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Agricultura e eletricidade

Alimento ou energia? Na dúvida, os dois: projeto testa produção simultânea no campo

Modelo "agrivoltaico" propõe unir produção agrícola e geração de energia no mesmo espaço. (Foto: Mariana Vilela Penaforte de Assis/Divulgação Epamig)

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A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) está desenvolvendo um sistema que une agricultura com energia solar, permitindo a produção simultânea de alimentos e eletricidade na mesma área, sem que uma atividade inviabilize a outra.

No novo modelo, os painéis fotovoltaicos são instalados a uma altura maior, permitindo o cultivo de lavouras abaixo deles. No sistema convencional, os painéis ficam bem próximos do solo e impedem que o terreno onde estão seja ocupado pela plantação.

O projeto está em fase de pesquisa. O objetivo é descobrir a melhor forma de instalar os equipamentos, para conciliar a produtividade da lavoura com a maior geração possível de energia. Os índices de produção vegetal e animal dos sistemas "agrivoltaicos" serão comparados com os de cultivos tradicionais, sem as placas fotovoltaicas.

A previsão é começar as instalações em maio. Durante 30 meses serão acompanhados os cultivos de melão, morango, feijão e alface sob estes painéis em dois campos experimentais: o Mocambinho, no município de Jaíba, e o Santa Rita, em Prudente de Morais. Os alimentos foram escolhidos pela viabilidade e adaptabilidade ao projeto.

“Escolhemos essas culturas por terem ciclos de produção mais rápidos, que se encaixam ao nosso cronograma, e também por serem representativas das regiões onde os experimentos serão conduzidos”, explica a pesquisadora da Epamig e coordenadora do projeto, Polyanna Mara de Oliveira.

O trabalho é realizado em parceria com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), de Campinas (SP).

Serão quatro módulos de áreas produtivas de aproximadamente 300 a 400m² cada para cada produto, nos quais serão testadas placas fotovoltaicas monocristalinas e bifaciais, que captam energia de ambos os lados. E isso em dois sistemas diferentes: fixo e “tracker”, no qual as placas são móveis e acompanham a trajetória do sol.

A primeira fase prevê avaliações agronômicas sobre produtividade, duração do ciclo de cada cultura, presença de pragas e doenças, eficiência do uso da água e qualidade final dos alimentos produzidos, dentre outros aspectos.

“É um projeto com grande impacto ambiental e social, pois ele vai criar protocolos para que o produtor não precise trocar a atividade agrícola pela produção de energia fotovoltaica, podendo conciliar ambas”, diz a coordenadora.

O projeto também prevê análises energéticas, para que a equipe compreenda como o potencial de produção de energia é afetado pelo microclima gerado pela evapotranspiração das culturas. Além disso, serão feitos estudos sobre a viabilidade econômica da instalação de sistemas agrivoltaicos em propriedades rurais.

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