A Federação PSDB-Cidadania oficializou neste sábado (27) a candidatura de José Luiz Datena à prefeitura de São Paulo durante uma convenção marcada por trocas de acusações e confusão.
O ex-senador José Aníbal (PSDB) será o vice na chapa. Esta é a primeira vez que o apresentador vira candidato após quatro desistências em eleições anteriores.
O evento, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), aprofundou a crise interna enfrentada pelos tucanos. Militantes que defendem uma aliança com o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), foram impedidos de entrar na sala em que Datena iria discursar.
Parte do grupo dissidente conseguiu entrar na Alesp e tentou forçar a passagem pela barreira de segurança, gerando empurra-empurra. A Polícia Militar foi chamada para reforçar a segurança do local e conter os manifestantes.
O ex-presidente do diretório municipal do PSDB, Fernando Alfredo, lidera a ala contrária a Datena. No ano passado, Alfredo foi deposto do cargo pela executiva nacional da legenda.
Ele tentou emplacar a própria pré-candidatura nesta semana para forçar o partido a realizar prévias, mas o pedido foi rejeitado. A cúpula tucana anunciou a candidatura de Datena na sexta (26) e referendou a decisão neste sábado.
Datena reforça críticas a Nunes
O pré-candidato do PSDB classificou os militantes pró-Nunes como "vendidos" e acusou o atual prefeito de ter as mão "sujas" de "coisas que estão sendo investigadas". Datena não citou quais seriam as investigações contra Nunes.
"Isso não é democracia. Um bando de vendidos a esse prefeito de São Paulo que está borrando as calças com medo de chegarmos pelo caminho democrático à prefeitura de São Paulo”, afirmou.
“Isso é baderna, não é democracia. É gente vendida por 30 moedas de prata a esse prefeito", acrescentou o apresentador. Datena também acusou o grupo de estar querendo manter o “crime organizado” no poder.
“Esse prefeito, que ao invés de bater com o punho dos outros, que bate ele com a mão aberta e suja de muitas coisas que estão sendo investigadas”, disse.
Já Aníbal afirmou que tomará medidas legais contra os militantes que protestaram no evento. "Isso não é política, é delinquência, típica coisa de fascistas", afirmou o ex-senador.
Nunes diz que disputa “não é programa de televisão”
Ricardo Nunes comentou as declarações de Datena que o relacionam ao crime organizado em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. O prefeito disse que o adversário "é um bom apresentador, mas a disputa eleitoral não é um programa de televisão".
"Com todo o respeito e carinho, ele está no caminho errado de querer entrar só fazendo críticas infundadas às pessoas e achando que está no programa de televisão", afirmou Nunes à Folha. Datena deixou o comando do programa Brasil Urgente, da Band, para concorrer à prefeitura.
“Chega de Lula, chega de Bolsonaro”, diz Datena
Durante o discurso, Datena criticou a polarização política entre o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O apresentador disse que Guilherme Boulos (Psol), apoiado pelo petista, e Nunes, endossado pelo ex-mandatário, são "marionetes" de seus padrinhos políticos.
“Não é o Lula quem vai governar São Paulo, não é o Bolsonaro. O Boulos e o Ricardo Nunes são duas marionetes do presidente e do ex-presidente”, frisou. O pré-candidato tucano criticou a violência e ressaltou que “não costuma se acovardar diante de bandidos”.
“Nós não somos extremistas, mas aqui nesse lugar não tem covarde”, disse Datena batendo na mesa.
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