Em entrevista à Gazeta do Povo, o deputado federal Ricardo Salles (Novo-SP) atribuiu a vitória de Ricardo Nunes (MDB) nas urnas à alta rejeição do eleitorado paulistano a Guilherme Boulos (Psol). No segundo turno das eleições municipais, realizado no último dia 27, o prefeito de São Paulo foi reeleito com 59,35% dos votos válidos, contra 40,65% de Boulos.
“Nunes não ganhou pelo mérito próprio, as pessoas votaram contra o Boulos, ou seja, qualquer outro candidato de direita que lá estivesse, ganharia do Boulos do mesmo jeito. O Boulos não ia ganhar essa eleição contra ninguém”, disse Salles.
O deputado federal lamentou não ter havido um candidato mais conservador disputando as eleições na cidade de São Paulo. Salles foi cotado para disputar a capital paulista então pelo PL, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Porém, um acordo entre o PL municipal e o MDB, herdado da eleição da chapa Bruno Covas (PSDB) e Ricardo Nunes, em 2020, já estava estabelecido e não sofreu alteração.
“A gente se ressente de não ter uma candidatura efetivamente de direita. Agora, vamos ver como é que o Ricardo Nunes vai montar o secretariado e, portanto, qual é o espaço, efetivamente, que parte da direita que o apoiou vai ter, o peso que isso vai ter na administração, ou se vai ser, novamente, uma administração típica de centrão”, ponderou ele.
Em relação ao empresário e ex-candidato Pablo Marçal (PRTB), Salles atribuiu a derrota do candidato do PRTB à publicação do laudo falso que se tentou atrelar a Boulos, na sexta-feira que antecedeu o domingo do primeiro turno (6 de outubro). “Isso foi fatal para ele”, avaliou.
Salles afirmou ainda que acredita no surgimento de novas lideranças na direita e que isso não prejudicaria a posição do ex-presidente. “Bolsonaro é naturalmente a maior força da direita, foi presidente da República, move multidões e tudo. Agora, a direita cresceu muito, e todo movimento que cresce faz surgir novos nomes”, disse ele, referindo-se a nomes como Nikolas Ferreira (PL), Gustavo Gayer (PL), Cristina Graeml (PMB) e André Fernandes (PL).
Os dois últimos foram derrotados nas urnas, no último dia 27, em Curitiba e em Fortaleza, respectivamente. “Não são grupos alternativos [ao ex-presidente Bolsonaro], é que você começa a ter mais gente e isso é uma coisa positiva - ele criar lideranças, ao contrário do que tem no PT, por exemplo, que é só o Lula e mais ninguém", considerou Salles.
Para ele, o presidente da República não fará um sucessor. "O Lula não consegue fazer um sucessor, uma liderança. Ao contrário, ele anula todo mundo”, disse o deputado federal pelo partido Novo.