Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes na sala de votação: governador de São Paulo disse que PCC teria orientado voto em Guilherme Boulos.| Foto: EFE/SEBASTIÃO MOREIRA
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Acompanhado do candidato à reeleição para a prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB), que tem seu apoio, o governador do estado Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse em coletiva neste domingo (27) que uma organização criminosa recomendou voto no adversário Guilherme Boulos (PSOL).

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A informação, segundo o político, teria vindo de conversas da facção criminosa interceptadas pelo serviço de inteligência de São Paulo. A declaração foi feita no Colégio Miguel Cervantes, no Morumbi, seção eleitoral em que o governador vota.

Questionado a respeito de uma suposta declaração de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para que cidadãos de Santos evitassem votar na candidata à prefeitura Rosana Valle (PL), Tarcísio disse que a manifestação, vulgo "salve", "aconteceu aqui também".

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"Teve o salve. Houve interceptação de conversas, de orientações que eram emanadas de presídios por parte de uma facção criminosa orientado determinadas pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Houve essa ação de interceptação, de inteligência, mas não vai influenciar as eleições", afirmou o governador.

Quando jornalistas pediram que ele fosse mais específico, Tarcísio respondeu "Boulos" e afirmou que o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) já teria posse dos indícios.

Boulos e apoiadores reagem; candidato pede investigação à Justiça Eleitoral

O candidato Guilherme Boulos, que é deputado federal, respondeu ao governador de São Paulo classificando a declaração de "irresponsável e mentirosa" e "crime eleitoral".

"Que vergonha, né? Nada mais a dizer, é o candidato que ele apoia que botou o PCC na Prefeitura de São Paulo", afirmou Boulos, em referência a acusações envolvendo suposta atuação da facção no sistema de transporte público da capital paulista.

Em nota, a equipe de campanha do político disse que "é criminosa a atitude do governador Tarcísio de Freitas de criar uma grave fake news em pleno domingo de eleições". Para a campanha do PSOL, a declaração foi "um claro gesto de campanha" que usou "a máquina pública de maneira vergonhosa e irresponsável". Os coordenadores disseram que o governador "responderá na Justiça".

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Boulos informou ter ajuizado ação de investigação contra Tarcísio no TRE-SP, acusando o governador, Nunes e seu candidato a vice, Ricardo Mello de Araújo (PL), de “abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social”.

Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), que apoia Boulos, disse no X que "é um crime dos mais graves a divulgação, pelo governo de São Paulo, de bilhetes apócrifos, tentando associar a campanha de Boulos a uma facção criminosa".

"Deixou pra espalhar essa mentira só hoje pra tentar escapar da Justiça Eleitoral, armação rasteira e covarde", afirmou a política, que é deputada federal pelo Paraná.

Boulos disse que "a imprensa reproduzir tal absurdo como algo normal e não questionar o flagrante propósito eleitoreiro do governador" é "tão grave quanto" a declaração.

A declaração é uma escalada de última hora no conflito antes do fechamento das urnas. No sábado, a primeira-dama Janja da Silva coordenou uma campanha em vídeo com acusações de violência doméstica contra Nunes. "A Janja fez isso? Que baixaria", disse Nunes.

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Comunicados de setembro do PCC teriam pedido voto em Boulos, diz site

São cinco ou mais os comunicados do PCC relacionados às eleições interceptados pela Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo, segundo reportagem publicada no sábado (26) pelo site Metrópoles. Conforme o texto, um bilhete contra o voto em Rosana Valle, que a chamava de "inimiga número 1" do grupo criminoso, foi assinado pelos detentos Raimundo Nonato dos Santos e Dinho Morfeu, integrantes conhecidos do PCC.

Os outro quatro comunicados, segundo o Metrópoles, recomendavam voto em Guilherme Boulos e Marta Suplicy (PT, vice na chapa) para a prefeitura da capital. A apreensão foi feita em setembro, antes do primeiro turno das eleições municipais, nos presídios de Presidente Venceslau, Pinheiros IV e Riolândia.

Conforme a reportagem, um bilhete diz que é "para estarem votando no Boulos", pois "ele irá nos apoiar dentro de algumas causas nossas sendo dentro do sistema e rua para obtermos um êxito dentro da nossa luta". "Meus amados, esse foi o papo que chegou para nós, assim esperamos que a quadrilha possa ter total [ilegível]. Qualquer dúvida, estamos por aqui", diz outro comunicado do PCC citado pelo Metrópoles.