A pré-candidata Marina Helena (Novo) afirmou ser a única do campo da direita na corrida eleitoral para a prefeitura de São Paulo. Em entrevista à Gazeta do Povo, ela enfatizou a defesa pela política de desestatizações pela qual trabalhou junto ao ex-ministro da Economia Paulo Guedes, de quem foi funcionária na pasta durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
A pré-candidata também comentou sobre o desempenho recente apontado pelos institutos DataFolha e Paraná Pesquisas, ambas registradas na Justiça Eleitoral. Confira abaixo a entrevista na íntegra.
Por que a senhora quis ser candidata à prefeitura de São Paulo?
Em São Paulo, o carrapato está maior que o boi. É em prol do que eles chamam de governabilidade. Sucessivos prefeitos da cidade têm loteado cargos, feito acordo com vários amigos, atrapalhando a vida do cidadão e a vida do empreendedor - uma característica muito forte do paulistano. Ninguém vem para São Paulo para ter lazer ou atrás de praia. As pessoas vêm trabalhar e melhorar de vida.
Me chocou ver que, nos últimos 10 anos, o que a cidade produz em relação ao Brasil caiu 20% em termos reais. A renda do paulistano despencou. Quando falamos desses últimos 10 anos, a gente está falando sobre o PT e o PSDB, partidos claramente de esquerda. A continuidade do Nunes, que se diz de centro, também mantém essa estrutura. Os outros candidatos que estão no pleito, todos vendendo essa tal de frente ampla, mas no fundo isso vai fazer com que seja exatamente a mesma coisa que a vimos no passado: serviço público de péssima qualidade, loteamento de cargos e um estado que está “chupinhando” o empreendedor e não está permitindo que a cidade cresça.
Essa ideia de terra das oportunidades foi no passado, claramente deixou de ser. Eu não tenho rabo preso com ninguém. Não tenho dívida com ninguém. Uma vez que a gente consiga entrar na prefeitura de São Paulo, não vou precisar lotear subprefeituras, secretarias e coordenadorias de educação e saúde.
Quais são as suas principais propostas para saúde, educação e segurança pública?
A última coisa que eu pretendo é aumentar impostos. Pelo contrário, acho que tem espaço aqui para cortar. O município gasta 1% de tudo que arrecada com segurança. É ridículo. Precisamos triplicar esse orçamento e dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana.
Na educação, eu queria exatamente trazer algo que já acontece na saúde e é bem-sucedido, que são as administrações privadas de organizações sociais (OS) na educação pública. Isso funcionou em vários outros lugares do mundo. Quando introduz esse tipo inovação, traz uma competição também para a escola pública. Isso faz com que melhore não só a qualidade do ensino, dessas que têm administração de organizações sociais, mas do próprio ensino público. Custo médio de um aluno para a prefeitura é entre R$ 1,2 mil e R$ 1,8 mil. Um dos maiores gastos do país, se não o maior, e mesmo assim temos 2 mil cidades na nossa frente em termos de aprendizagem.
Na saúde, vejo que a tecnologia pode ajudar muito. Faz 20 anos que os prefeitos falam disso e ninguém realizou um prontuário único. A telemedicina já é possível no país. Cerca de 30% dos exames feitos vão para lata do lixo, porque tem que se deslocar até o lugar para fazer o exame, depois tem que ir lá buscar de novo. Precisa otimizar a boa gestão e tecnologia. Fez o exame automaticamente, já vai para o prontuário.
A senhora e o partido já escolheram um vice?
Temos estudado nomes. Na janela partidária, a gente trouxe várias pessoas técnicas para o partido. Não descartamos também uma coligação. Enfim, nomes que estejam alinhados com as nossas propostas. Precisamos prestar um bom serviço para a população. É o grande diferencial da minha campanha.
Como a senhora avalia as recentes pesquisas em que aparece com cerca de 7%?
A gente recebeu com muita alegria. Isso mostra que o paulistano está muito cansado dos mesmos. Temos dentre as opções: Nunes de centro, e da esquerda Tabata e o Boulos. Tem o Kim também, mas tem uma dúvida grande se ele vai conseguir se viabilizar pelo União Brasil. A única opção de fato de direita que tem na cidade sou eu. A palavra direita tem sido muito criticada. Ser direita significa não passar pano para bandido. Tolerância zero com o crime de rua e o crime organizado, defender um ensino que prepare as nossas crianças paro o mercado de trabalho não que doutrine. O governo de fato eficiente, que com menos impostos consiga fazer mais, ao invés de quebrar a perna do cidadão para oferecer muleta.
Afirmaram que a senhora teve esse percentual nas pesquisas de intenção de voto porque foi confundida com a ministra Marina Silva. Como avalia essa declaração?
