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Candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos
Discurso moderado é adotado pelo candidato do Psol na tentativa de diminuir rejeição| Foto: EFE/ Isaac Fontana

Candidato do presidente petista à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol) segue a receita “Lulinha paz e amor” para tentar chegar, novamente, ao segundo turno após perder a eleição paulistana há quatro anos. Conhecido pela liderança nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pela simpatia ao regime na Venezuela, o candidato de esquerda tem uma rejeição consolidada entre o eleitorado na maior capital do país, conforme a pesquisa Datafolha publicada pela Folha de S.Paulo e G1 nesta quinta-feira (26).

O levantamento aponta que Boulos é o segundo candidato com maior rejeição entre os eleitores paulistanos, com 38% dos entrevistados afirmando que não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula. O empresário Pablo Marçal (PRTB) lidera a rejeição com 48% e José Luiz Datena (PSDB) tem 36%, empatado tecnicamente com Boulos no indicador que tem margem de erro de 2% a 3% para mais ou para menos. Candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB) somou 21%.

Enquanto Datena perdeu a quarta colocação para Tabata, Boulos e Marçal estão tecnicamente empatados com 25% e 21% das intenções de votos, no limite da margem de erro de dois pontos percentuais. Nunes tem 27% da preferência do eleitorado, o que significa empate técnico com o candidato do Psol, mas com a menor rejeição entre os líderes do levantamento. 

Além disso, diferente de Datena e Marçal, que foram impactados pelos casos de agressões físicas durante os debates com os candidatos, a rejeição a Boulos tem um histórico consolidado desde o início da campanha a prefeito de São Paulo. Na primeira pesquisa Datafolha com entrevistas entre 7 e 8 de agosto, Boulos liderava a rejeição com 35%, seguido por Datena com 31% e Marçal com 30%. Nunes largou na campanha com 24%, de acordo com o Datafolha.

Boulos volta atrás sobre eleição na Venezuela e linguagem neutra

Na tentativa de diminuir a rejeição do paulistano, que também pesa a favor do prefeito de São Paulo nas simulações de segundo turno, o candidato apoiado por Lula passou a adotar um discurso mais moderado. Em entrevista ao jornal SP1 da Rede Globo, Boulos admitiu pela primeira vez que o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro é uma ditadura. 

“Um regime que persegue opositor, um regime que faz eleição sem transparência para mim não é democrático. É um regime ditatorial. Mas seria importante que os meus adversários tivessem a mesma preocupação com a democracia no Brasil. O Bolsonaro ameaçou as urnas eletrônicas e tentou dar um golpe no dia 8 de janeiro e o Ricardo Nunes disse que foi só uma manifestaçãozinha”, declarou nesta quinta-feira.

No final de julho, após o governo Maduro declarar vitórias nas eleições presidenciais sob suspeita de fraude, sem apresentação das atas das urnas, além da repreensão dos manifestantes nas ruas e perseguição de opositores, Boulos foi o único candidato a prefeito de São Paulo que não se posicionou sobre a manipulação do resultado pela ditadura venezuelana. 

No mês seguinte, um comício da campanha de Boulos com a participação de Lula teve um trecho do hino nacional cantado com linguagem neutra. Na apresentação, a intérprete cantou “des filhes deste” ao invés “dos filhos deste solo és mãe gentil”, repercutindo negativamente pela alteração na letra do hino brasileiro.

A campanha do Psol deletou o vídeo nas redes sociais e Boulos afirmou que o uso da linguagem neutra no hino nacional foi “absurda” em sabatina na Globonews, onde foi questionado se a Secretaria de Educação poderia adotar a linguagem neutra nas escolas, se o psolista fosse eleito. “Não existe essa perspectiva, pois a Secretaria de Educação é subordinada a uma política de governo. Eu respeito quem utiliza, não acho que deve ser criminalizada, agora, você tem que dialogar com a sensibilidade do conjunto da sociedade”, respondeu.

Datena é o mais “conhecido e rejeitado” no histórico da Quaest

O histórico das pesquisas Quaest também apresenta um comportamento semelhante do eleitorado em relação a Boulos com pouca variação do alto percentual de rejeição. O instituto monitora o conhecimento da população sobre os candidatos e o potencial de votos em cada um dos concorrentes, sendo que a resposta “conhece e não votaria” é interpretada como “rejeição” pela metodologia. 

Em 28 de agosto, Boulos tinha 45% de rejeição, sendo que o percentual de entrevistados que respondeu que “conhece e não votaria” subiu para 50% na pesquisa Quaest divulgada na última terça-feira (24). No mesmo período, Marçal saltou de 35% para 50% no índice. Quem lidera a rejeição no histórico da Quaest é Datena. Há um mês, 56% afirmaram que conheciam e não votariam no apresentador. Após a cadeirada em Marçal, a rejeição atingiu o ápice de 68% nesta semana.

Metodologia das pesquisas citadas:

  • Quaest: 1.200 entrevistados entre os dias 21 e 23 de setembro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pela Globo Comunicação e Participações SA/TV/Rede/Canais/G2C+Globo Globo.com Globoplay. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-06330/2024.
  • Datafolha: 1.610 entrevistados entre os dias 24 e 26 de setembro de setembro de 2024. A pesquisa foi contratada pela Empresa Folha da Manhã S.A. Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-06090/2024.
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