A campanha eleitoral para prefeitura de Porto Alegre se aproxima do fim com o candidato do MDB, Sebastião Melo, favorito nas pesquisas contra Manuela D’Ávila, do PCdoB. Pesquisa Ibope divulgada na última terça-feira (24) mostra o emedebista com 54% dos votos válidos, ante 46% da candidata comunista. No 1º turno, Melo surpreendeu ao obter 31% das preferências, contra 29% da adversária, que havia liderado toda a disputa pré-votação.
Nas últimas duas semanas, a campanha registrou uma polarização e um clima pesado. Muitos boatos circularam nas redes sociais e ambos os candidatos conseguiram vitórias na Justiça Eleitoral para a retirada de fake news do adversário. Faltando dez dias para o segundo turno, o racismo revirou o debate público, após o assassinato de um homem negro por seguranças de um supermercado.
No horário eleitoral, Manuela atacou o adversário por causa de um áudio vazado de Valter Nagelstein (PSD), que declarou apoio a Melo, em que ele menospreza jovens eleitos na Câmara Municipal como “cinco vereadores do Psol, negros, e com pouquíssima qualificação formal”. Ela ainda tentou colar a imagem do emedebista à de Jair Bolsonaro — o emedebista desmentiu, mas reconheceu que ele recebeu apoio de bolsonaristas.
Melo contra-atacou associando Manuela ao PT, ao mensalão e à Lava Jato, e usou fotos da adversária ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vestindo boné do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST).
Figurões da política nacional se envolvem na disputa de Porto Alegre
Figurões nacionais como Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Fernando Haddad (PT) e Roberto Requião (MDB) se envolveram na campanha gaúcha com declarações a favor de Manuela. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) chamou a candidata do PCdoB de “genocida” numa rede social, em resposta a um post dela que usava o mesmo palavreado contra o presidente Bolsonaro.
Manuela, que tem como vice Miguel Rossetto (PT), recebeu ainda apoio de outros candidatos à prefeitura: Fernanda Melchionna, do Psol; Juliana Brizola, do PDT; e Montserrat Martins, do PV. A Rede Sutentabilidade, que estava na coligação do PDT, também aderiu.
Melo ganhou endossou de Gustavo Paim, do PP; João Derly, do Republicanos; e Valter Nagelstein, do PSD. O ex-prefeito José Fortunati (PTB), que renunciou à candidatura na semana anterior ao 1º turno, também se juntou à campanha do emedebista. O prefeito Nelson Marchezan (PSDB), que tentava a reeleição, se manteve neutro no início, mas acabou embarcando na campanha de Melo.
Apesar do favoritismo, Melo viu sua vantagem se reduzir ao longo dos últimos dias. Levantamento do Paraná Pesquisas do dia 20 de novembro apontava que ele tinha quase 62% das preferências, contra 38% de Manuela. Hoje a diferença é de 8 pontos percentuais.
Metodologia das pesquisas citadas
- Sob encomenda da RBS, o Ibope ouviu 805 eleitores de Porto Alegre entre os dias 22 e 24 de novembro de 2020. O levantamento tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação RS-03118/2020.
- O Paraná Pesquisas ouviu 800 eleitores de Porto Alegre entre os dias 17 e 19 de novembro de 2020. O levantamento, contratado pelo próprio Instituto, tem nível de confiança de 95%, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a identificação RS-06700/2020.
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