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Segurança
Campanhas contam com ex-coronéis para sinalizar combate ao crime e atender anseio de paulistano| Foto: Divulgação/Prefeitura de São Paulo

O tema segurança pública será um dos protagonistas na campanha à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024 com destaque para a escolha de nomes do setor para composição de chapas e coligações. Antes mesmo do início do período oficial de propaganda eleitoral na próxima sexta-feira (16), os partidos apresentaram os representantes da área policial, resultado da articulação politica, seja como candidatos a vice-prefeito ou como consultores para a montagem do plano de governo.

O primeiro candidato a fazer esse movimento foi o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), mesmo que por uma indicação pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao confirmar para o cargo o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP), Ricardo Mello de Araújo (PL). Entre 2017 e 2019, ele foi comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), o batalhão de choque da corporação.

O deputado federal e candidato Guilherme Boulos (Psol) anunciou logo na sequência que o também coronel da reserva e ex-comandante da Rota, Alexandre Gaspar Gasparian, passaria a integrar a equipe da campanha como consultor em segurança pública na elaboração do plano de governo do psolista.

Na mesma linha, o Novo confirmou que o coronel da reserva da PM-SP, Reynaldo Priell Neto, será o vice de Marina Helena (Novo). Além da atuação na área de tecnologia e operações na corporação, ele foi secretário adjunto da Segurança Urbana da capital paulista na gestão Bruno Covas, entre 2019 e 2020.

O PRTB de Pablo Marçal também seguiu o mesmo caminho com o anúncio de Antônia de Jesus (PRTB) como candidata a vice em uma chapa pura do partido. Ela é policial militar e estreante na política, assim como Marçal.

Segurança é o tema mais importante para o eleitor de São Paulo, diz pesquisa

O aceno dos canditatos ao setor não é por acaso. O tema segurança pública é muito sensível para a população de São Paulo. Um levantamento da Quaest, divulgado em 30 de julho, apontou que o problema mais grave da cidade é a violência/crime, com 27% do total dos entrevistados, segundo a pesquisa, seguido da área da saúde com 16%.

O problema interfere diretamente na avaliação da administração municipal, o que pode pesar no voto do eleitorado. Na mesma pesquisa, os entrevistados responderam se o atual prefeito Ricardo Nunes está resolvendo o problema mais grave da cidade, no caso a violência/crime: 84% responderam que não.

A cientista social e política Elis Radmann, diretora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), destaca que em cidades como São Paulo, “há uma desigualdade social grande, altos índices de violência urbana, disputas entre traficantes de grupos rivais e, exponencialmente, tem crescido a força do estado paralelo, através das milícias.”

Ao trazerem a polícia para dentro da equipe, os candidatos tentam passar aos eleitores que estão preocupados com o combate à violência e que o tema será prioridade em um eventual mandato. “Tal cenário exige um político que tenha o ‘penso’ do aparato repressivo, que consiga enxergar como a máquina funciona e como elaborar estratégias de contenção. Nestas chapas, os profissionais da segurança trazem a sensação para a população de que a cidade poderá estar em boas mãos, que terá um expert que sabe o que está acontecendo”, pontua.

Candidatos afastam possível rejeição à PM

Ao mesmo tempo em que os representantes das forças policiais são vistos como uma ilha de segurança nas campanhas, podem também atrair uma dose de rejeição, especialmente quando são associados ao radicalismo e mesmo à violência policial. Não por acaso que a presença do coronel Gasparian na chapa de Boulos causou resistência em alas do PSOL. O próprio candidato, inclusive, evitou falar sobre o movimento, deixando para a campanha, via nota oficial, explicar os motivos do convite. “[Ele] é defensor da vida e dos direitos humanos” e “vai demonstrar que é possível tratar com seriedade do tema da segurança pública sem ficar refém do bolsonarismo.”

Nunes foi por outro caminho e confirmou Mello Araújo, indicado de Jair Bolsonaro, para ocupar a vaga de vice pelo PL na chapa de reeleição. “Se for para ser radical para combater a exploração sexual infantil, a corrupção, o crime organizado, a questão fiscal de uma empresa com um déficit, que ele ficou dois anos [no Ceagesp] e depois deu lucro, é esse radicalismo que eu quero”, afirmou durante a confirmação da indicação do vice, inclusive tentando tirar a responsabilidade direta do coronel da reserva no tema da segurança em um eventual governo.

Não vai ser o vice-prefeito que vai atuar em questão de segurança, mas ele pode colaborar muito comigo em vários quesitos e nisso ele se demonstrou com bastante eficiência.”

Já Marina Helena não escondeu que a escolha do Novo foi baseada na percepção da falta de segurança entre os paulistanos. Mas, ela buscou um caminho que tem relação com a atuação de Priell Neto na área de inteligência e tecnologia da PM, transportando a bagagem para a Guarda Municipal. “Priell será fundamental na nossa missão de resgatar a segurança de São Paulo. É uma honra pra mim ter como vice um dos maiores especialistas brasileiros em inteligência policial e segurança pública. Além de dobrar o número de guardas municipais, São Paulo precisa de mais inteligência policial e tecnologia para ajudar a GM no combate ao crime”, avalia.

Metodologia da pesquisa citada: 1.002 entrevistados pessoalmente pela Quaest entre os dias 25 e 28 de julho de 2024. A pesquisa foi contratada pelo Banco Genial S.A. Confiança: 95%. Margem de erro: 3,1 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-06142/2024.

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