O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou preocupações com os recentes registros de violência política no Brasil com a aproximação das eleições, no domingo (2). O assunto foi comentado pela porta-voz Ravina Shamdasani nesta terça-feira (27), durante conferência de imprensa quinzenal organizada pelo Serviço de Informações das Nações Unidas, em Genebra.
Questionada sobre casos recentes de violência que teriam sido motivados por desavença política e o tensionamento do ambiente com a aproximação do primeiro turno das eleições, a representante afirmou que o Alto Comissariado está "ciente e fortemente preocupado com os contínuos relatos de violência política que envolvem partidos políticos, apoiadores e candidatos". Só neste fim de semana foram ao menos dois casos, um em Santa Catarina e outro no Ceará.
A porta-voz destacou que os Estados têm obrigação de garantir a implementação dos direitos políticos de seus cidadãos em toda a sua diversidade, o que, segundo ele, "inclui a criação de um ambiente em que possa haver uma livre troca de informações e ideias”. Ela também cobrou que, nestes dias que levam ao primeiro turno, "todos os líderes políticos e candidatos se abstenham de encorajar o uso da violência contra oponentes políticos".
Ainda sobre o cenário brasileiro pré-eleitoral, Ravina Shamdasani não citou quaisquer nomes, mas falou em "sério risco para o processo democrático" ao destacar "repetidas tentativas de descredibilizar o sistema eleitoral e ameaças de não reconhecer os resultados das eleições".
As declarações da porta-voz reforçam comunicado emitido pela ONU ao final da semana passada, quando o Alto Comissariado para os Direitos Humanos pediu que “autoridades, candidatos e partidos políticos no Brasil garantam que as próximas eleições gerais sejam pacíficas e que a violência relacionada às eleições seja evitada”, além de cobrar proteção e respeito ao trabalho das instituições eleitorais.