Confira o resultado das eleições em São Paulo.| Foto: Infografia/Gazeta do Povo
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O resultado do primeiro turno das eleições em São Paulo foi definido. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o candidato do Psol, o deputado federal Guilherme Boulos, avançaram para o segundo turno em São Paulo. Os dois ficaram a frente do candidato do PRTB, Pablo Marçal.

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Com 100% das urnas apuradas, Nunes recebeu 1.801.139 votos (29,48% dos votos válidos), enquanto o postulante do Psol teve 1.776.127 votos (29,07%). Marçal, com 1.719.274 votos (28,14%), ficou fora da disputa do segundo turno.

A apuração das urnas indicou o segundo turno entre Nunes e Boulos somente com 99,52% das urnas apuradas.

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No maior colégio eleitoral do país, a disputa no segundo turno refletirá a polarização nacional entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apoiadores, respectivamente, de Nunes e de Boulos.

Ricardo Nunes (MDB), de 57 anos, foi eleito como vice de Bruno Covas na prefeitura de São Paulo. Ele assumiu o cargo de prefeito após o falecimento de Covas em decorrência de um câncer, em 2021. Com perfil discreto, Nunes era pouco conhecido pelos paulistanos no início da gestão e apostou em políticas de maior popularidade.

Filiado ao MDB desde os 18 anos, Nunes iniciou a carreira política como vereador na cidade de São Paulo, eleito em 2012 e em 2016. Tornou-se vice de Covas em decorrência de uma ampla aliança de 11 partidos que viabilizou a eleição da chapa. Ricardo Nunes é casado com Regina Carnovale, com quem tem três filhos e um neto.

Como foi a campanha para a prefeitura de São Paulo

A disputa pela prefeitura de São Paulo em 2024 começou acirrada entre o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e Guilherme Boulos (Psol), com ambos tentando conquistar principalmente o eleitorado da periferia, especialmente nas zonas leste e sul. A entrada de José Luiz Datena no pleito como candidato do PSDB era uma dúvida, pois ele era cogitado para vice na chapa de Tabata Amaral (PSB).

A campanha foi uma das mais acirradas da história na capital paulista.

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A campanha de Pablo Marçal (PRTB), por sua vez, tirou o foco das propostas, atacando diretamente os principais adversários, o que causou tensão entre os candidatos, principalmente nos debates com transmissão por veículos de comunicação. Enquanto Ricardo Nunes usou a máquina pública a seu favor, Boulos contou com o apoio da máquina federal do presidente Lula, o que polarizou ainda mais a disputa. Essa combinação tornou a campanha uma das mais acirradas das últimas décadas na capital paulista.

Campanha para prefeitura de São Paulo foi marcada por agressões físicas e verbais

Pablo Marçal, que começou a campanha como um outsider no cenário político, trouxe uma sensação desestabilizadora para as eleições paulistanas com um discurso agressivo e provocador. Empresário e palestrante de desenvolvimento pessoal, ele apostou em uma estratégia digital massiva, falando diretamente com eleitores insatisfeitos e conseguindo captar um eleitorado de nicho que se sentia desatendido pelas propostas tradicionais. A ascensão rápida nas pesquisas e estilo de campanha disruptivo foram responsáveis por reconfigurar as previsões eleitorais nas últimas semanas.

A campanha de Marçal foi marcada por polêmicas e um tom muitas vezes descrito como violento. No debate da TV Cultura, em 15 de setembro, Marçal perguntou a Datena quando ele deixaria a corrida eleitoral e chamou-o de "arregão". "Atravessou o debate esses dias para me dar um tapa, mas você não é homem nem para fazer isso", provocou Marçal. Foi quando Datena pegou a cadeira que estava sendo usada pela candidata Marina Helena, que estava atrás do seu púlpito, e bateu em Marçal. O debate foi para o intervalo e Marçal utilizou o incidente para uma nova promoção nas redes sociais, rapidamente viralizando o episódio em vídeos editados, apresentando-se como uma vítima da velha política e ganhando mais engajamento entre seus apoiadores.

Outro episódio de violência que marcou a campanha aconteceu num debate seguinte, promovido pelo Grupo Flow, no dia 23 de setembro. Nos bastidores, Nahuel Medina, assessor de Marçal, agrediu violentamente Duda Lima, marqueteiro da campanha de Ricardo Nunes, com um soco, após Marçal ser expulso do debate por violar as regras nos momentos finais.

O golpe deixou Lima com seis pontos no rosto e lesões que o fizeram passar por atendimento médico. Ele também acusou o advogado de Medina de, após o episódio, rasgar a camisa do cliente para forjar provas contra ele. O caso foi levado à Justiça, onde Duda Lima conseguiu uma medida protetiva contra Medina.

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Como foram as eleições à prefeitura de São Paulo em 2020

Há quatro anos, as eleições municipais foram marcadas pela pandemia de Covid-19 e, em São Paulo, a candidatura à reeleição do então prefeito Bruno Covas (PSDB) ficou ameaçada pelo tratamento de um câncer no aparelho digestivo. Covas era vice de João Doria e assumiu a prefeitura em 2018, quando o gestor tucano renunciou para disputar o governo do estado de São Paulo.

