Em entrevista à Gazeta do Povo, o assessor e braço direito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Fabio Wajngarten, afirmou que a "direita semeou nas eleições de 2024 e vai colher uma colheita muito robusta em 2026", referindo-se principalmente à figura de Bolsonaro como cabo eleitoral.
Wajngarten foi um dos responsáveis por convencer o ex-presidente a não lançar um candidato próprio na cidade de São Paulo, como Ricardo Salles (PL), e, em vez disso, fazer uma aliança com o centro e com o prefeito agora reeleito, Ricardo Nunes (MDB). Wajngarten analisa a estratégia como acertada, ainda que tenha custado o afastamento de Salles, padrinho de casamento dele.
"Eu fui o primeiro que segurou a direita, evidenciando com números que, sozinha, ela não ganharia. Baseado no histórico eleitoral da cidade de São Paulo, o presidente Bolsonaro e o governador Tarcísio perderam na cidade de São Paulo. A cidade é centro-esquerda, qualquer candidato de direita daria vitória ao Boulos. O presidente ficou sensibilizado com isso", disse ele.
Wajngarten considerou a vitória de Nunes na maior cidade do país como emblemática. "O resultado veio totalmente satisfatório, a direita aliada ao centro resultou nesta vitória emblemática aqui em São Paulo do prefeito Nunes", complementou, afirmando ainda que a "campanha foi marcada intensamente com a caminhada do governador Tarcísio juntamente com o prefeito".
O assessor de Bolsonaro também afirmou que as lideranças evangélicas, em específico o pastor Silas Malafaia, foram fundamentais para a campanha - Malafaia publicou uma série de vídeos nas redes sociais com críticas aos candidatos Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (Psol). Além disso, avalia que a atuação presencial da "vereança do MDB nas periferias" foi determinante.
Além de comemorar a vitória, Wajngarten defende que a estratégia seja replicada nas próximas eleições, de 2026. "A cidade de São Paulo é protagonista para o retorno da direita em 2026". A ideia é que a articulação ocorra principalmente nas eleições para cargos legislativos federais. "É muito importante ressaltar a necessidade de vitórias como a de ontem (domingo) em São Paulo na Câmara dos Deputados e, principalmente, no Senado", disse ele.
Mesmo com as derrotas por muito pouco, a direita viabilizou e fermentou grandes nomes.
Assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten
Em relação aos nomes apoiados por Jair Bolsonaro que não ganharam a prefeitura, Wajngarten afirmou que "mesmo com as derrotas por muito pouco, a direita viabilizou e fermentou grandes nomes". André Fernandes (PL), por exemplo, ficou com 49,62% dos votos e perdeu a prefeitura de Fortaleza para o candidato do PT, Evandro Leitão, por uma pequena margem, ao mesmo tempo que Capitão Alberto Neto (PL) ficou com 45,41% dos votos e perdeu a prefeitura de Manaus para o candidato do Avante, David Almeida.
"O grande vencedor é Bolsonaro", diz Wajngarten
Questionado sobre a força de Bolsonaro como líder da direita após o surgimento de nomes como Marçal no cenário político, Wajngarten pontuou que "o grande derrotado das eleições de 2024 é Lula e, portanto, o grande vencedor é Bolsonaro".
A afirmação de Wajngarten se dá em meio a discussões sobre quem pode ser o possível sucessor de Bolsonaro em 2026 caso ele se mantenha inelegível. Na semana passada, o ex-presidente reiterou que o sucessor dele é o "Messias". Para o braço direito político nessa estratégia, no entanto, essa discussão ainda seria "muito embrionária", ainda que a campanha para 2026 tenha começado a ganhar contornos a partir dos resultados da eleição em segundo turno no último domingo (27).
- Tarcísio mostra autonomia, banca Nunes e aumenta capital político nas eleições
- Temendo ficar “zerado” nas capitais, PT jogou todas as fichas em Fortaleza
- Bolsonaro diz que eleições municipais mostram vitória da direita: “PT morreu”
- Eleições municipais apontam novos rumos para a disputa de Lula e Bolsonaro em 2026