Nesta quarta-feira (19), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), promove um jantar no Palácio dos Bandeirantes com lideranças dos partidos que apoiam o prefeito Ricardo Nunes (MDB). A reunião deve discutir - e possivelmente cravar - a indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o vice na chapa de Nunes para a reeleição à prefeitura de São Paulo.
Líderes de 11 siglas devem participar e a principal pauta, além da escolha do vice, será as eleições municipais em São Paulo. A indicação de Ricardo de Mello Araújo (PL), ex-coronel da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar da Polícia Militar de São Paulo) e presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) na gestão de Bolsonaro, é um dos pontos centrais da discussão.
"Hoje é um dia em que cada um vai poder falar das suas opiniões. Tem pessoas que acham que o coronel Mello Araújo não é positivo, tem pessoas que acham que é. Algumas achavam que não era e quando conheceram o histórico dele no Ceagesp, passaram a defendê-lo. Então esse exercício da democracia é importante, discutir para chegar num nome de consenso de todos", disse Ricardo Nunes à imprensa nessa quarta-feira (19).
Bolsonaro, que indicou o vice de Nunes, busca consolidar a presença de Araújo na chapa, contando com o apoio de partidos como PL, MDB, Republicanos, PP e PSD. Também fazem parte da frente ampla de Nunes os partidos Agir, Solidariedade, Avante, PRD, Podemos e Mobiliza.
O União Brasil não integra a frente ampla, mas Milton Leite, um dos caciques do partido em São Paulo e presidente da Câmara de Vereadores na capital, afirmou que apoia a reeleição de Nunes. Ainda assim, ele segue recomendando nomes diferentes ao de Mello Araújo para vice da chapa.
A escolha enfrenta resistências dentro do próprio gabinete de campanha de Nunes, que teme alienar eleitores de centro devido à rejeição a Bolsonaro em São Paulo, onde Lula teve 50,9% dos votos em 2022, contra 49,1% de Bolsonaro.
Além disso, a presença de Araújo na chapa poderia trazer à tona o tema da segurança pública, algo que Nunes quer evitar por ser de atribuição primária do governo do estado. A relação pessoal distante entre Nunes e Araújo também é um ponto de preocupação, além da dificuldade do ex-comandante da Rota para fazer campanha nas periferias, principalmente em locais onde predomina a liderança da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Na última sexta-feira (14), Nunes recebeu Bolsonaro, Tarcísio e Araújo para um almoço na prefeitura de São Paulo, aumentando as expectativas sobre a indicação oficial. No entanto, Nunes limitou-se a afirmar que Araújo tem "muita força" para a posição de vice. O jantar da noite desta quarta é visto como a consolidação da aliança em torno de Araújo.
Pablo Marçal pressionou anúncio do vice de Nunes indicado por Bolsonaro
A pressão para a definição do vice de Nunes aumentou após a pré-candidatura de Pablo Marçal (PRTB), visto como uma ameaça de desvio de votos da direita. Marçal, que se reuniu recentemente com Bolsonaro, tem ganhado força entre os bolsonaristas.
No entanto, outras opções estavam sendo consideradas para vice de Nunes, como a vereadora Sonaira Fernandes (PL) - próxima de Eduardo Bolsonaro - e a vereadora Rute Costa (PL), ligada à Assembleia de Deus, que tem forte presença na zona leste de São Paulo. Apesar de outras sugestões, como a do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), a escolha de Araújo tem o apoio decisivo de Valdemar Costa Neto e de Jair Bolsonaro.
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