Recuperando-se do tratamento, Covas disputou a prefeitura com o vice Ricardo Nunes (MDB) com o apoio de 11 partidos, entre eles DEM e PL. Eles foram para o segundo turno contra a chapa de Guilherme Boulos (Psol) e Luiza Erundina (Psol) como vice, deixando de fora candidatos como Márcio França (PSB), Celso Russomanno (Republicanos), Arthur do Val (Patriota), Jilmar Tatto (PT), Joice Hasselmann (PSL), Andrea Matarazzo (PSD) e Levy Fidelix (PRTB).

Filipe Sabará, atual coordenador de campanha Marçal, e Marina Helena - candidata em 2024 pelo Novo - formaram chapa para concorrer à prefeitura de São Paulo em 2020, pela mesma sigla, quando Marina foi vice de Sabará. Este, porém, foi expulso do partido e Marina renunciou à candidatura em meio à campanha eleitoral.

Bruno Covas e Ricardo Nunes venceram a chapa Guilherme Boulos e Luiza Erundina em 2020 com 59,38% (3,16 milhões de votos) contra 40,62% (2,16 milhões de votos). A abstenção foi recorde em São Paulo, de 30,81%.

As eleições municipais em São Paulo desde 1992

Apenas uma eleição municipal, desde 1992, não foi decidida no segundo turno na capital paulista.

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  • 2020 - Bruno Covas (PSDB) x Guilherme Boulos (Psol) - (Covas venceu)
  • 2016 - Vitória de João Doria no 1° turno (PSDB)
  • 2012 - Fernando Haddad (PT) x José Serra (PSDB) - (Haddad venceu) 
  • 2008 - Gilberto Kassab (DEM) x Marta Suplicy (PT) - (Kassab venceu) 
  • 2004 - José Serra (PSDB) x Marta Suplicy (PT) - (Serra venceu) 
  • 2000 - Marta Suplicy (PT) x Paulo Maluf (PPB) - (Marta venceu) 
  • 1996 - Luiza Erundina (PT) x Celso Pitta (PPB) - (Pitta venceu) 
  • 1992 - Paulo Maluf (PDS) x Eduardo Suplicy (PT) - (Maluf venceu)

As eleições municipais de 1992 foram as primeiras em que houve realização de segundo turno no Braisl.

Pesquisas apontavam empate técnico entre Nunes, Marçal e Boulos

As pesquisas de intenção de voto divulgadas na semana que antecedeu o 1º turno de 2024 refletiram a intensa disputa entre os principais candidatos e a incerteza sobre o resultado das eleições à prefeitura de São Paulo. Segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas de 1º de outubro de 20241, considerando a margem de erro, Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal estavam empatados tecnicamente, com, respectivamente, 19,9%, 18,4% e 17,3% das intenções de voto no cenário espontâneo.

Na pesquisa estimulada, na qual são apresentados os nomes dos candidatos previamente aos entrevistados, também havia empate técnico, a partir do qual o atual prefeito tinha 27% das intenções de voto, contra 25% deBoulos e 22,5% de Marçal.

Outra pesquisa relevante, divulgada pela Quaest no dia 30 de setembro2, também apontou o empate técnico entre os três candidatos: Ricardo Nunes com 24%, Boulos com 23% e Marçal com 21% das intenções de voto, no cenário estimulado. Tabata Amaral tinha 11%, enquanto Datena aparecia com 6%.

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O levantamento da AtlasIntel3, por sua vez, também divulgado no dia 30 de setembro, mostrou empate técnico apenas entre Boulos e Marçal, com, respectivamente, 29,4% e 25,4% das intenções de voto. Nunes vinha em terceiro lugar, com 22,9%. Já a pesquisa do RealTime Big Data4, também do dia 30 de setembro, mostrou o mesmo cenário de empate técnico triplo, com Nunes mantendo 26%, Boulos com 25% e Marçal com 23%, respectivamente, no cenário estimulado.

Perfil dos candidatos à prefeitura de São Paulo

Até a divulgação do resultado do primeiro turno das eleições à prefeitura de São Paulo, 10 candidatos disputaram o Executivo paulistano, representando uma diversidade de perfis e trajetórias.

Ricardo Nunes, de 53 anos, atual prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, tem uma trajetória política consolidada. Ele foi vereador antes de assumir como vice de Bruno Covas em 2020, tornando-se prefeito após o falecimento de Covas em 2021. Com uma abordagem focada em gestão pública, Nunes direcionou os esforços da campanha principalmente para projetos de infraestrutura, usando a máquina pública para fortalecer a imagem de gestor capaz de lidar com os desafios da maior cidade do Brasil.

