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Tarcísio de Freitas (Republicanos) pretende fazer campanha apenas para o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Tarcísio de Freitas (Republicanos) pretende fazer campanha apenas para o prefeito Ricardo Nunes (MDB)| Foto: Isadora de Leão Moreira/Governo de São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem dito a aliados que deve se concentrar na campanha de reeleição do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB). Uma das principais preocupações do governante é que uma vitória de Guilherme Boulos (Psol) nas urnas signifique a perda de diálogo com um novo mandatário na cidade de São Paulo.

Nunes e Tarcísio têm várias parcerias, como programas habitacionais, colaboração entre a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana e esforços conjuntos para reduzir os usuários da cracolândia no centro de São Paulo, entre outros projetos em cooperação entre a prefeitura e o estado. Tarcísio teme perder essa relação caso Boulos vença a eleição. Além disso, ele valoriza a relação pacífica que mantém com Nunes.

Outro motivo para Tarcísio focar exclusivamente na campanha de Nunes é a presença de aliados da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nos pleitos municipais. Parte desses deputados tentarão se eleger prefeitos e para evitar desgastes e manter a governabilidade, Tarcísio prefere não tomar lado nas campanhas pelas prefeituras.

Para o cientista político e pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Bruno Silva, a cidade de São Paulo é estratégica para futuras eleições, o que justifica o foco do governo paulista na capital. “A opção de Tarcísio de se concentrar mais em São Paulo se deve ao significado político de uma eleição na capital. Além de render visibilidade, trata-se de um local sempre estratégico para o governo do estado em função do seu potencial eleitoral”.

O cientista político avalia que Tarcísio também evita entrar em “saia justa” ao não fazer campanha em outras cidades. “O distanciamento de Tarcísio de campanhas pelo interior do estado pode ser para não passar por cima de aliados e para não ficar em uma saia justa. Para Tarcísio, independente do resultado, ele sabe que precisa de futuros prefeitos, que também vão precisar do governo do estado”.

Membros do governo estadual temem que o apoio do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possa impulsionar o candidato esquerdista na campanha, tendo em vista o viés mais progressista do eleitor da capital paulista. Segundo apuração da Gazeta do Povo, para impulsionar a campanha de Nunes, Tarcísio estuda participar de inserções na televisão e no rádio ao lado do prefeito.

Kassab aproveita brecha de Tarcísio para multiplicar prefeituras do PSD

O PSD, partido de Gilberto Kassab, tem sob seu comando 51% dos 645 municípios paulistas após o presidente nacional da sigla assumir a Secretaria de Relações Institucionais do governo Tarcísio. No mandato passado, o PSD tinha 46 prefeituras e a migração dos prefeitos tucanos ao partido de Kassab durante a janela partidária permitiu que a legenda batesse o recorde de 329 prefeituras no estado de São Paulo.

O movimento para aumentar a presença nos municípios começou logo após a vitória de Tarcísio nas eleições de 2022. O PSDB, que governou o estado por quase três décadas, além de não conseguir levar o tucano Rodrigo Garcia para o segundo turno, viu o derretimento de quase 200 prefeituras, saindo de 238 em 2022 para 43 neste ano. E o partido que mais se beneficiou foi o PSD de Kassab.

Nas eleições municipais de outubro, o secretário estadual pretende aumentar ainda mais o número de prefeituras sob controle do PSD. Segundo fontes do Palácio dos Bandeirantes, Kassab recebe mais de 30 prefeitos por semana em seu gabinete.

Políticos já se queixaram da maneira agressiva como Kassab tem angariado prefeitos para o PSD. Segundo apuração da Gazeta do Povo, Tarcísio também estava insatisfeito com a postura do seu secretário, mas um acordo recente para o PSD apoiar a reeleição de Ricardo Nunes acalmou os ânimos no governo paulista.

O cientista político Bruno Silva afirma que o governador repete o comportamento do ex-presidente Bolsonaro nas eleições municipais pelo interior paulista.  “Essa decisão mostra que Tarcísio reproduz o comportamento de Bolsonaro. Em 2020, o ex-presidente optou por não se envolver diretamente em nenhuma campanha. Tarcísio não é político de quadros partidários, mas uma figura que foi levada à política estadual na condição de apadrinhado do bolsonarismo. Muita da articulação política no estado se deve a Gilberto Kassab. Esse sim, com forte atividade partidária”.

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