Eleita deputada estadual de São Paulo em 2018, Janaina Paschoal deixou marca ao receber 2 milhões de votos e se tornar a mais votada da história da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Na ocasião, ela era conhecida como coautora do processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Em 2022, no entanto, Janaina concorreu ao Senado pelo PRTB e, em uma virada de chave, recebeu apenas 2% dos votos válidos, atrás de Márcio França (PSB), que teve 36,17% dos votos, e de Marcos Pontes (PL), que recebeu 49,74%. Dedicada à carreira acadêmica, recentemente Janaina se filiou ao partido Progressistas e pondera se disputará uma cadeira na Câmara dos Vereadores de São Paulo.
Em entrevista à Gazeta do Povo, Janaina Paschoal respondeu sobre planos políticos e os motivos que a separam da política. A decisão de se candidatar a uma cadeira no Legislativo municipal da capital paulista deve ser tomada até o final de junho e depende de poder conciliar a carreira de professora da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) com a atividade parlamentar.
“Não quero me afastar de novo da universidade. Acho importante que os alunos tenham alguém com um olhar um pouco diferente da maioria”, disse. Janaína espera também receber o apoio da família. “Minha candidatura está dependendo disso e da minha família se habituar com a ideia, porque existe uma resistência desse meu retorno para a vida política institucional.”
Tendo passado pelo PSL (atual União Brasil) e pelo PRTB, ela conta que foi convidada para ingressar como vice na chapa do Partido Novo, que lançou a pré-candidata Marina Helena, mas optou por sair. "Me dou bem com todos eles, mas depois de várias reuniões, preferi não ficar. Gosto muito da Marina Helena, é uma excelente pré-candidata e seria ótimo ela ganhar, mas precisamos avaliar se é [uma candidatura] viável", diz ela, em relação à disputa polarizada entre Guilherme Boulos (Psol) e Ricardo Nunes (MDB).
Janaina Paschoal atrela escolha pelo PP por tempo de TV e liberdade de pautas
Janaina Paschoal conta ter escolhido o Partido Progressistas (PP) pelo tempo de TV que a legenda oferece, uma vez que, durante a campanha ao Senado, esse foi um elemento que ela considerou crucial. “As pessoas ainda me perguntam o motivo de eu não ter sido candidata em 2022. Fiz uma campanha para senadora sozinha, com R$ 49 mil próprios, sem um segundo de TV, fui para as ruas entregar papelzinho e conversar com a população. Não dava para lutar assim contra candidatos que tinham milhões de reais”, evidenciou.
“Precisava escolher um partido que pelo menos me desse tempo de TV e liberdade de defender o que eu quiser. Além disso, eles não pediram cargo em gabinete caso eu seja eleita, o que é uma prática comum em algumas siglas”, complementou ela sobre a escolha do PP, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e da ex-ministra da Agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina.
Sobre o apoio ao prefeito de São Paulo que tentará a reeleição, Ricardo Nunes, a ex-deputada enfatizou a necessidade de compromissos claros, especialmente em relação às políticas sociais e de segurança em São Paulo. "Tenho críticas à política de assistência social, principalmente no centro de São Paulo. Entendo que precisa ter algo mais forte, sobretudo com relação a crianças e adolescentes. Não vejo um trabalho satisfatório e quero um compromisso do prefeito nesse sentido", disse ela.
Suspensão da resolução do CFM sobre assistolia fetal
Outro ponto abordado na entrevista para a Gazeta do Povo foi o aborto - pauta que Janaina é contrária - e a recente resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que restringia a prática da assistolia fetal, usada para interromper gestações acima de 22 semanas, mas que foi suspensa pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
"Estranho um pouco o ministro Alexandre abraçar essas causas que são historicamente esquerdistas, porque ele nunca foi um professor de esquerda. Fiquei negativamente surpresa, apesar de respeitá-lo como magistrado", disse ela. “As mesmas pessoas que defendem fazer esses abortos tardios são aquelas contrárias a investigar os estupros, e eu não entendo por quê. Se você está tão favorável à defesa da vida, porque não quer investigar o agressor sexual?”, questionou.
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