Organizado pela TV Gazeta em parceria com o canal online MyNews, o quarto debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024 ocorreu neste domingo (1º). E assim como os encontros anteriores, foi marcado por ataques pessoais, xingamentos e inúmeros pedidos de direito de resposta, com pouco espaço para a discussão de propostas para a cidade. Participaram os cinco candidatos “em destaque nas últimas pesquisas”, de acordo com a emissora: Guilherme Boulos (Psol), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB).
Em todos os cinco blocos do debate, os candidatos trocaram acusações, não apenas quando tinham o momento da fala, mas também fora dos microfones. Datena chegou a sair do púlpito e ir em direção a Marçal para tirar satisfação — pela atitude, recebeu uma advertência formal. A quase todo momento, enquanto alguém falava, era possível ouvir ao fundo discussões e pedidos de direito de resposta. A mediadora Denise Campos de Toledo precisou parar a sequência do encontro em algumas oportunidades para chamar a atenção dos participantes.
Mesmo nos blocos nos quais havia temas pré-definidos para serem debatidos e perguntas de eleitores, houve ataques pessoais do debate em São Paulo. A mediadora precisou intervir durante repetidos pedidos de direitos de resposta feitos por Boulos e Nunes. “Peço, acima de tudo, respeito”, cobrou. “Todos aqui são candidatos à prefeitura de São Paulo”, reiterou.
Marçal ignora propostas: “eu gosto de baixaria”
O candidato do PRTB, Pablo Marçal, abriu o debate chamando Guilherme Boulos de “Boules”, em referência à interpretação do Hino Nacional em linguagem neutra ocorrida em um comício de psolista com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Marçal voltou a insinuar que o deputado federal é usuário de drogas. Para o atual prefeito Ricardo Nunes, o ex-coach se referiu a ele como “bananinha” e o chamou de “covarde”. Ele ainda perguntou “como é ter Bolsonaro de amante?”, sugerindo que o ex-presidente Jair Bolsonaro não está engajado na campanha do prefeito.
Marçal ignorou perguntas sobre propostas para São Paulo no debate. Segundo ele, o debate é “só um teatro” e quem quer saber de propostas, que “vá ao site do TRE [Tribunal Regional Eleitoral], que o plano de governo está lá”. Além disso, falou que todos no debate estavam contra ele, dizendo se tratar de um “consórcio”, e que ele gosta de “baixaria”. O candidato do PRTB criticou até o jornalista Josias de Souza, que fez uma pergunta a ele. “Você não é nobre com o seu jornalismo.”
Boulos parte para o ataque: “bandido condenado”
Logo no início do encontro, Guilherme Boulos chamou Pablo Marçal de “bandido condenado”, referindo-se à condenação dele por furto qualificado em 2010, quando ainda morava em Goiânia — ele não cumpriu a pena por prescrição. “Eu teria vergonha se tivesse sido condenado por roubar idosos”, prosseguiu o psolista. Sobre as acusações de ser usuário de drogas, Boulos disse que “usar homônimo para atacar uma pessoa, mostra o nível de quem quer ser prefeito de São Paulo”.
Boulos também usou seu tempo no debate para criticar o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, dizendo que ele tenta posar de bolsonarista “mais moderado” para buscar votos. Em outras ocasiões, mesmo não respondendo diretamente a ele, o psolista mencionou a “máfia das creches”, na qual a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar Nunes, e a suposta ligação entre empresas de ônibus e o crime organizado.
Nunes avança sobre Boulos e Marçal: “invasor” e “tchuchuca do PCC”
O prefeito Ricardo Nunes elegeu os principais adversários na disputa como alvos em suas falas durante o debate. Sobre Boulos, o candidato à reeleição o chamou diversas vezes de “invasor”, fazendo referência à atuação dele no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), coordenando invasões de terrenos não só na cidade de São Paulo, mas no estado também. Chamar o psolista reiteradamente de “invasor” e “sem vergonha e sem caráter” deu a Boulos dois direitos de resposta.
Quando se referiu a Marçal, foi mais incisivo. Chamando o candidato de “Pablito”, afirmou que ele é “tchuchuca do PCC”, acusando o ex-coach de estar ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) — o presidente do PRTB e aliado de Marçal, Leonardo Avalanche, teria supostamente contatos dentro do PCC, tendo atuado, inclusive, na soltura do líder da facção André do Rap.
Datena peita Marçal: “bandidinho virtual de internet”
Candidato pelo PSDB, Datena também escolheu o caminho dos ataques, mirando em Pablo Marçal e Ricardo Nunes. Não faltaram adjetivos negativos para se referir ao candidato do PRTB: “bandidinho virtual de internet”, “fujão da polícia”, “mentiroso”, “vagabundo”, “psicopata”. Foi esse embate que rendeu o momento mais quente do encontro, quando Marçal provocou Datena e o apresentador saiu de sua posição no estúdio e foi tirar satisfação. A mediadora chamou a equipe de segurança, mas Datena retornou ao seu lugar e foi advertido formalmente pela atitude.
Em relação a Nunes, o candidato do PSDB também o chamou de “mentiroso” e afirmou que o PCC está dentro da prefeitura de São Paulo, atuando no transporte coletivo da cidade. As críticas ao atual prefeito foram, em sua maioria, relacionadas à segurança pública, repetindo que o crime organizado está tomando conta da cidade sem uma resposta do poder municipal.
Tabata muda alvo: “acha que as pessoas são bobas”
Ao contrário do que ocorreu nos debates anteriores, a deputada federal Tabata Amaral não repetiu ataques a Pablo Marçal. Ela usou pouco tempo para se referir a ele, comparando o nome dele ao do narcotraficante colombiano Pablo Escobar e dizendo que vai entrar novamente na Justiça Eleitoral contra ele por uso abusivo de poder econômico — uma ação do PSB motivou a suspensão das contas do candidato do PRTB nas redes sociais.
Dessa vez, Tabata mirou em Ricardo Nunes, criticando diversas vezes a gestão do atual prefeito, especialmente em relação ao problema da cracolândia e da educação. Ela lembrou da “máfia das creches” e reclamou quando ele disse que a educação na capital paulista avançou nos últimos anos. “Você tenta falar bonito porque acha que as pessoas são bobas”, falou.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink