Uma servidora da prefeitura de Florianópolis acusa o prefeito, Gean Loureiro (DEM), candidato à reeleição, de estupro e violência sexual em três ocasiões, entre 2017 e 2019. A mulher (a identidade será preservada), 46, fez boletim de ocorrência à Polícia Civil no último dia 9 de outubro. Ela é candidata a vereadora pelo DEM, mesmo partido do prefeito. Loureiro nega as acusações e diz que o sexo foi consensual.
O último ato sexual, que remonta ao dia 10 de outubro do ano passado, foi filmado pela mulher, que apresentou as imagens à polícia. Procurado pela reportagem, o Ministério Público de Santa Catarina não se pronunciou justificando que as denúncias de crime sexual correm em sigilo. A Polícia Civil também não se manifestou.
De acordo com o boletim de ocorrência, a primeira investida do prefeito teria ocorrido em 2017, enquanto a mulher, que trabalhava na Secretaria Municipal de Turismo, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, arrumava a sala de reuniões. O prefeito “segurou firme com uma das mãos um dos braços da comunicante e com a outra tentou tocar as partes íntimas por baixo da roupa da comunicante, a qual imediatamente o empurrou e saiu da sala”, diz o relato. A vítima afirmou aos investigadores que ficou “envergonhada com a situação e não contou para ninguém”.
O segundo ataque teria ocorrido entre final de 2017 e início de 2018. Loureiro “trancou a porta do gabinete”, “passou a abraçá-la e baixou a calça e calcinha” da vítima, que “em choque não conseguiu reagir”. “Na sequência, Gean empurrou a comunicante contra uma mesa e passou a praticar conjunção carnal, que durou poucos minutos”, diz o relato. Em seguida, o prefeito teria se vestido e deixado a sala.
A mulher conta que a partir daquele momento começou a ter crises de ansiedade e procurou atendimento psiquiátrico e psicológico. Aos policiais, ela disse que não denunciou a agressão “pois tinha medo do poder do prefeito e vergonha da situação”.
Em outubro de 2019, a servidora, temendo sofrer uma nova violência, colocou o celular para filmar no gabinete do superintendente de Turismo. Após trancar a porta, Gean começou a se despir, baixou a calça da mulher, “a empurrou em cima de um sofá e passou a praticar conjunção carnal, que durou poucos minutos”. “Na sequência, ele se vestiu, sem falar nada e saiu da sala”, segundo o boletim de ocorrência.
A mulher contou à polícia que relatou os fatos ao marido e que “em hipótese alguma consentiu a prática de tais atos”, mas que não denunciou antes por medo do poder do prefeito, “pois o autor é muito poderoso na cidade”, diz o boletim.
A defesa do prefeito
Em vídeo divulgado nesta madrugada nas redes sociais, o prefeito desabafou. "Hoje, eu e minha família fomos surpreendidos de forma rasteira e violenta, por uma avalanche de mentiras. Fui acusado de algo que abomino com todas as minhas forças. Nunca, em toda a minha vida, eu cometi um ato de violência contra quem quer que seja", afirmou Loureiro.
Ele admitiu que no passado teve um relacionamento extraconjugal, mas que "é algo que não me orgulho e que assumo todas as consequências. É um assunto doloroso que eu e minha esposa já havíamos tratado dentro das quatro paredes da nossa casa, lugar de onde esse assunto jamais deveria ter saído. Pedi perdão para minha família pela dor que causei. Sei o que fiz e me arrependo, mas também sei o que não fiz", disse o político.
Segundo Loureiro, a acusação é uma tentativa desesperada de armação eleitoral. "Agora, a poucos dias da eleição, estão tentando transformar em crime um ato consensual entre dois adultos que aconteceu lá em 2019. Isso mostra que não há limites para a baixeza e do jogo sujo da política. Fui alvo de uma armação covarde, com uso de uma câmera escondida de propósito, expondo imagens da minha intimidade de forma desumana nas redes sociais”.
Por fim, ele pediu perdão à sua família e aos amigos pelo sofrimento causado. “Cabe à Justiça apurar com rigor máximo para que a verdade prevaleça”, finalizou o prefeito. A reportagem tentou contato com Loureiro e com a servidora, mas não obteve resposta até a publicação.
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