do prefeito.
A Gazeta do Povo apurou que existe a intenção por parte dos candidatos em construir um pacto de não agressão na reta final do primeiro turno em São Paulo, mas a informação não foi confirmada por nenhuma das campanhas.
Na saída do hospital Sírio-Libanês, onde teve o braço imobilizado, Marçal afirmou que estará presente no debate desta terça-feira e voltou a acusar Datena por um suposto caso de assédio sexual, que teria sido o estopim da agressão física. O empresário ainda chamou o apresentador de “velho tarado” e disse que vai pedir à Justiça Eleitoral a cassação do tucano pelo episódio.
"Nunca ‘arreguei’ para debate como o Datena já 'arregou', como o Boulos já 'arregou'. Em várias sabatinas e podcasts, eles estão ‘arregando’ porque não conseguem controlar o ambiente. Ontem estava fluindo super bem até o Datena praticar aquela agressão contra mim", disse Marçal.
O empresário ainda confirmou a mensagem enviada a Datena após desentendimentos nos debates como pedido de desculpas pelo comportamento dos candidatos como se estivessem no "zoológico", o que foi revelado pelo tucano no encontro do último domingo. No entanto, Marçal alega que Datena não mostrou todo o conteúdo das mensagens e que ele teria dito que continuaria "falando a verdade".
Em nota, Datena afirma que seguirá com a campanha a prefeito de São Paulo, apesar das especulações sobre a desistência do candidato, que disputa o primeiro pleito eleitoral, depois de vários convites de partidos e negativas do apresentador. Nesta segunda-feira (16), terminou o prazo para troca de nomes de candidatos nas chapas das eleições municipais, conforme o calendário eleitoral.
O tucano ainda negou a acusação e criticou Marçal pelo uso da expressão “Jack”, que significa estuprador, em referência à denúncia arquivada contra Datena. “Usando linguagem de marginais, algo que lhe é tão peculiar, feriu minha honra e maculou minha família, já machucada pela perda de um ente querido em decorrência do mesmo episódio agora novamente imputado a mim de forma vil pelo meu adversário. Errei, mas de forma alguma me arrependo. Preferia, sinceramente, que o episódio não tivesse ocorrido”, declarou então, sobre a cadeirada.
Questionado sobre o pedido de cassação do registro do candidato, o advogado do PSDB Guilherme Ruiz argumenta que não existe previsão na legislação eleitoral para o caso e que o nome de Datena será mantido na cabeça da chapa. “Não há previsão de cassação por agressão física. Datena continuará sendo candidato. Marçal, por outro lado, poderá ficar inelegível em face da ação por abuso do poder econômico movida pelo partido de Tabata”, rebateu em nota.
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) esclareceu que a atuação da Justiça Eleitoral ocorre “mediante provocação”, ou seja, por meio das ações ingressadas pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), partidos políticos, coligações, federações ou candidatos. Além disso, em nota, o TRE-SP repudiou “qualquer tipo de ofensa ou violência entre os atores do processo eleitoral.”
“O TRE-SP defende um debate de ideias civilizado, respeitoso e pacífico, a fim de que o eleitorado obtenha as informações necessárias para realizar a escolha de seus candidatos e candidatas de forma consciente e responsável, contribuindo, dessa forma, para a consolidação da nossa democracia”, acrescenta.
Veja como vai funcionar o próximo debate e onde assistir
Devido ao clima de tensão, a regra para o debate da TV Cultura já foi mais rígida, no domingo (15), principalmente pelo episódio em que Datena deixou o púlpito e ameaçou Marçal, pela primeira vez, no encontro anterior na TV Gazeta. Apesar da troca de ofensas, não houve agressão física no primeiro incidente.
Após a cadeirada, a RedeTV/UOL deve aumentar a rigidez das normas no debate, na manhã desta terça-feira (17), com a possibilidade de suspensão do bloco e expulsão do evento, em caso de reincidência após advertência da mediadora Amanda Klein. Ou seja, o candidato pode ser advertido, inicialmente, mas se voltar a repetir as agressões será suspenso por um período até em casos de xingamentos, a depender da avaliação da comissão do debate, que também é responsável pela análise dos pedidos de respostas. É proibido deixar o púlpito estabelecido sem autorização da mediadora.
Além de parafusar as cadeiras no chão e manter um segurança para cada candidato, a RedeTV/UOL vetou o uso de celular ou câmera fotográfica no palco e pelos assessores. Os candidatos também não poderão exibir qualquer documento ou objeto.
O debate será dividido em cinco blocos, sendo que o primeiro e o terceiro foram reservados para as perguntas e as respostas entre os candidatos. No segundo e no quarto blocos, os questionamentos serão feitos por jornalistas convidados para o debate, que termina com as considerações finais dos concorrentes à prefeitura de São Paulo. O debate será transmitido na RedeTV e no Youtube.
Candidatos comentam episódio da cadeirada de Datena em Marçal
Procurada pela Gazeta do Povo, a candidata Marina Helena afirmou que “as provocações são parte do jogo” na campanha eleitoral, mas repudiou as comparações entre os ataques de Marçal com a reação de Datena. “Todos os candidatos se provocam. Mas a reação também precisa ser dentro das regras do jogo. Não há equivalência entre agressões verbais do Pablo e a agressão física do Datena”, respondeu.
Na entrevista coletiva após o evento da TV Cultura, Tabata disse que esse foi o debate mais “restritivo” com o cumprimento das regras acordadas, como a expulsão de Datena. “Da próxima vez, vão proibir copos para não ter objetos cortantes. É esse o nível [do debate]?”, ironiza a candidata do PSB.
Ela ainda revelou que houve um sorteio para definição das posições e Boulos contestou o resultado, pois não queria ficar ao lado de Marçal. “É ridículo, um homem feito agir igual a um menino pequeno. Não vou ficar aqui [debate] porque não gosto dele. Qual é o próximo entendimento? Não ter objeto agudo, não conseguir acesso um ao outro. Precisa ter um limite e não será com regras. Se a pessoa não consegue se portar ao lado de um adversário, não deve ser considerado como opção para prefeitura de São Paulo”, declarou.
Candidato à reeleição, Nunes chamou Marçal de “irresponsável” por provocar os concorrentes durante os debates na campanha. “Até que ele conseguiu pegar o Datena, abalado emocionalmente por ter perdido a sogra. Não que justifique o que o Datena fez, está errado, mas ele [Marçal] provocou de uma forma absurda. Se não sou eu para segurar o Datena, seria pior”, disse o prefeito em vídeo postado nas redes sociais.
Boulos também usou as redes sociais para avaliar que o nível dos debates está “muito baixo” nas eleições em São Paulo. “Em grande medida pela atuação do Pablo Marçal, por inventar mentiras, provocar, atacar e promover baixarias em todos os debates. Fez isso, novamente, atacando o Datena fora dos microfones de maneira brutal. O Datena se descontrolou e reagiu de um jeito que não devia ter reagido e o Marçal tenta capitalizar com a situação”, comenta o candidato do Psol.
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