Marçal escolhe ex-tucanos para eventual governo.| Foto: Sebastião Moreira/EFE
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O candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, adota uma campanha antissistema e antipolítica. No entanto, ao anunciar o possível secretariado de sua gestão à frente da administração pública municipal, Marçal selecionou nomes ligados ao PSDB na capital paulista.

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Em dois anúncios feitos pelo candidato - o primeiro deles na semana passada e o segundo nesta terça (1º) - foram escalados quatro nomes de secretários para eventual gestão à prefeitura de São Paulo: Marcos Cintra para a secretaria da Fazenda; Wilson Pollara para a Saúde; Patrícia Borges para a pasta do Esporte; e Selene Peres Peres Gomes para Gestão e Responsabilidade Fiscal.

Pollara é um nome conhecido da política paulistana. O médico foi secretário municipal da Saúde em São Paulo durante a gestão de João Doria (sem partido) e Bruno Covas. Pollara também ocupou por anos no estado de São Paulo o cargo de secretário adjunto da Saúde, sempre em governos tucanos.

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O médico é o atual secretário da Saúde de Goiânia. Após o anúncio de Marçal, a pasta da Saúde de Goiânia se manifestou. “Wilson Pollara esclarece que recebeu o convite para voltar à Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo como uma lembrança pelo bom trabalho que fez a frente da secretária municipal e também da Secretarial Estadual de Saúde de São Paulo”.

No entanto, Pollara chegou a ser afastado do cargo por 45 dias por suspeitas de irregularidades na contratação do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). A decisão de afastamento do secretário partiu do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) de Goiás por suspeita de má-fé na contratação de sistema web, funcionários e ambulâncias para o Samu.

Em nota, a secretaria da Saúde negou as irregularidades. “A questão com o TCM foi uma diferença de interpretação de que seria possível utilizar a situação de estado de emergência da dengue para uma contratação emergencial de necessidades do Samu. Não há comprovação de nenhuma irregularidade na gestão, tanto que o TCM votou, por unanimidade, pela recondução ao cargo bem antes do prazo inicialmente estipulado”.

Aliados consideram anúncio antecipado de Marçal como "desgaste desnecessário"

Segundo apuração da Gazeta do Povo, aliados de Marçal acreditam ser um desgaste desnecessário anunciar nomes mesmo antes do segundo turno das eleições municipais. Outros membros da equipe do candidato do PRTB acreditam que esses anúncios são relevantes para seguir mantendo o empresário “em evidência no cenário eleitoral”.

Outro nome anunciado pelo candidato do PRTB foi o de Marcos Cintra (PP), economista, para a Secretaria da Fazenda. Cintra é vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), cargo que ocupa há quase 30 anos. O economista também tem um passado ligado com a política. Foi deputado federal entre 1999 e 2003, além de vereador na capital paulista por duas vezes. Filiado ao PP, Cintra já passou por muitas siglas, incluindo União Brasil, PSD, PSL e PL.

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Em 2019, Cintra foi nomeado Secretário Especial da Receita Federal do governo Jair Bolsonaro (PL), cargo que ocupou por menos de um ano por atritos com o ministro Paulo Guedes. Cintra é defensor do retorno do imposto único no Brasil. Em 2022, Cintra foi candidato a vice-presidente na chapa de Soraya Thronicke para a Presidência da República.

Novos anúncios de Marçal sobre secretariado podem ser feitos nos próximos dias.

Patrícia Borges é campeã mundial de vôlei e candidata à vereadora de São José dos Campos (SP) pelo União Brasil, sigla comandada em São Paulo pelo presidente da Câmara dos Vereadores da capital paulista, Milton Leite, um dos principais aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Já Selene Nunes foi secretária da Economia no governo de Goiás, durante a gestão de Ronaldo Caiado (União Brasil), e pediu exoneração no ano passado devido a um doutorado. De acordo com o perfil dela na rede social LinkedIn, atuou na área econômica do governo federal na década de 1990 e, posteriormente, no Tesouro Nacional durante o segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e na secretaria de Política Econômica na gestão de Dilma Rousseff (PT), entre 2012 e 2014.

Apesar de não ter anunciado oficialmente Filipe Sabará (Republicanos) para alguma secretaria, Marçal admitiu em entrevista para a Gazeta do Povo que ele fará parte de seu eventual governo. Sabará é o coordenador do plano de governo de Marçal e participou dos dois anúncios sobre secretariado ao lado do candidato.

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Sabará também participou da gestão de Doria, sendo secretário municipal de Assistência Social da prefeitura de São Paulo. Sabará tentou ser candidato a prefeito de São Paulo em 2020, mas desistiu após ser expulso do partido Novo. Filiado ao Republicanos, Sabará participou da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como secretário-executivo de Desenvolvimento Social e presidente do conselho do Fundo Social.

Segundo apuração da Gazeta do Povo, antes do primeiro turno das eleições, Marçal deve anunciar mais três secretários para seguir com o plano de se manter em evidência na mídia.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]