Pablo Marçal, 37 anos, por outro lado, é um novato na política, mas carrega forte presença digital. Empresário e palestrante motivacional, ele se posicionou como o candidato antissistema, com uma campanha baseada em discursos fortes contra a corrupção e promessas de uma mudança radical na administração pública. A trajetória no mundo dos negócios, aliada à capacidade de comunicação, fez com que conquistasse parte do eleitorado conservador e apoiador de Jair Bolsonaro (PL), descontente com os políticos tradicionais.

Guilherme Boulos, de 41 anos, é deputado federal e uma figura central do Psol. A carreira política se destaca pelo foco em movimentos sociais e pela defesa dos direitos de moradia. Desde 2020, quando se candidatou à prefeitura de São Paulo, ele se consolidou como uma das principais vozes da esquerda paulistana, buscando expandir a influência no cenário municipal.

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Marina Helena, 43 anos, economista e ex-diretora do Instituto Millenium, foi escolhida pelo partido Novo como candidata à prefeitura, enfatizando propostas de liberalização econômica. Com uma carreira focada no setor financeiro e em políticas públicas, Marina trouxe uma perspectiva técnica e gerencial para a campanha, tentando captar o eleitorado em busca de renovação.

Tabata Amaral, 30 anos, deputada federal pelo PSB, tem origem humilde e se destacou quando ganhou o ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). Foi estudante de Harvard e buscou um cargo Executivo pela primeira vez nas eleições de 2024. Tabata foca em educação e inclusão social, com apoio de setores da esquerda e centro-esquerda.

José Luiz Datena, por sua vez, aos 67 anos, é um veterano da mídia e figura pública conhecida. Tendo anunciado várias pré-candidaturas no passado, sem concorrer efetivamente, ele se lançou à prefeitura pelo PSDB nessas eleições. A campanhou focou em temas como segurança pública, com base na longa carreira como apresentador de programas populares sobre o assunto.

João Pimenta, 27 anos, foi candidato à prefeitura de São Paulo pelo Partido da Causa Operária (PCO), que também o lançou a deputado federal em 2022. Filiado à sigla desde os 18 anos, tem uma trajetória política influenciada pela família: o pai, Rui Costa Pimenta, é o presidente e cofundador do PCO, enquanto o avô, João Pimenta, foi um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro (PCB). É jornalista e redator nos veículos de comunicação do PCO.

Ricardo Senese, de 37 anos, tem formação técnica em indústria têxtil e interrompeu os estudos em Ciência e Tecnologia para trabalhar no metrô, onde está há 13 anos. A trajetória política inclui militância na União da Juventude Rebelião e direção na União Nacional dos Estudantes. Em entrevista à Gazeta do Povo, destacou propostas para a cidade e defendeu a equiparação do salário do prefeito ao de uma professora de creche.

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Altino Prazeres, por sua vez, tem 57 anos e é líder sindical. Com uma trajetória voltada para a defesa dos direitos dos trabalhadores, a candidatura pelo PSTU buscou representar esta classe, com foco em temas como transporte público e direitos laborais.

Por fim, Bebeto Haddad, aos 68 anos, apresentou-se candidato à prefeitura de São Paulo pelo DC. Em entrevista à Gazeta do Povo, apresentou as prioridades de campanha, destacando a segurança pública como uma área central. Ele prometeu transformar a Guarda Civil Metropolitana em uma Polícia da Cidade de São Paulo e aumentar o efetivo da corporação.

Metodologia das pesquisas citadas:

  • 1 Metodologia: 1.500 entrevistados pelo Paraná Pesquisas entre os dias 27 e 30 de setembro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pelo próprio Instituto Paraná de Pesquisas e Análise de Consumidor Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 2,6 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-04763/2024.
  • 2 Metodologia: 1.800 entrevistados pela Quaest entre os dias 27 a 29 de setembro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pela Globo Comunicação e Participações SA/TV/Rede/Canais/G2C+Globo Globo.com Globoplay. Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-01233/2024.
  • 3 Metodologia: 2.200 entrevistados pela AtlasIntel entre os dias 24 e 29 de setembro de 2024. A pesquisa para a prefeitura de São Paulo foi contratada pela própria AtlasIntel Tecnologia de Dados Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-02567/2024.
  • 4 Metodologia: 1.500 entrevistados pelo Real Time Big Data entre os dias 27 e 28 de setembro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pela 3 Poderes Mídia e Comunicação. Confiança: 95%. Margem de erro: 3 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-05171/2024.
  • Metodologia da pesquisa Quaest divulgada em 5/10/2024: 2.400 entrevistados pela Quaest entre os dias 4 e 5 de outubro de 2024. A pesquisa em São Paulo foi contratada pela Globo Comunicação e Participações SA/TV/Rede/Canais/G2C+Globo Globo.com Globoplay. Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-01150/2024.
  • Metodologia da pesquisa AtlasIntel divulgada em 5/10/2024: 2.500 entrevistados pela AtlasIntel entre os dias 29 de setembro e 4 de outubro de 2024. A pesquisa para a prefeitura de São Paulo foi contratada pela própria AtlasIntel Tecnologia de Dados Ltda. Confiança: 95%. Margem de erro: 2 pontos percentuais. Registro no TSE nº SP-00197/2024.