Em troca do apoio na campanha à reeleição, o PP pressiona o prefeito Ricardo Nunes (MDB) por mais participação na gestão municipal.| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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Lideranças do Partido Progressistas (PP) manifestaram insatisfação com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), por não terem sido consultadas na escolha do vice na chapa que tenta a reeleição na maior capital do país. Outra crítica é a falta de espaço na gestão municipal paulistana. O presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, nega a saída do partido da coligação, mas admite a insatisfação e cobra mais participação na gestão pública.

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O ex-comandante do grupo da Polícia Militar Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), coronel Mello Araújo, é o nome cotado para vice de Nunes, com chancela do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). A bancada de segurança pública do PP na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) defende um vice ligado à segurança, mas um nome que já tenha disputado uma eleição, que não é o caso do ex-comandante da Rota.

Entre os descontentes no Progressistas estão os deputados federais Fausto Pinato e Coronel Telhada e o deputado estadual Delegado Olim. O grupo deve se reunir com Ciro Nogueira para discutir as insatisfações e o futuro do partido na eleição para a capital paulista.

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O PP terá o sexto maior fundo eleitoral entre os 30 partidos com direito ao recurso e deve ter um dos maiores tempos de televisão. Na gestão de Nunes, o partido possui apenas uma das 35 secretarias.

Segundo apuração da Gazeta do Povo, deputados do PP defendem que o partido deveria ter mais participação na administração municipal devido ao tamanho da sigla e ao apoio à reeleição do prefeito. Outro objetivo do PP é aumentar o número de cadeiras na Câmara de Vereadores de São Paulo, onde ten apenas dois dos 55 vereadores.

Presidente do PP reafirma apoio a Nunes, mas cobra participação

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou à Gazeta do Povo que a sigla seguirá apoiando Nunes, apesar da insatisfação interna. “O PP pretende seguir na coligação apoiando o prefeito Ricardo Nunes. Temos um secretário importante, o delegado Bruno Lima e fomos um dos primeiros a apoiar a reeleição de Nunes”, ponderou.

Nogueira admitiu disputas internas no PP pela vaga de vice em São Paulo. “Essas disputas de vice são salutares e demonstram a confiança na vitória de Nunes. Temos nomes dentro do partido que gostariam de ser vice, mas respeitarão a indicação do governador Tarcísio e do presidente Bolsonaro, quem eles indicarem vai contar com o nosso apoio. Esperamos que escolham alguém do Progressistas”, respondeu.

O senador apontou nomes que gostariam de compor a chapa. “O delegado Bruno Lima, que foi o mais votado do partido, o deputado Telhada e o deputado Olim são os nomes que contribuiriam muito com o prefeito”. Mesmo assim, Nogueira disse que essa não é a prioridade do partido,

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“O vice do Nunes não atrai muito, porque não vai assumir. Ser vice do Nunes não é prioridade no partido, a prioridade é derrotar a esquerda”.

Ciro Nogueira, senador e presidente nacional do PP

O senador cobrou mais espaço na gestão. “Na futura gestão, o Nunes vai reconhecer o papel decisivo que o PP teve na sua reeleição. Pelo tamanho do partido, queremos um espaço maior. Temos quadros qualificados para ocupar essas secretarias”, reivindicou.

Nogueira concorda que o anúncio do vice de Nunes precisa acontecer logo. “Defendo que o assunto seja resolvido o mais rapidamente possível e deve ser essa semana, até para não ficar falando de vice”.

Deputado do PP tentou ser vice de Nunes

O deputado federal coronel Telhada (PP-SP) colocou seu nome à disposição para ser vice de Nunes. “Eu coloquei meu nome à disposição para ser vice. Em momento algum se levou isso à frente. Foi como se eu não tivesse falado nada”, reclamou o parlamentar.

Para Telhada, a decisão do prefeito é complexa. “Nunes precisa decidir entre candidatos com votos e tempo de televisão ou o apoio de Bolsonaro. É uma encruzilhada complicada”. Sobre Mello Araújo, Telhada elencou que "não é político e não tem voto", mas que é "competente", na avaliação dele. "O vice prefeito precisa ser um nome conhecido no campo político e que tenha votos. Em contrapartida, o Mello Araújo está tendo sendo cacifado pelo Bolsonaro”.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]