A campanha que busca a reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tem pressionado o Partido Liberal (PL) para que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participem mais ativamente, no acompanhamento do vice na chapa, Mello Araújo (PL), pelas ruas da cidade.
Pela apuração da reportagem da Gazeta do Povo, Nunes estaria preocupado com a falta de experiência de Mello Araújo em campanhas eleitorais. Esta é a primeira vez que o coronel da Polícia Militar (PM) se candidata a um cargo. Ele presidiu a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) durante a gestão de Bolsonaro, o militar nunca concorreu a nenhum cargo político.
A situação contrasta com a dos opositores de Nunes, com a ex-prefeita Marta Suplicy (PT) - vice na chapa de Guilherme Boulos (Psol) - e o ex-senador José Aníbal (PSDB), vice na chapa de José Luiz Datena (PSDB), ambos com experiência em campanhas no estado e na capital paulista.
O primeiro aliado próximo de Bolsonaro a se juntar à campanha de Nunes foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No último dia 27, Freitas percorreu o centro de São Paulo ao lado de Nunes e Mello Araújo, repercutindo na rede social Instagram com os motivos pelos quais apoia a reeleição do prefeito.
“Os principais projetos do governo do estado na cidade de São Paulo têm o apoio do Nunes. Tem sido assim no combate ao crime organizado do centro de São Paulo, no enfrentamento ao PCC (Primeiro Comando da Capital); na privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo); na despoluição do (rio) Tietê; na construção de moradias e em inúmeras outras obras espalhadas pela capital”, afirmou o governador.
Apesar do esforço de Tarcísio na campanha de Nunes, a base do governador na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) não tem mostrado o mesmo empenho. O PL, que conta com 19 deputados estaduais em São Paulo, está com baixa adesão na campanha de rua de Nunes. Segundo apuração da Gazeta do Povo, essa resistência se deve à falta de posicionamento de Nunes em questões ideológicas, o que justifica a hesitação em apoiá-lo publicamente.
Deputados da base do governador afirmaram à Gazeta do Povo que não participarão da campanha do prefeito porque ele “não é de direita” e nunca “ouviu os parlamentares para nada”. Por pertencerem ao PL, sigla que compõe a coligação de 12 partidos do prefeito, os deputados não se posicionaram publicamente contra o prefeito para evitar punições por infidelidade partidária.
Campanha de Nunes responde que escolha de vice foi de Bolsonaro
Em nota enviada à Gazeta do Povo, a campanha de Ricardo Nunes ressaltou que a indicação de Mello Araújo foi de Bolsonaro. “Mello Araújo foi uma indicação do ex-presidente Bolsonaro para disputar o posto de vice-prefeito de São Paulo na chapa de Nunes. Mello Araújo esteve por 32 anos na PM, sempre atuando na linha de frente do combate à criminalidade".
A campanha não respondeu sobre a estratégia que pretende usar para tornar Mello Araújo mais conhecido do paulistano. “O coronel foi um dos comandantes que mais tempo ficou à frente da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Depois de se aposentar da PM, fez uma administração bem-sucedida como presidente da Ceagesp”, completa a nota.
A campanha também enviou um fala do prefeito sobre o vice. “Mello Araújo conhece como poucos essa realidade. Tem muito a contribuir para melhorar a segurança pública na cidade de São Paulo”, afirmou Nunes.