Ricardo Nunes (MDB) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) em campanha de rua na zona sul de São Paulo.| Foto: Divulgação/Campanha Ricardo Nunes
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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou de sua primeira campanha como "cabo eleitoral" no estado, apoiando candidatos a prefeito e vereadores. A principal vitória foi levar Ricardo Nunes (MDB) ao segundo turno na disputa pela prefeitura da capital paulista. O prefeito tem Guilherme Boulos (Psol) como adversário.

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Como principal cabo eleitoral do Republicanos no estado paulista, Tarcísio contribuiu para quadruplicar o número de prefeitos do partido. Antes das eleições, a sigla tinha 20 prefeituras entre as 645 cidades do estado. Após o primeiro turno, esse número subiu para 80, com potencial para crescer ainda com o segundo turno - que ocorre no próximo dia 27.

Na Câmara dos Vereadores de São Paulo, no entanto, o desempenho foi fraco: o Republicanos reduziu a bancada de quatro para duas cadeiras. Apesar de focar na campanha de Nunes, Tarcísio gravou vídeos de apoio para todos os candidatos do Republicanos e recebeu a maioria dos prefeitos no Palácio dos Bandeirantes - sede do governo paulista - para a produção de materiais de campanha.

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Tarcísio aposta em Nunes e vê prefeito avançar para o 2º turno

O governador de São Paulo priorizou a campanha de Ricardo Nunes, abrindo mão de viagens ao interior e litoral e afastando-se de parte de sua base na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). A aposta deu certo, e Nunes avançou ao segundo turno, disputando contra Boulos a preferência do eleitorado.

Segundo apuração da Gazeta do Povo, Tarcísio de Freitas planeja continuar focado na campanha de Nunes nas próximas semanas, inclusive com participação no horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio. No entanto, a aposta pode custar caro para o governador de São Paulo: a maioria dos deputados estaduais que não conseguiram se eleger prefeitos estão descontentes com ele, o que pode afetar votações na Alesp após o segundo turno das eleições municipais.

Tarcísio era taxativo em recusar-se a apoiar o empresário Pablo Marçal (PRTB), então também candidato à prefeitura de São Paulo. Apesar dos riscos de desgaste político com o eleitorado alinhado ao espectro político da direita, o governador continua confiando que a aliança entre prefeitura e estado trará vantagens.

O governador de São Paulo também tem pressionado o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) a intensificar a atuação na campanha de Nunes. Segundo apuração da Gazeta do Povo, Bolsonaro deverá fazer mais visitas a São Paulo no segundo turno e participar de atividades de rua com Nunes e o vice da chapa, Ricardo Mello Araújo (PL).

Vice-líder de Tarcísio perde em Guarulhos

Guarulhos, a segunda cidade mais populosa e segundo maior colégio eleitoral do estado, com 1,3 milhão de habitantes, não trouxe bons resultados para o governador Tarcísio de Freitas. O ex-líder do governo na Alesp, deputado estadual Jorge Wilson (Republicanos), ficou em terceiro lugar na disputa, com 129.056 votos (20,12% dos válidos). Lucas Sanches (PL) e Elói Pietá (Solidariedade) avançaram para o segundo turno.

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Apesar de Guarulhos ter um candidato do PL, partido de Bolsonaro, o ex-presidente apoiou Jorge Wilson, conhecido como "Xerife do Consumidor". Mesmo com o apoio de Tarcísio e Bolsonaro, Wilson não conseguiu avançar na eleição municipal.

Republicanos vence em Sorocaba, mas candidato de Tarcísio não avança

Rodrigo Manga (Republicanos) foi reeleito prefeito de Sorocaba com 263.063 votos (73,75% dos válidos). No entanto, Tarcísio de Freitas apoiava, de forma discreta, o candidato do PL, Danilo Balas, integrante da base governista na Alesp, que obteve 48.445 votos (13,58%).

Em Barretos, o Republicanos venceu com Odair Silva, que conquistou 26.374 votos (48,32%). Embora não seja uma das cidades mais populosas, Barretos é estratégica para Tarcísio, devido à importância dos eventos do agronegócio, e onde o governador de São Paulo teve boa votação em 2022.

Kassab defende reeleição de Tarcísio em 2026

Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD - sigla que conquistou cerca de 900 prefeituras no Brasil - reafirmou que Tarcísio de Freitas deve tentar a reeleição em 2026. “Ele [Tarcísio] tem dito que fica muito honrado com a lembrança, e não exclui nada, mas tudo leva a crer que vai optar pelo projeto do estado. Se ele perder a eleição presidencial em 2026, São Paulo perde também um grande governador. Ele pode chegar com mais musculatura em 2030, após oito anos de realizações e entregas no estado”, afirmou Kassab em entrevista para o jornal O Globo.

Para Kassab, que historicamente integra o chamado centrão, os partidos de centro preferem caminhar ao lado de Tarcísio do que de Bolsonaro. "Tarcísio é uma liderança inconteste da direita. Se houver dois líderes da direita no Brasil, são Tarcísio e Bolsonaro. Os partidos de centro vão preferir caminhar num diálogo com o Tarcísio, já que o Bolsonaro nunca quis dialogar”.

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Kassab, que é secretário de Governo e Relações Institucionais do estado de São Paulo, afirmou que Nunes avançou para o segundo turno graças a Tarcísio. “Sem dúvida nenhuma, sem querer desmerecer o Bolsonaro, mas o Tarcísio foi fundamental para essa ida do Nunes. Em vários momentos o Tarcísio foi tentado, instado a refletir para ter outro candidato, e ele foi muito firme com o Ricardo. Ele é o grande vencedor dessa eleição ao lado do próprio Ricardo. O Tarcísio é o pai da criança”, respondeu.

Sobre a possibilidade de ser vice de Tarcísio em caso de reeleição para o estado de São Paulo, Kassab afirma que a escolha é do governador. “Eu já disputei muitas eleições, e gosto. Acredito que esteja preparado para voltar a disputar a qualquer momento, mas caberá ao Tarcísio, que é nosso líder em São Paulo, definir as alianças e composições”, disse o presidente do PSD.

Tarcísio fez a estratégia correta, diz cientista política

Denilde Holzhacker, cientista política e professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), avalia que Tarcísio de Freitas acertou na estratégia das eleições municipais. “O Tarcísio teve uma posição expressiva. Ele teve alguns insucessos, mas teve um sucesso bastante grande em conseguir não só levar o Nunes para o segundo turno, como vai à frente, com a chance alta de capitalizar os votos que eram do Marçal e do Bolsonaro”.

A cientista política destaca que as prefeituras conquistadas pelo Republicanos são fruto do prestígio do governador paulista. “O Tarcísio demonstrou persistência e que a sua estratégia estava correta, inclusive comparado ao Bolsonaro, que em muitos momentos se esquivou de fazer o apoio, fez um apoio tímido [a Nunes]. A força expressiva do partido [Republicanos] vai ser atribuído ao Tarcísio por essa capacidade de transferência de prestígio”, diz Holzhacker.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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