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Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol) têm propostas semelhantes para a mobilidade urbana em São Paulo.
Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol) se enfrentam nas urnas no próximo domingo (27), no segundo turno das eleições 2024.| Foto: Fotomontagem Gazeta do Povo (Wilson Dias/Agência Brasil e Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

Uma das principais reclamações dos paulistanos é o trânsito caótico da maior cidade do país. De acordo com um levantamento realizado pela empresa TomTom Traffic, a capital paulista possui o pior trânsito do Brasil e ocupa a 33ª posição entre as 387 cidades avaliadas. Apesar de estarem em espectros políticos opostos, os candidatos a prefeito Guilherme Boulos (Psol) e Ricardo Nunes (MDB) apresentaram propostas semelhantes para tentar atacar o problema.

Com base nos planos de governo registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Gazeta do Povo compilou as propostas dos candidatos à prefeitura de São Paulo para a mobilidade urbana da cidade. Entre as soluções apresentadas pelos candidatos estão o aumento das faixas exclusivas para ônibus e moto e campanhas de educação no trânsito para pedestres e motoristas, além da ampliação das principais avenidas. No plano de governo, os candidatos não detalham de onde sairá a verba para as novas propostas.

Com relação aos pontos em divergência nos planos de Boulos e de Nunes, o prefeito aposta no transporte aquático. Ele inaugurou o "Aquático SP" na Represa Billings, que conecta bairros da zonal sul, e pretende expandir a iniciativa para outras represas na cidade. Por sua vez, Boulos promete ampliar a tarifa zero para usuários de ônibus.

Integração com trem e metrô precisa ser estudada para aplicação prática de propostas dos dois candidatos.

Marcus Quintella, diretor do programa de Transportes da Fundação Getúlio Vargas (FGV), analisa que não existe um plano melhor do que o outro - entre os propostos pelos candidatos a prefeito - mas aponta de quem é a proposta que se sobressai. "Tecnicamente tem uma visão mais sistêmica em termos de integração e planejamento dos modos de transporte a proposta do Nunes, que fica mais completa em termos de ações de engenharia de tráfico”, diz ele.

Porém, o professor questiona a criação de veículos leves sobre trilhos (VLT), o popular bonde, proposta no plano de Nunes. “As intervenções no centro serão bastante significativas para colocar os VLTs, não sei exatamente o trajeto que ele está pensando no centro de São Paulo, mas é uma situação que precisa ser planejada e também integrada com as estações de metrô e terminal de ônibus”.

Quintella aponta também a expansão da tarifa zero como principal proposta do programa de Boulos. “O Boulos fala sobre a tarifa zero. São Paulo já pratica o subsídio dos ônibus. Para conseguir avançar na tarifa zero tem um percurso, porque não é só isentar as pessoas de pagar tarifa, precisa dimensionar isso: superlotação dos ônibus e rever os itinerários para não congestionar o sistema”.

Ele pontua que, por enquanto, no Brasil, a tarifa zero é aplicada em municípios de menor porte. "Ainda não tem tarifa zero em municípios do tamanho de São Paulo. Como funcionaria a integração com o trem e o metrô?”, volta a questionar o especialista.

Cientistas políticos dizem que planos de Boulos e Nunes apresentam "velhas soluções" para a mobilidade urbana

Cientista política e professora da Escola Superior de Publicidade e Marketing (ESPM), Denilde Holzhacker também avalia que há convergência entre os planos de Boulos e de Nunes. “Há uma convergência grande nas propostas em termos de ampliação dos programas que já existem. A diferença entre cada um é o foco e a amplitude dessas ações”.

Holzhacker critica a falta de aprofundamento das propostas dos candidatos. “Não tem nenhum grande programa ou grande solução que distingue as candidaturas nessa questão. Falta uma discussão mais profunda sobre a mobilidade e, até, (há) uma falta de inovação nas propostas que estão sendo feitas”.

Para Rodrigo Prando, cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), existem dois pontos que destoam nos planos de governo dos candidatos à prefeitura de São Paulo. “A diferença em relação à mobilidade é que Nunes promete a expansão do Aquático São Paulo para regiões da Represa Billings e Guarapiranga. Já o Boulos quer a expansão da tarifa zero em São Paulo, uma demanda de movimentos sociais que vem desde as manifestações de 2013”, relembra ele.

Confira as propostas de Boulos e Nunes para a mobilidade urbana de São Paulo

Guilherme Boulos

  • Expansão dos corredores de ônibus e do programa Tarifa Zero;
  • Ampliação das políticas públicas voltadas a pedestres e ciclistas;
  • Plano Mais Ônibus, Mais Conforto: ampliação da fiscalização sobre o serviço e a remuneração das empresas, além de estabelecer tempos de intervalos máximos;
  • Melhorar a infraestrutura das vias, em conjunto com ações de educação no trânsito, além de ampliar o programa de faixas exclusivas para motos;
  • Ampliar o acesso ao Transporte Escolar Gratuito (TEG), avaliando a redução da distância mínima (atualmente em 1,5 km) entre casa e escola.

Ricardo Nunes

  • Expansão da rede de ciclovias;
  • Implantar de novos terminais;
  • Investir na requalificação de calçadas;
  • Expandir a Faixa Azul para motociclistas;
  • Construção de novos terminais de integração de ônibus;
  • Duplicação de avenidas, novas pontes e construção de novas vias;
  • Expansão do Aquático SP;
  • Implementação do VLT no centro da cidade;
  • Ampliar as ações de educação de trânsito;
  • Novos corredores de ônibus e BRTs.
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