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Ricardo Nunes (MDB)
Após uma eleição tensa, Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito neste domingo (27) para a gestão 2025-2028 à frente da maior prefeitura do país.| Foto: Isaac Fontana/EFE

Ricardo Nunes (MDB) vai comandar a gestão da prefeitura de São Paulo para o período 2025-2028, após vencer Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno com quase 60% dos votos válidos. Com perfil discreto e desconfiança de parte dos eleitores de direita, Nunes precisou ampliar exponencialmente a própria visibilidade por meio de vasta publicidade, redes sociais e políticas públicas de grande apelo popular. Ele contou com duas chancelas cruciais: a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o que ajudou no impulsionamento da sua aceitação junto ao eleitorado.

"O equilíbrio venceu os extremistas", disse ele, durante o discurso da vitória.

Com 57 anos, Nunes foi eleito vice-prefeito na chapa de Bruno Covas (PSDB) em São Paulo, há quatro anos, em função de uma aliança ampla composta para a eleição 2020 por 11 partidos. Ele assumiu o comando da maior prefeitura do país após a morte de Covas em decorrência de um câncer, em 2021.

Tendo passado a juventude no Parque Santo Antônio, na zona sul de São Paulo, Nunes concluiu o ensino médio em escola pública. Durante o curso de Direito na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), iniciou a trajetória empresarial com o jornal Hora de Ação, voltado para a zona sul, seu reduto eleitoral.

Endividado, Nunes interrompeu os estudos e iniciou a carreira pública na Secretaria de Obras do estado, tendo posteriormente aberto uma empresa de controle de pragas, a Nikkey, que cresceu na desinfecção de grãos de navios e hoje é presidida por Ricardo Nunes Filho.

Filiado ao MDB desde os 18 anos, Nunes iniciou a carreira política como vereador em São Paulo, eleito em 2012 e 2016. É casado com Regina Carnovale Nunes, tem três filhos e um neto.

Ricardo Nunes supera desconfiança dos eleitores conservadores

Mesmo contando com a máquina municipal e os apoios de Bolsonaro e de Tarcísio, Nunes avançou ao segundo turno com apenas 0,41% de vantagem (25.012 votos) sobre Guilherme Boulos (Psol), uma margem acirrada que tornou o primeiro turno a eleição mais disputada desde a redemocratização na cidade.

De atuação discreta como vereador e vice-prefeito, Nunes não era amplamente conhecido pela população de São Paulo. Com um orçamento maior para a capital paulista em 2024, o prefeito aumentou os investimentos da prefeitura em ações de grande publicidade para aumentar a visibilidade. Inicialmente avesso a entrevistas, o prefeito passou a participar de podcasts e eventos públicos, como jogos de futebol, eventos religiosos e até desfiles de carnaval, em uma tentativa de se aproximar dos eleitores.

Enquanto Bolsonaro manteve um apoio distante, Tarcísio esteve ao lado de Nunes em várias agendas ao longo de toda campanha eleitoral, enfatizando a parceria entre a prefeitura e o governo do estado. E então um levantamento divulgado em 16 de outubro pelo Paraná Pesquisas mostrou que apenas 0,6% dos entrevistados afirmaram não conhecer Nunes o suficiente para opinar.

Além disso, pesquisa Datafolha divulgada no dia 17 de outubro apontou que, entre os respondentes que afirmaram intenção de votar em Nunes no segundo turno, 69% apontaram que "não há opção melhor" e apenas 30% que avaliavam ele ser, de fato, "o candidato ideal".

Metodologia das pesquisas citadas:

  • 1.500 entrevistados pelo Paraná Pesquisas entre 12 e 15 de outubro de 2024. A pesquisa foi contratada pelo Instituto Paraná de Pesquisas e Análise de Consumidor Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 2,6 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-06311/2024.
  • 1.204 entrevistados pelo Datafolha entre os dias 15 e 17 de outubro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pela Folha de S. Paulo. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-05561/2024.

Nunes disputou eleitores de direita com Pablo Marçal

Além de não ter uma grande popularidade, Nunes enfrentou a concorrência de Pablo Marçal (PRTB) pelo voto de eleitores de direita e centro-direita, mesmo contando com o apoio de líderes conservadores Bolsonaro e Tarcísio. Com uma grande presença nas redes sociais, Marçal se comunicava com facilidade com o eleitorado. De outro lado, Marçal tinha facilidade em apelar para provocações e a desestabilizar os adversários, inclusive Nunes, tornando o nervosismo a tônica por semanas a fio da campanha eleitoral.

E se tornou o principal desafio do prefeito no primeiro turno. Marçal terminou a corrida à prefeitura de São Paulo com a preferência de mais de 1,7 milhão de eleitores que nele depositaram confiança nas urnas, no último dia 6. Uma parcela significativa dos apoiadores de Bolsonaro via em Marçal um representante mais alinhado com a "direita raiz".

A campanha de Ricardo Nunes reagiu, intensificando críticas à esquerda, ao próprio Marçal e se posicionando em temas polêmicos. O prefeito defendeu a soltura dos presos pelos atos de 8 de janeiro e afirmou ter se arrependido de ter cobrado o passaporte vacinal durante a pandemia de Covid-19. “Eu defendo a anistia. Onde existe golpe sem uma arma? Quem é que assume o poder? Como se dá um golpe sem uma arma?”, disse Nunes em entrevista no dia 19 de novembro sobre o ocorrido no 8 de janeiro.

Em 28 de setembro, o prefeito declarou ainda: “Se fosse hoje, eu não teria implementado o passaporte da vacina”. Nunes também participou do ato de 7 de setembro na Avenida Paulista, que pediu o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Ele não discursou, mas tirou fotos e subiu no carro de som com Tarcísio de Freitas.

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