Debate da TV Gazeta convidou cinco candidatos à prefeitura de São Paulo.| Foto: Reprodução/YouTube/Jornal da Gazeta
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Organizado pela TV Gazeta em parceria com o canal online MyNews, o quarto debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024 ocorreu neste domingo (1º). E assim como os encontros anteriores, foi marcado por ataques pessoais, xingamentos e inúmeros pedidos de direito de resposta, com pouco espaço para a discussão de propostas para a cidade. Participaram os cinco candidatos “em destaque nas últimas pesquisas”, de acordo com a emissora: Guilherme Boulos (Psol), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).

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Em todos os cinco blocos do debate, os candidatos trocaram acusações, não apenas quando tinham o momento da fala, mas também fora dos microfones. Datena chegou a sair do púlpito e ir em direção a Marçal para tirar satisfação — pela atitude, recebeu uma advertência formal. A quase todo momento, enquanto alguém falava, era possível ouvir ao fundo discussões e pedidos de direito de resposta. A mediadora Denise Campos de Toledo precisou parar a sequência do encontro em algumas oportunidades para chamar a atenção dos participantes.

Mesmo nos blocos nos quais havia temas pré-definidos para serem debatidos e perguntas de eleitores, houve ataques pessoais do debate em São Paulo. A mediadora precisou intervir durante repetidos pedidos de direitos de resposta feitos por Boulos e Nunes. “Peço, acima de tudo, respeito”, cobrou. “Todos aqui são candidatos à prefeitura de São Paulo”, reiterou.

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Marçal ignora propostas: “eu gosto de baixaria”

O candidato do PRTB, Pablo Marçal, abriu o debate chamando Guilherme Boulos de “Boules”, em referência à interpretação do Hino Nacional em linguagem neutra ocorrida em um comício de psolista com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Marçal voltou a insinuar que o deputado federal é usuário de drogas. Para o atual prefeito Ricardo Nunes, o ex-coach se referiu a ele como “bananinha” e o chamou de “covarde”. Ele ainda perguntou “como é ter Bolsonaro de amante?”, sugerindo que o ex-presidente Jair Bolsonaro não está engajado na campanha do prefeito.

Marçal ignorou perguntas sobre propostas para São Paulo no debate. Segundo ele, o debate é “só um teatro” e quem quer saber de propostas, que “vá ao site do TRE [Tribunal Regional Eleitoral], que o plano de governo está lá”. Além disso, falou que todos no debate estavam contra ele, dizendo se tratar de um “consórcio”, e que ele gosta de “baixaria”. O candidato do PRTB criticou até o jornalista Josias de Souza, que fez uma pergunta a ele. “Você não é nobre com o seu jornalismo.”

Boulos parte para o ataque: “bandido condenado”

Logo no início do encontro, Guilherme Boulos chamou Pablo Marçal de “bandido condenado”, referindo-se à condenação dele por furto qualificado em 2010, quando ainda morava em Goiânia — ele não cumpriu a pena por prescrição. “Eu teria vergonha se tivesse sido condenado por roubar idosos”, prosseguiu o psolista. Sobre as acusações de ser usuário de drogas, Boulos disse que “usar homônimo para atacar uma pessoa, mostra o nível de quem quer ser prefeito de São Paulo”.

Boulos também usou seu tempo no debate para criticar o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, dizendo que ele tenta posar de bolsonarista “mais moderado” para buscar votos. Em outras ocasiões, mesmo não respondendo diretamente a ele, o psolista mencionou a “máfia das creches”, na qual a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar Nunes, e a suposta ligação entre empresas de ônibus e o crime organizado.

Nunes avança sobre Boulos e Marçal: “invasor” e “tchuchuca do PCC”

O prefeito Ricardo Nunes elegeu os principais adversários na disputa como alvos em suas falas durante o debate. Sobre Boulos, o candidato à reeleição o chamou diversas vezes de “invasor”, fazendo referência à atuação dele no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), coordenando invasões de terrenos não só na cidade de São Paulo, mas no estado também. Chamar o psolista reiteradamente de “invasor” e “sem vergonha e sem caráter” deu a Boulos dois direitos de resposta.

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Quando se referiu a Marçal, foi mais incisivo. Chamando o candidato de “Pablito”, afirmou que ele é “tchuchuca do PCC”, acusando o ex-coach de estar ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) — o presidente do PRTB e aliado de Marçal, Leonardo Avalanche, teria supostamente contatos dentro do PCC, tendo atuado, inclusive, na soltura do líder da facção André do Rap.

Datena peita Marçal: “bandidinho virtual de internet”

Candidato pelo PSDB, Datena também escolheu o caminho dos ataques, mirando em Pablo Marçal e Ricardo Nunes. Não faltaram adjetivos negativos para se referir ao candidato do PRTB: “bandidinho virtual de internet”, “fujão da polícia”, “mentiroso”, “vagabundo”, “psicopata”. Foi esse embate que rendeu o momento mais quente do encontro, quando Marçal provocou Datena e o apresentador saiu de sua posição no estúdio e foi tirar satisfação. A mediadora chamou a equipe de segurança, mas Datena retornou ao seu lugar e foi advertido formalmente pela atitude.

Em relação a Nunes, o candidato do PSDB também o chamou de “mentiroso” e afirmou que o PCC está dentro da prefeitura de São Paulo, atuando no transporte coletivo da cidade. As críticas ao atual prefeito foram, em sua maioria, relacionadas à segurança pública, repetindo que o crime organizado está tomando conta da cidade sem uma resposta do poder municipal.

Tabata muda alvo: “acha que as pessoas são bobas”

Ao contrário do que ocorreu nos debates anteriores, a deputada federal Tabata Amaral não repetiu ataques a Pablo Marçal. Ela usou pouco tempo para se referir a ele, comparando o nome dele ao do narcotraficante colombiano Pablo Escobar e dizendo que vai entrar novamente na Justiça Eleitoral contra ele por uso abusivo de poder econômico — uma ação do PSB motivou a suspensão das contas do candidato do PRTB nas redes sociais.

Dessa vez, Tabata mirou em Ricardo Nunes, criticando diversas vezes a gestão do atual prefeito, especialmente em relação ao problema da cracolândia e da educação. Ela lembrou da “máfia das creches” e reclamou quando ele disse que a educação na capital paulista avançou nos últimos anos. “Você tenta falar bonito porque acha que as pessoas são bobas”, falou.

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