Eu gosto de recorrer aos números. A candidata Marina Silva teve uma votação muito menor que essa, não chegou a 2% dos votos aqui na capital. Além disso, na última eleição, a gente teve uma candidata do próprio partido da Marina Silva, que era Marina Helou, até parece com Helena. Foi uma grande dificuldade, porque o meu nome é Marina Helena Santos, então eu tinha que escolher, e o "Santos" achei que confundia muito mais com Silva do que o Helena. Utilizei o Helena exatamente para evitar essa confusão. E a candidata Maria Helou teve 0,4% dos votos na capital, então como isso me levaria para 7%? Fora que a Marina está fazendo uma péssima gestão na pasta do Meio Ambiente. É só ver o que está acontecendo com os Yanomamis, recorde de queimadas, tudo que ela toca vira lixo. Não consigo ver ela aqui na capital com 7% de intenções de voto.
Depois de resultado nas pesquisas, a senhora sofre pressão de outros partidos para desistir da candidatura?
Não. Esse acordão para garantir uma governabilidade está matando a nossa cidade. Isso se mostra nos dados, não consigo enxergar nenhuma das alternativas que tem por aí, que vá mudar isso. Pode piorar? Pode. Não tenho dúvida. Se a gente conseguiu ter uma queda de 20% do PIB de São Paulo em relação ao Brasil nos últimos 10 anos com governos do PT, PSDB, MDB, depois, com Nunes, imagina o que será de nós num governo do Psol?
A senhora buscou apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro ou do governador Tarcísio de Freitas?
Todos os apoios são bem-vindos, principalmente os apoios que venham do campo da direita. Lembrando que eu trabalhei no governo Bolsonaro como diretora de desestatização, a convite do ministro Paulo Guedes, que é um grande amigo com quem trabalhei também no setor privado para encabeçar exatamente a pauta de desestatizações. É algo que acredito muito, porque o setor público não é capaz, na maioria dos casos, de prestar serviços de qualidade. Se olhar as minhas propostas, tem muito a ver com a veia que foi defendida na economia pelo ministro Paulo Guedes. Ele [Tarcísio] foi de infraestrutura, mas antes disso coordenou os programas de desestatização, então acho que temos muita coisa em comum.
Agora, eu não estou esperando isso [apoio de ambos]. Sinceramente, vejo que o que eu tenho para oferecer são as minhas propostas. E acredito que o paulistano vota muito de acordo com isso. Nas últimas eleições, por exemplo, o Bolsonaro apoiou o Russomano e o Lula apoiou o Boulos, e isso não deu a vitória a nenhum dos dois. A escolha foi outra. Vejo que as propostas são muito mais importantes. Sem dúvida, um apoio do Tarcísio, apoio do Bolsonaro, de pessoas que eu admiro, com quem eu trabalhei no passado, seria mais que bem-vindo, mas não estou esperando isso.
A senhora buscou auxílio do Paulo Guedes para desenhar propostas para São Paulo?
Nós temos uma ótima relação. Tenho uma grande admiração pelo Paulo, nos falamos com frequência. Ele está afastado da política, dedicado ao setor privado, principalmente na área de educação. Ele sempre vai ser um conselheiro muito importante.
Em relação à postura do Partido Novo com austeridade fiscal, como será o financiamento da sua campanha?
Isso mudou dentro do partido. Aprendemos que não adianta entrar na guerra de canivete contra todo mundo que está usando bazuca. Quando o Novo teve a primeira eleição em 2016, 80% do financiamento de campanha era privado. Hoje é o contrário, acho que cerca de 20% privado. O partido se adequou a isso e passou a utilizar tanto o fundo partidário quanto o fundo eleitoral. Obviamente que vai ter uma fração muito menor do que os demais partidos, mas vamos utilizar. Exatamente por ser muito pequeno comparado com os outros, a gente vai continuar dependendo do financiamento privado, de convencer pessoas, de vaquinha virtual, tudo isso que sempre foi importante para o partido e que a gente acredita que faz com que tanto filiados quanto apoiadores se sintam parte de fato.
O Novo está aberto a ter uma chapa com outro partido?
Vamos utilizar quantas coligações sejam possíveis. Em Minas, na última eleição, teve coligação do governador. Estamos abertos, desde que o projeto seja bom para a cidade. O Novo é o maior opositor ao PT. Desde que começou a ter presença no legislativo em 2019, o Novo está no extremo oposto de como vota o PT. Vamos permanecer assim.
Viralizou uma foto da senhora colocando o seu bebê para ouvir o discurso do presidente da Argentina, Javier Milei. Como foi isso?
Ele escuta todos: o Milei, o Roberto Campos e o Paulo Guedes, escuta tudo que eu escuto. Boa parte do tempo agora amamentando a gente está ouvindo. Esses valores todos que defendo eu transmito para eles (filhos), desde pequenos.
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